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Apple vira alvo de críticas ao alegar desconhecer lucros da App Store

A Apple está no centro de um novo escândalo após a mais recente decisão judicial no caso movido pela Epic Games. Durante o processo, a gigante de Cupertino afirmou que não sabia ao certo quanto lucro sua App Store gera — uma justificativa que foi recebida com descrença por especialistas, jornalistas e usuários do ecossistema Apple.

Apple sob fogo por suposta ignorância financeira da App Store

Imagem da logomarca da App Store com fundo branco

O comentário surgiu em um contexto já conturbado: o juiz responsável entendeu que a Apple desrespeitou intencionalmente uma liminar anterior, o que não apenas prejudicou sua imagem como abriu caminho para possíveis sanções mais severas, incluindo investigações sobre desacato criminal.

Um sistema fechado sob escrutínio

A App Store é uma das principais fontes de receita da Apple, gerando bilhões de dólares por ano. O controle exercido pela empresa sobre esse ecossistema é rigoroso: desenvolvedores são obrigados a pagar comissões de até 30% sobre transações realizadas dentro e fora da loja. Essa prática foi o estopim do processo movido pela Epic, criadora do popular jogo Fortnite, que foi removido da App Store em 2020 após tentar contornar as taxas da Apple com um sistema de pagamento próprio.

Embora outras lojas digitais, como a Google Play Store e a Samsung Galaxy Store, também imponham taxas semelhantes, o caso da Apple chamou mais atenção porque os usuários de iPhone e iPad não tinham alternativas para instalar aplicativos fora da App Store — uma restrição que só começou a mudar recentemente na União Europeia, graças à imposição do Digital Markets Act (DMA).

Com o novo regulamento europeu, a Apple foi obrigada a permitir o sideloading de apps, ou seja, a instalação de softwares a partir de fontes externas. Essa abertura, por enquanto limitada à UE, levanta questionamentos sobre por que a empresa mantém um sistema tão fechado em outras partes do mundo, especialmente nos Estados Unidos.

Mark Gurman critica, e redes sociais reagem

A alegação da Apple de que desconhece suas margens de lucro foi classificada como “absurda” por Mark Gurman, jornalista da Bloomberg e um dos principais insiders sobre a empresa. Gurman ressaltou que seria extremamente improvável que uma companhia global, com recursos financeiros tão avançados, não monitorasse de forma minuciosa os lucros de uma de suas plataformas mais lucrativas.

As redes sociais reagiram com sarcasmo e ceticismo. Muitos usuários lembraram que a Apple costumava ser vista como símbolo de inovação e transparência, mas que hoje parece priorizar lucros em detrimento da confiança do consumidor. Outros sugeriram que a empresa pode, de fato, enfrentar dificuldades técnicas para calcular com precisão as margens de lucro, devido à complexidade de seu modelo de negócios — mas a maioria não se convenceu.

Com a derrota judicial, a Apple não apenas sai abalada em sua reputação, mas também deve sofrer impactos financeiros e regulatórios. A empresa já informou que irá recorrer da decisão, alegando discordância profunda com a interpretação adotada pelo tribunal. Ainda assim, especialistas apontam que o episódio pode abrir precedentes para outras ações judiciais em diversas jurisdições.

O debate em torno do poder das big techs sobre suas plataformas e a falta de alternativas para consumidores está se intensificando. Grupos de defesa do consumidor, reguladores e desenvolvedores independentes veem nesse processo uma oportunidade de exigir mais abertura, concorrência e equidade no ecossistema digital.

Transparência e pressão global

A postura da Apple nesse caso será acompanhada de perto não apenas por seus investidores, mas também por governos e entidades de regulação de tecnologia ao redor do mundo. Em países como Japão, Austrália e até no Brasil, cresce a pressão por legislações similares ao DMA europeu.

Se a Apple quiser preservar sua posição de liderança no setor e manter a confiança de seus usuários, precisará adotar uma postura mais transparente e cooperativa, principalmente em relação à forma como gerencia sua loja de aplicativos. Negar o conhecimento de seus próprios lucros pode ter sido, no mínimo, uma estratégia mal calculada.

Por Jardeson Márcio

Jardeson é Mestre em Tecnologia Agroalimentar e Licenciado em Ciências Agrária pela Universidade Federal da Paraíba. Entusiasta no mundo tecnológico, gosta de arquitetura e design gráfico. Economia, tecnologia e atualidade são focos de suas leituras diárias.
Acredita que seu dia pode ser salvo por um vídeo engraçado.

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