Resposta Russa

Ministério russo responde à exclusão de russos do Linux Kernel

Reunião de cúpula do BRICS em 2024, realizada na Rússia, com líderes e delegados sentados ao redor de uma mesa circular. Ao fundo, bandeiras de diversos países participantes estão dispostas em sequência. A sala está bem iluminada, com uma estrutura moderna e decorada com elementos geométricos nas paredes.

Após a recente exclusão de desenvolvedores russos do núcleo de mantenedores do kernel Linux, o Ministério do Desenvolvimento Digital da Rússia apresentou uma proposta para a criação de uma comunidade Linux separada. Esse esforço é uma resposta direta às sanções impostas pelo ocidente, que resultaram na remoção de 11 especialistas russos da participação no projeto Linux. Essa proposta busca unir programadores e desenvolvedores de países dispostos a colaborar com a Rússia em projetos de software livre, garantindo a continuidade e a independência tecnológica da Rússia nesse setor.

Contexto da exclusão dos desenvolvedores russos

No dia 23 de outubro de 2024, 11 especialistas russos, incluindo representantes de instituições renomadas como a Universidade Estatal de Moscou e a SberDevices, foram suspensos do projeto de desenvolvimento do kernel Linux. Greg Kroah-Hartman, figura-chave no desenvolvimento do kernel, justificou a decisão com base nas recomendações legais em resposta às sanções ocidentais. Segundo Linus Torvalds, criador do Linux, essa medida é temporária, mas necessária para seguir as regulamentações legais internacionais.

Essa decisão gerou uma reação imediata no setor de TI russo. Ivan Panchenko, cofundador da Postgres Professional, observou que, embora as contribuições russas não fossem cruciais para o funcionamento geral do Linux, a exclusão dificulta a colaboração russa no projeto global e abre caminho para a criação de “forks” autônomos.

Impacto para Empresas e Desenvolvedores Russos

Empresas russas que utilizam e contribuem com o Linux poderão enfrentar obstáculos na integração de suas inovações e correções ao kernel oficial. Vladimir Slinko, consultor sênior da KasperskyOS, destacou que essa suspensão gera incertezas e aumenta a desconfiança em relação às atualizações russas no Linux, criando desafios para a integração de código.

Proposta de criação de uma comunidade Linux independente

Reunião de cúpula do BRICS em 2024, realizada na Rússia, com líderes e delegados sentados ao redor de uma mesa circular. Ao fundo, bandeiras de diversos países participantes estão dispostas em sequência. A sala está bem iluminada, com uma estrutura moderna e decorada com elementos geométricos nas paredes.

O Ministério do Desenvolvimento Digital propõe a criação de um “fork” do kernel Linux exclusivo para desenvolvedores russos, com o objetivo de alcançar soberania tecnológica e reduzir a dependência de outros países. Panchenko sugere que, para garantir o sucesso, essa nova comunidade deveria incluir uma aliança de desenvolvedores de outros países, criando um ecossistema colaborativo independente da comunidade internacional.

Apesar das ambições, Sergei Kravtsov, do conselho do desenvolvedor STC IT ROSA, alertou que será difícil para a nova comunidade influenciar o desenvolvimento do kernel oficial do Linux. Ele acredita que as decisões fundamentais continuarão a ser tomadas pela comunidade global de desenvolvedores, que possui uma ampla rede e uma massa crítica de contribuintes.

A comunidade Linux e o movimento do Software Livre

Linux faz parte do movimento de software livre, onde o código-fonte está disponível para qualquer um estudar, modificar e redistribuir. Essa transparência permitiu que o Linux se destacasse globalmente, com desenvolvedores de várias regiões, incluindo Estados Unidos, Alemanha, Índia, Brasil e China, contribuindo para o crescimento do sistema GNU/Linux. Esse movimento foi fundamental para estabelecer o Linux como uma alternativa viável aos sistemas proprietários como Windows e macOS.

Com a criação de uma comunidade russa independente, as características abertas do Linux seriam mantidas, mas direcionadas para atender às demandas específicas da Rússia e de países alinhados. Isso poderia levar a uma diversificação de versões de Linux, com diferentes focos e especializações, atendendo a necessidades locais.

Considerações sobre alternativas futuras

Um dos principais desafios da proposta é garantir a continuidade da qualidade e inovação, dada a limitação de desenvolvedores experientes na Rússia. Diante disso, alguns especialistas apontam para alternativas como o Redox OS, um sistema operacional emergente que utiliza o Rust, linguagem de programação com fortes garantias de segurança. Com um microkernel, o Redox OS separa as funções essenciais do sistema das demais operações, oferecendo maior estabilidade e segurança.

Apesar de ainda estar em desenvolvimento, o Redox OS já apresenta avanços significativos na compatibilidade de hardware e no suporte básico a aplicativos, e vem se posicionando como uma opção para sistemas onde segurança é fundamental. No entanto, a ausência de suporte equivalente ao Linux para drivers e software limita o uso imediato do Redox OS em larga escala.

Perspectivas e desafios da iniciativa russa

A criação de uma comunidade Linux russa poderá enfrentar desafios, especialmente se a Rússia não conseguir atrair desenvolvedores especializados e se estabelecer como uma alternativa real à comunidade global do Linux. Embora a proposta vise assegurar a independência tecnológica, sua eficácia dependerá da colaboração com outras nações e da capacidade de avançar em uma direção que beneficie o movimento de software livre de forma sustentável.

Conclusão

A iniciativa russa é uma resposta estratégica às sanções tecnológicas, mas seu sucesso ainda é incerto. Desenvolver um fork eficiente e criar um ecossistema robusto exigirá mais que investimentos: será essencial atrair talentos e garantir parcerias com outros países. Em meio a essa transição, a atenção do setor de TI também se volta para sistemas emergentes, como o Redox OS, que trazem novas possibilidades para o futuro da tecnologia.

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