Denúncias internacionais

Apple enfrenta denúncias criminais por uso de minerais de conflito no Congo

A Apple é acusada de usar minerais de conflito extraídos ilegalmente na República Democrática do Congo, levando a processos criminais na França e Bélgica. A empresa pode enfrentar acusações de crimes econômicos e fraude contra consumidores.

Imagem de logomarca da Apple

A Apple está sendo acusada de envolvimento no uso de minerais de conflito, também conhecidos como “minerais de sangue”, oriundos da República Democrática do Congo (RDC). As denúncias indicam que a empresa estaria se beneficiando de recursos extraídos de maneira ilegal, envolvendo trabalho infantil e financiamento de conflitos armados na região.

A polêmica dos minerais 3TG

Pepita de ouro
Imagem: Minera Brasil

Os principais minerais envolvidos são estanho, tântalo, tungstênio (conhecidos como os 3T) e ouro, coletivamente chamados de 3TG. Embora a Apple não compre esses minerais diretamente, eles são adquiridos por fornecedores na cadeia de produção de componentes utilizados em seus dispositivos, como o iPhone.

Para evitar o uso desses recursos, a Apple implementa auditorias em sua cadeia de suprimentos. Em 2019, a empresa instruiu seus fornecedores a eliminar cinco refinarias que falharam nos critérios de conformidade. Apesar disso, o governo congolês contesta a eficácia desse processo.

Denúncias enviadas a Tim Cook

Advogados que representam a RDC afirmam ter enviado evidências em abril de 2024 diretamente ao CEO da Apple, Tim Cook. O documento destacava falhas na cadeia de fornecimento, sugerindo que minerais saqueados do Congo estavam sendo exportados ilegalmente via Ruanda, Uganda e Burundi.

A notificação solicitava esclarecimentos em três semanas às filiais da Apple na França. Contudo, a empresa não fez comentários públicos sobre o caso. Em um relatório anterior à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, a Apple garantiu que nenhuma refinaria ou fundição envolvida com 3TG em sua cadeia utilizava minerais de conflito.

Queixas criminais na Europa

Segundo a Reuters, as queixas criminais foram formalmente apresentadas na Bélgica e na França. O Congo acusa a Apple e suas subsidiárias locais — Apple France, Apple Retail France e Apple Retail Belgium — de cumplicidade em crimes econômicos, como:

  • Encobrimento de crimes de guerra
  • Lavagem de minerais extraídos ilegalmente
  • Manipulação de bens roubados
  • Práticas comerciais enganosas que iludem consumidores

Os processos alegam que a Apple lucra com minerais ilegais que passam despercebidos ao longo da cadeia de suprimentos global. Agora, caberá aos tribunais franceses e belgas avaliar as provas e decidir se as acusações têm fundamento jurídico para avançar.

Implicações para a Apple

Se as acusações forem comprovadas, a Apple poderá enfrentar não apenas penalidades legais, mas danos à sua reputação, especialmente devido à crescente demanda por práticas corporativas sustentáveis e responsáveis. O caso destaca a complexidade das cadeias de fornecimento globais e a dificuldade em garantir transparência total sobre a origem dos recursos.