O recém-reeleito líder do Projeto Debian, Andreas Tille, iniciou seu segundo mandato destacando um desafio crescente enfrentado pela distribuição: a existência de pacotes abandonados ou pouco mantidos dentro do vasto repositório Debian. Em uma extensa atualização publicada na lista de discussão debian-devel, ele explicou os planos e propostas em andamento para lidar com esse problema estrutural.
À medida que o número de pacotes cresce, o modelo tradicional de manutenção — onde um único responsável cuida de um pacote — vem se mostrando limitado. A proposta agora é tornar o processo mais escalável e transparente, utilizando abordagens como manutenção em equipe, adoção por grupos temáticos (como Debian Perl, Debian Python, Debian Games) e intervenções coordenadas, como a remoção de pacotes claramente inativos. Para Andreas, a chave é não comprometer a autonomia dos mantenedores ativos, mas ao mesmo tempo agir com agilidade diante do abandono silencioso de pacotes que podem comprometer a qualidade geral da distribuição.
Uma das novidades é o experimento chamado “Intend to NMU” (ITN), que visa notificar a comunidade sobre pacotes negligenciados com antecedência de 21 dias antes de permitir envios por mantenedores não oficiais. A proposta, ainda em debate, é similar ao modelo “Intent to Orphan” e pode representar um avanço para tratar de casos em que os pacotes não foram formalmente abandonados, mas estão sem atualizações, com bugs críticos não resolvidos e testes falhando há anos.
Além do ITN, Andreas também destaca a importância do uso de ferramentas já existentes como:
- MIA (Maintainer Inactive or Absent), para identificar desenvolvedores inativos;
- Package Salvaging, que permite a adoção formal de pacotes abandonados;
- NMUs (Non-Maintainer Uploads), usados para correções pontuais e urgentes.
A discussão continuará na DebConf25, que será realizada em julho, na França, onde haverá uma sessão especial (BoF) dedicada exclusivamente à melhoria das políticas de pacotes dormentes. Durante o sprint pré-evento (DebCamp), serão desenvolvidas propostas mais formais para garantir a sustentabilidade do ecossistema Debian e fomentar a colaboração entre desenvolvedores antigos e novos.