Conhecido pelas suas inovações, o Fedora chega a versão 24 com o Flatpak que pode torná-la um marco em distribuições GNU/Linux para desktops.
No dia 21/6 houve, finalmente, o lançamento do Fedora 24. Logo de cara àqueles que gostariam de baixá-lo com Spins como KDE e XFCE tiveram que esperar mais de 24 horas já que houve problemas com o sync dos mirrors, onde muitos mirrors ainda não tinham os novos ISOs.
Tirando o problema com os mirros, o Fedora 24 (Workstation) não decepciona. A seguir, 10 primeiras impressões.
1 – Instalação:
Não há mudanças significativas no instalador do Fedora. Quem já o utilizou não encontrará dificuldades. EXT4 ainda é o filesystem default.
O Liveusb-creator, wizard que pode ser encontrado em outras versões do Fedora e do Centos, ainda é um grande aliado para gravar um ISO em um pendrive. A instalação via USB não leva mais do que 15 minutos em um HD normal.
2 – Pós-instalação:
Terminada a instalação, hora de rodar um “dnf upgrade” para pegar o que há de novo nos repos. Para mim houve 344MB de pacotes para baixar via DNF. A cada dia que passa, essa quantidade de download tende a aumentar.
3 – O Kernel:
A versão default do Kernel é a 4.5.5-300. Com o upgrade, subimos um release para 4.5.7-300.
4 – O Gnome:
O Gnome versão 3.20.2 não nos traz grandes mudanças em sua usabilidade. A disposição de ícones segue a mesma de versões anteriores. A bandeja do Systray fica recolhida à esquerda, muito simpática, mas pouco usual. O método de notificação de softwares como Skype e Pidgin é sonoro e com banner no topo da tela. Não sei se estou ficando velho, mas ainda preferiria ver o ícone piscando perto do relógio do sistema. O “Hide all normal window” ficou sem shortcut assinalado, o que até então era acionado com WinKey+D. Configuração de impressoras precisa ser feito via CUPs, principalmente se você utiliza uma impressora via SMB. Como disse, não houve grandes mudanças. Inclusive, ainda utilizo extensions para melhorar minha experiência com o Gnome.
5 – DNF:
O gerenciador de pacotes do Fedora 24 segue sendo muito rápido e prático. Utiliza pouco recurso da máquina para resolver dependências de pacotes e o faz de forma satisfatória. Aquele “redirect” para quem digita algo com “yum” ao invés do “dnf” ainda existe.
6 – Repositórios de softwares:
Alguns repositórios de software da comunidade, como o RPMFusion, ainda não possuem todos pacotes para Fedora 24. Um exemplo disso é o Steam e o Spotify-client. Embora haja repos na Web que os ofereça, seria ótimo poder contar com uma fonte já conhecida e confiável como o RPMFusion.
7 – Android:
O suporte ao protocolo MTP utilizado pelo Android é default no Nautilus. Conectou o celular no USB e acionou “Transfeir arquivos (MTP)” no Android, já ocorre auto-mount do celular no gerenciador de arquivos do Gnome.
8 – Gnome-Tweak-Tool:
Sei que não se trata de um recurso do Gnome e sim um recurso para o Gnome, mas aí está uma implementação que valeria a pena se incorporada por default. O Gnome-Teak-Tool ainda é muito útil. Caso o amigo não o conheça, fica a dica.
9 – Direção do scroll des touchpads:
Nesta versão do Gnome, ao utilizar o scroll do touchpad em notebooks, nota-se que a direção segue o mesmo estilo dos tablets e smartphones. Ou seja, para visualizar algo mais abaixo em sua tela, é preciso arrasta o scroll do touchpad para cima, como se estivesse fazendo isso fisicamente. Já o processo com o scroll do mouse não mudou.
10 – Flatpak:
O Flatpak é sem dúvidas a maior novidade desta versão. Trata-se de um novo sistema e um novo conceito de pacotes para desktops GNU/Linux. Sua finalidade é compatibilizar pacotes entre distribuições.
Para entender seu conceito, precisamos entender o cenário atual: Resumidamente falando, hoje as várias distribuições GNU/Linux possuem vários tipos de gerenciadores de pacotes (apt, aptitude, yum, dnf, zipper, etc) para os vários tipos de pacotes existentes (.deb, .rpm, etc). Cada pacote é compatível com o seu gerenciador de pacotes em específico. Ou seja, quem desenvolve e mantém um software precisa empacotá-lo várias vezes para os vários formatos de pacotes e de gerenciadores de pacotes. Muitas vezes, devido a todo esse trabalho, desenvolvedores de software simplesmente não mantém pacotes, deixando esse trabalho para as comunidades das distribuições GNU/Linux. E em função disso, muitos softwares acabam ficando com versões diferentes em cada distribuição.
O Flatpak pretende acabar com isso, tornando um mesmo pacote compatível em diferentes distribuições GNU/Linux.
Além da vantagem da compatibilidade, o Flatpak também trabalha com sandboxes, que consiste em isolar aplicações umas das outras e do próprio sistema operacional. Desta forma, uma aplicação não interfere na outra, seja no aspecto de segurança ou no aspecto de performance.
Pontos a serem observados:
Comandos longos e pouco intuitivos: os comandos do Flatpak possuem muitos parâmetros. Geram um certo desconforto no começo.
Poucos repositórios, mirrors e poucos softwares disponíveis nesses repos: obviamente que o Flatpak está engatinhando. Hoje são poucos os softwares disponíveis, mas espera-se que logo isso mude. Mirrors também são poucos.
Devido ao isolamento (sandbox), é preciso instalar as dependências dos softwares que instalamos (runtimes). Um runtime como “org.gnome.Platform” chega a ter 123MB.
Vale observar que Flatpak não substituirá gerenciadores de pacotes da noite para dia. Isso levará tempo.
Resumo:
Se o Fedora 24 será um marco ou não, só o tempo dirá. A ideia do Flatpak é genial. Se vingar, será um marco. Vale lembrar que em um passado relativamente recente, o Fedora apresentou ao mundo o System D, que hoje é utilizado por muitas distribuições GNU/Linux. É dar tempo ao tempo e manter-se em dia com as novidades do Flatpak.
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