A desinformação alimentada por inteligência artificial (IA) tem sido uma ferramenta cada vez mais usada em campanhas secretas com o objetivo de moldar opiniões e enfraquecer a confiança pública em temas-chave, como apoio ocidental às eleições na Ucrânia e nos Estados Unidos. A mais recente operação, conhecida como Operação Undercut, foi associada à Social Design Agency (SDA), uma empresa russa sancionada pelos EUA em 2024, que já esteve envolvida em outras campanhas de manipulação de informações, como a Doppelganger. A campanha usa tecnologias avançadas, como vídeos gerados por IA, e sites falsificados que imitam fontes de notícias confiáveis para espalhar narrativas anti-Ucrânia, enfraquecendo o suporte ocidental à nação em guerra.
Como a Inteligência Artificial amplifica campanhas de desinformação
Desde dezembro de 2023, a SDA tem atuado para desestabilizar alianças ocidentais, questionando a eficácia da ajuda internacional à Ucrânia e propagando divisões internas em países como EUA, Ucrânia e na Europa. O principal alvo da operação é influenciar as eleições presidenciais de 2024 nos Estados Unidos, além de incitar tensões geopolíticas em locais como Israel e Gaza. A abordagem inclui o uso de redes sociais, como 9gag e America’s Best Pics and Videos, para ampliar o alcance de vídeos e imagens manipuladas com tecnologia de IA. Além disso, a campanha utiliza hashtags populares adaptadas a idiomas específicos para aumentar a visibilidade do conteúdo em diferentes regiões, com o intuito de angariar mais seguidores e gerar impacto no debate público.
Essa estratégia de desinformação não é inédita, pois a SDA compartilha infraestrutura com outras campanhas de influência russa, como a Operação Overload, que também utilizou notícias falsas, áudio gerado por IA, e outros recursos digitais para interferir em eventos internacionais, incluindo as eleições francesas de 2024. O objetivo da operação é gerar um sentimento negativo em relação à liderança ucraniana, retratando-a como ineficaz e corrupta, ao mesmo tempo em que enfraquece o apoio à Ucrânia nos círculos políticos ocidentais.
Além de afetar as eleições, a operação busca gerar uma relação de desconfiança com a mídia e as plataformas de notícias tradicionais, manipulando a percepção pública sobre os conflitos internacionais e o papel das potências ocidentais. Dessa maneira, a Social Design Agency e suas campanhas de desinformação alimentadas por IA visam amplificar divisões sociais, políticas e ideológicas para enfraquecer as respostas dos governos às crises globais.
Esse tipo de interferência digital, embora disfarçada de fontes legítimas, representa uma ameaça crescente à segurança cibernética, ao utilizar técnicas sofisticadas de engano e manipulação da opinião pública, especialmente nas redes sociais. O objetivo final da campanha, como afirmado pela empresa de cibersegurança Recorded Future, é diminuir o fluxo de ajuda militar e humanitária para a Ucrânia, uma estratégia alinhada com as metas geopolíticas da Rússia no cenário atual.