As ações de empresas de tecnologia registraram uma queda expressiva na quarta-feira, impulsionadas por alertas financeiros das gigantes do setor de semicondutores. Nvidia e AMD informaram perdas significativas relacionadas às recentes mudanças nas regras de exportação dos Estados Unidos, voltadas principalmente ao comércio com a China. Esse cenário adiciona um novo capítulo às já delicadas relações comerciais entre os dois países e acende um sinal de alerta entre investidores do setor.
Setor de chips entra em queda com novas barreiras à exportação para a China
Nvidia projeta perda bilionária com chips H20
Um relatório enviado por Nvidia às autoridades reguladoras revelou que a companhia prevê uma perda de US$ 5,5 bilhões (aproximadamente R$ 31,96 bilhões) devido a novas restrições aplicadas às suas GPUs H20, desenvolvidas com foco no mercado chinês. As ações da empresa recuaram mais de 6% logo após o anúncio. Esses chips foram projetados conforme as normas anteriores do governo Biden, que já limitavam a exportação de tecnologias de inteligência artificial avançadas.
No entanto, com a retomada da presidência por Donald Trump, novas exigências entraram em vigor, exigindo licenças adicionais para exportação desses componentes para a China e outros mercados estratégicos. Analistas esperavam que os H20 gerassem até US$ 15 bilhões (cerca de R$ 87,15 bilhões) em receita ainda em 2024. Agora, a necessidade de aprovação governamental e a incerteza quanto ao futuro das exportações alteraram drasticamente o cenário da empresa.
AMD também antecipa impacto negativo
A AMD, concorrente direta da Nvidia, também alertou para os efeitos das novas regras. Em documento oficial, a companhia estimou que pode enfrentar um prejuízo de até US$ 800 milhões (aproximadamente R$ 4,65 bilhões) com os chips MI308, afetados pelas mesmas exigências. Assim como a Nvidia, as ações da AMD recuaram cerca de 6% no mesmo dia. A declaração foi interpretada como um dos primeiros sinais práticos de que a política econômica de Trump poderá frear diretamente o desempenho financeiro das empresas de chips norte-americanas.
Setor sofre efeito cascata
Além das perdas das duas principais fabricantes, o impacto foi sentido por outras empresas do setor. A holandesa ASML, que fornece equipamentos essenciais para a produção de semicondutores, anunciou que não atingiu suas metas de pedidos, atribuindo parte da queda à instabilidade provocada pelas novas diretrizes de exportação. Suas ações caíram cerca de 5%.
O ETF VanEck Semiconductor, que reúne diversas empresas do setor, registrou retração superior a 4%. Outros nomes importantes como Micron, Marvell e Broadcom tiveram perdas em torno de 2%, enquanto companhias de equipamentos como Applied Materials e Lam Research recuaram cerca de 3%.
Queda generalizada no mercado de tecnologia
A tensão não se restringiu aos fabricantes de chips. O índice Nasdaq Composite, altamente influenciado por empresas de tecnologia, caiu quase 2%. Gigantes como Meta, Alphabet e Tesla acompanharam o movimento, também registrando perdas ao redor de 2%. Apple, Amazon e Microsoft apresentaram quedas mais modestas, por volta de 1%, mas o cenário indica uma preocupação generalizada dos investidores com o rumo das políticas comerciais dos EUA.