Pesquisadores de segurança cibernética revelaram uma nova ameaça significativa no campo da proteção de sistemas Linux: o Bootkitty, um bootkit UEFI desenvolvido para atacar o kernel Linux. Criado pelo grupo BlackCat, o Bootkitty é descrito como um protótipo (proof-of-concept) e ainda não foi registrado em ataques reais. O arquivo foi inicialmente carregado na plataforma VirusTotal em 5 de novembro de 2024, sendo também rastreado sob o nome IranuKit.
Descoberta de Bootkit UEFI para Linux alerta sobre novas ameaças de segurança no cenário cibernético
A principal função do Bootkitty é desabilitar a verificação de assinatura do kernel e carregar dois binários ELF ainda desconhecidos através do processo de inicialização do Linux, também conhecido como init. Este processo é o primeiro a ser executado pelo kernel quando o sistema é iniciado. De acordo com os pesquisadores da ESET, Martin Smolár e Peter Strý?ek, o Bootkitty utiliza técnicas de hook em duas funções dos protocolos de autenticação UEFI, permitindo que a integridade do sistema seja contornada, mesmo que o UEFI Secure Boot esteja habilitado.
Uma característica importante do Bootkitty é que ele é assinado com um certificado autoassinado, o que impede sua execução em sistemas com o Secure Boot ativo, a menos que um certificado controlado por um atacante já tenha sido instalado. No entanto, mesmo com o Secure Boot ativo, o bootkit consegue modificar a memória para alterar as respostas de verificação de integridade do sistema antes da execução do GRUB (o carregador de inicialização utilizado no Linux).
Além disso, a investigação revelou um módulo de kernel não assinado que pode instalar um binário ELF denominado BCDropper, que carrega outro módulo de kernel desconhecido após a inicialização do sistema. Esse módulo é projetado para esconder arquivos e processos, além de abrir portas no sistema, características típicas de um rootkit.
Embora o Bootkitty ainda seja considerado uma prova de conceito, a pesquisa aponta uma mudança importante no cenário de ameaças cibernéticas, quebrando a ideia de que os bootkits UEFI seriam exclusividade de sistemas Windows. A descoberta enfatiza a necessidade de estar preparado para futuras ameaças que podem afetar tanto sistemas Windows quanto Linux.