A Check Point Research (CPR), divisão de Inteligência em Ameaças da Check Point Software Technologies Ltd. uma fornecedora líder de soluções de cibersegurança global, publicou o Índice Global de Ameaças referente ao mês de julho de 2023. No mês passado, os pesquisadores verificaram que o malware Remcos passou para o terceiro lugar depois que os agentes de ameaças criaram sites falsos para disseminar downloaders maliciosos que carregavam este Remote Access Trojan (RAT). Enquanto isso, o cavalo de Troia bancário móvel Anubis derrubou o recém-chegado SpinOk do primeiro lugar na lista de malware móvel, e Educação/Pesquisa seguiu como o setor mais atacado no mundo.
O Remcos é um cavalo de Troia de acesso remoto (RAT) visto pela primeira vez em 2016 e é distribuído regularmente por meio de documentos ou de downloads maliciosos da Microsoft. Foi observado mais recentemente em uma campanha envolvendo o malware Fruity. O objetivo era atrair as vítimas para baixar o Fruity, pois ele acaba instalando diferentes RATs como o Remcos; e é conhecido por sua capacidade de obter acesso remoto ao sistema da vítima, roubar informações e credenciais confidenciais e realizar atividades maliciosas no computador do usuário.
Cuidado: Malware para roubo de credenciais bancárias persiste no Brasil
“Esta época do ano é perfeita para os cibercriminosos. Embora muitos aproveitem a temporada de férias no hemisfério norte, as organizações precisam lidar com níveis reduzidos ou alterados de pessoal, o que pode afetar sua capacidade de monitorar ameaças e minimizar riscos”, diz Maya Horowitz, vice-presidente de Pesquisa da Check Point Software Technologies. “A introdução de processos de segurança automatizados e consolidados pode ajudar as empresas a manterem boas práticas durante os períodos de férias, além de uma boa educação e conscientização do usuário.”
Roubo de credenciais recorrente e persistente
No entanto, a liderança das listas mensais de top malware global e do Brasil continua pertencendo ao cavalo de Troia multifuncional Qbot, o qual persiste como o malware mais prevalente no Brasil desde o final do ano passado. O malware Qbot, que rouba credenciais bancárias e digitação de teclado, é líder na lista nacional há oito meses seguidos e mantém o alto impacto nas organizações no Brasil com índices de 12,73% em julho, 14,74% em junho, de 13,94% em maio, 19,10% em abril, 21,63% em março, 19,84% em fevereiro, 16,44% em janeiro e de 16,58% em dezembro de 2022. São todos índices superiores aos do ranking mundial, os quais se mantêm praticamente o dobro em relação aos respectivos números globais.
Vale lembrar que o Qbot, que surgiu inicialmente em 2008 como um trojan bancário, passou por um desenvolvimento consistente, adquirindo funcionalidades adicionais com o objetivo de roubar senhas, e-mails e detalhes de cartão de crédito. É comumente propagado por e-mails de spam e emprega várias técnicas, como métodos Anti-Virtual Machines (anti-VM), anti-debug e anti-sandbox para impedir a análise e evitar a detecção. Atualmente, sua função principal é atuar como um carregador para outros malwares e estabelecer uma presença nas organizações visadas, servindo como um trampolim para os operadores de grupos de ransomware.
A equipe da CPR também revelou que a “Web Servers Malicious URL Directory Traversal” foi a vulnerabilidade global mais explorada em julho, impactando 49% das organizações em todo o mundo, seguida pela “Apache Log4j Remote Code Execution” com 45% e pela “HTTP Headers Remote Code Execution”, com impacto global de 42% nas organizações.
Principais famílias de malware
Em julho passado, o Qbot foi o malware mais difundido no mês com um impacto de mais de 5% das organizações em todo o mundo, seguido pelo Formbook com impacto global de 4% e o Remcos com 2%.
Qbot – Qbot AKA Qakbot é um cavalo de Troia bancário que apareceu pela primeira vez em 2008, projetado para roubar as credenciais bancárias e as teclas digitadas do usuário. Geralmente é distribuído por e-mails de spam e emprega várias técnicas antiVM, antidepuração e antisandbox para dificultar a análise e evitar a detecção.
Formbook – É um infoStealer direcionado ao sistema operacional Windows e foi detectado pela primeira vez em 2016. É comercializado como Malware-as-a-Service (MaaS) em fóruns de hackers ilegais por suas fortes técnicas de evasão e preço relativamente baixo. O FormBook coleta credenciais de vários navegadores da Web, captura telas, monitora e registra digitações de teclas e pode baixar e executar arquivos de acordo com as ordens de seu C&C (Comando & Controle).
Remcos – É um RAT que apareceu pela primeira vez em 2016. Remcos se distribui por meio de documentos maliciosos do Microsoft Office, que são anexados a e-mails de SPAM e foi projetado para contornar a segurança do Microsoft Windows UAC e executar malware com privilégios de alto nível.
A lista global completa das dez principais famílias de malware em julho de 2023 pode ser encontrada no blog da Check Point Software.
Principais setores atacados no mundo e no Brasil
Quanto aos setores, em julho, Educação/Pesquisa permaneceu na liderança da lista como o setor mais atacado globalmente, seguido por Governo/Militar e Saúde. Estes setores se mantêm nessas posições há três meses consecutivos.
1.Educação/Pesquisa
2.Governo/Militar
3.Saúde
No Brasil, os três setores no ranking nacional mais visados por ciberataques em julho foram:
1.Utilities
2.Transportes
Principais vulnerabilidades exploradas
Em julho, a equipe da CPR também revelou que a “Web Servers Malicious URL Directory Traversal” foi a vulnerabilidade mais explorada, impactando 49% das organizações no mundo, seguida pela “Apache Log4j Remote Code Execution”, ocupando o segundo lugar com impacto global de 45% das organizações. A “HTTP Headers Remote Code Execution” ocupou o terceiro lugar das vulnerabilidades com um impacto global de 42%.
Web Servers Malicious URL Directory Traversal – Existe uma vulnerabilidade de passagem de diretório em diferentes servidores da Web. A vulnerabilidade ocorre devido a um erro de validação de entrada em um servidor da Web que não limpa adequadamente o URI (Uniform Resource Identifier, ou Identificador Uniforme de Recursos) para os padrões de travessia de diretório. A exploração bem-sucedida permite que atacantes remotos não autenticados divulguem ou acessem arquivos arbitrários no servidor vulnerável.
Apache Log4j Remote Code Execution (CVE-2021-44228) – Existe uma vulnerabilidade de execução remota de código no Apache Log4j. A exploração bem-sucedida dessa vulnerabilidade pode permitir que um invasor remoto execute código arbitrário no sistema afetado.
HTTP Headers Remote Code Execution (CVE-2020-10826,CVE-2020-10827,CVE-2020-10828,CVE-2020-13756) – Os cabeçalhos HTTP permitem que o cliente e o servidor passem informações adicionais com uma solicitação HTTP. Um atacante remoto pode usar um cabeçalho HTTP vulnerável para executar um código arbitrário na máquina da vítima.
Principais malwares móveis
Em julho, o Anubis subiu para o primeiro lugar como o malware móvel mais difundido, seguido por SpinOk e AhMyth.
1.Anubis é um cavalo de Troia bancário projetado para smartphones Android. Desde que foi detectado inicialmente, ele ganhou funções adicionais, incluindo a funcionalidade Remote Access Trojan (RAT), keylogger, recursos de gravação de áudio e vários recursos de ransomware. Foi detectado em centenas de aplicativos diferentes disponíveis na Google Store.
2.SpinOk é um módulo de software Android que opera como spyware. Ele coleta informações sobre arquivos armazenados em dispositivos e é capaz de transferi-los para agentes de ameaças maliciosas. O módulo malicioso foi encontrado em mais de 100 aplicativos Android e baixado mais de 421 milhões de vezes até maio de 2023.
3.AhMyth é um Trojan de acesso remoto (RAT) descoberto em 2017. Ele é distribuído por meio de aplicativos Android que podem ser encontrados em lojas de aplicativos e vários sites. Quando um usuário instala um desses aplicativos infectados, o malware pode coletar informações confidenciais do dispositivo e executar ações como keylogging, captura de tela, envio de mensagens SMS e ativação da câmera, que geralmente é usada para roubar informações confidenciais.
Os principais malwares de julho no Brasil
Em julho, o ranking de ameaças do Brasil manteve como principal malware o Qbot, pelo oitavo mês consecutivo na liderança, com impacto de 12,73%, um índice que continua sendo mais que o dobro do impacto global (5,34%). Em segundo lugar, o Fakeupdates apontou impacto de 3,03%; enquanto o Emotet voltou para o terceiro lugar com impacto de 2,42%. O Remcos não aparece no Top 10 da lista mensal brasileira.
O Índice de impacto de ameaças globais da Check Point Software e seu mapa ThreatCloud são alimentados pela inteligência ThreatCloud da Check Point, a maior rede colaborativa que fornece inteligência de ameaças em tempo real derivada de centenas de milhões de sensores em todo o mundo, em redes, endpoints e dispositivos móveis. A inteligência é enriquecida com mecanismos baseados em IA e dados de pesquisa exclusivos da divisão Check Point Research (CPR).