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Suporte ao IBM Cell Blade no kernel Linux está prestes a ser removido

O kernel Linux está prestes a se despedir do suporte para os servidores IBM Cell Blade, uma arquitetura marcante de quase duas décadas atrás. Baseados no processador Cell Broadband Engine Architecture (Cell BE), esses servidores tiveram um papel importante em supercomputadores da época, como o famoso Roadrunner. Apesar de seu impacto histórico, o hardware se tornou obsoleto, sem usuários ativos que mantenham sua relevância no ecossistema Linux.

A era do processador Cell BE e sua relevância

O processador Cell BE ganhou destaque por ser a força motriz por trás do console PlayStation 3 e, posteriormente, integrando servidores de alto desempenho como os IBM QS20, QS21 e QS22. Fabricados entre 2006 e 2012, esses servidores chegaram a equipar supercomputadores importantes, mas nunca atingiram ampla popularidade no mercado geral.

Um exemplo notável de sua aplicação foi o Roadrunner, o primeiro supercomputador a superar o marco de 1 petaflop. No entanto, com o passar do tempo, esses sistemas foram desativados, e o hardware Cell Blade ficou relegado ao passado.

O adeus ao suporte no kernel

Michael Ellerman, desenvolvedor ativo do kernel Linux, enviou um conjunto de 25 patches para remover o suporte aos servidores IBM Cell Blade. A proposta inclui a exclusão de diversos símbolos e arquivos associados, além de ajustes no código compartilhado com outros dispositivos, como o PS3.

Segundo Ellerman:

“Até recentemente, eu ainda possuía um QS22 funcional, o que me permitia manter o suporte à plataforma. Infelizmente, essa máquina agora está inutilizável. Não estou ciente de nenhum usuário ativo que dependa do suporte upstream.”

Com essa mudança, a remoção do suporte para IBM Cell Blades aliviará o kernel em cerca de 6 mil linhas de código, simplificando a base de código para desenvolvedores.

O impacto para a comunidade

Embora a remoção do suporte aos Cell Blades represente o fim de uma era, isso reflete uma tendência natural no desenvolvimento do kernel Linux: priorizar plataformas relevantes e simplificar o suporte a hardware descontinuado. Para os usuários que ainda dependem dessa arquitetura, existe a possibilidade de reutilizar partes do código em um contexto específico, caso necessário.

Essa decisão reforça o compromisso da comunidade Linux em manter um código enxuto, sustentável e adaptado às necessidades atuais do mercado.

Por Emanuel Negromonte

Fundador do SempreUPdate. Acredita no poder do trabalho colaborativo, no GNU/Linux, Software livre e código aberto. É possível tornar tudo mais simples quando trabalhamos juntos, e tudo mais difícil quando nos separamos.

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