Ex-executivo do Facebook diz que redes sociais nos deixam doentes

O número de ex-funcionários do Facebook que criticaram ou acusaram a empresa por suas diretrizes ou ações não para de crescer. O mais novo a tecer críticas é o ex-gerente de monetização da empresa, Tim Kendall. Durante uma audiência no Congresso dos EUA, ele acusou a plataforma de lucrar com a divisão e desinformação. Como se não bastasse, ele comparou o comportamento do Facebook ao da indústria do tabaco. “Estamos seguindo o manual do Big Tobacco, trabalhando para tornar nossa oferta viciante desde o início”, afirma Tim.

Kendall esteve no Facebook entre 2006 e 2010. Isso significa que ele deixou a empresa muito antes de ela se envolver em alguns de seus maiores escândalos de privacidade e desinformação (o caso Cambridge Analytica apareceu no início de 2018).

Ex-executivo do Facebook diz que redes sociais nos deixam doentes. Segundo ele, ordem é ter o máximo de atenção possível

Nessa audiência (que podemos ver na íntegra no vídeo abaixo), eles procuraram verificar se as redes sociais estão radicalizando os americanos e levando à violência na vida real.

A mídia social e sua capacidade de “separar as pessoas com velocidade e intensidade alarmantes”

O ex-chefe de monetização do Facebook afirmou que sua intenção era “melhorar o mundo em que todos vivemos.” Em vez disso, ele afirmou que “as redes sociais que eu e outros construímos nos últimos 15 anos serviram para separar as pessoas com velocidade e intensidade alarmantes”.

Para piorar as coisas, Kendall advertiu que teme que a sociedade americana “esteja à beira de uma guerra civil”. Ele justifica alegando que “eles corroeram seu entendimento coletivo”.

“Esses serviços estão nos deixando doentes. Esses serviços nos dividem. É hora de considerarmos os danos e é hora de colocarmos em prática as medidas necessárias para proteger a nós mesmos e ao nosso país.”

Lembramos que Kendall saiu da empresa em 2010, e isso nos faz pensar como teria sido seu discurso se ele tivesse estado em todos esses anos polêmicos pelo Facebook e em que ocorreram mudanças tão importantes (a compra do Instagram foi em 2012 e a de WhatsApp em 2014).

“Esses algoritmos trouxeram o que há de pior em nós”

Independentemente disso, Kendall lamenta ajudar a empresa a desenvolver um modelo de negócios que visa “obter o máximo de atenção humanamente possível”.

Ele afirmou que “esses algoritmos trouxeram à tona o que há de pior em nós” e plataformas como o Facebook nos mantêm presos por meio de “conteúdo extremo e incendiário”. Deixe claro que esta aposta “não é por acaso”:

“É um manual otimizado por algoritmos para maximizar a atenção do usuário e os lucros.”

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Jornalista com pós graduações em Economia, Jornalismo Digital e Radiodifusão. Nas horas não muito vagas, professor, fotógrafo, apaixonado por rádio e natureza.
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