Há muitos sinais de que a cultura na Microsoft tem mudado nos últimos anos, especialmente depois que Satya Nadella assumiu o posto de CEO. E novas afirmações de um engenheiro veterano mostram que as estruturas da gigante do software foram mesmo abaladas: Mark Russinovich disse durante uma conferência no Vale do Silício que a companhia discute a possibilidade de tornar o Windows open source.
Quem acompanha a história da empresa nas últimas décadas sabe que esse seria um passo enorme – e que provavelmente levaria tempo para se concretizar. A Microsoft se tornou a gigante de hoje vendendo software proprietário, de código fechado, principalmente seu sistema operacional e o pacote Office. Segundo Russinovich, isso pode mudar.
“É definitivamente possível”, disse Russinovich durante a conferência ChefCon, em Santa Clara, na Califórnia, que reúne desenvolvedores e especialistas em TI.
Recentemente, a Microsoft já tomou iniciativas em direção a uma cultura de código aberto. No mês passado, a empresa abriu a engine de compilação de software MSBuild. Em novembro do ano passado, foi a vez do popular framework .NET, em um movimento que pode ser considerado ousado, visto o histórico da companhia.
Claro que o projeto de um Windows open source exigiria muito mais planejamento. “Se você abre o código de um produto mas ele vem com um sistema que exige cientistas e três meses para configurar, qual a vantagem?” diz o engenheiro. “Todo tipo de conversa que você possa imaginar sobre o que podemos fazer com nosso software – aberto versus fechado versus serviço – já aconteceu.”
O desempenho financeiro da divisão Windows tem sofrido com a queda constante das vendas globais de PCs, como revelaram os resultados divulgados pela companhia. Essa pressão pode acelerar as discussões por novas estratégias de mercado, como o investimento em infraestrutura de nuvem. Inclusive, o Azure, solução da companhia na área, já suporta máquinas rodando Linux. “Esta é a realidade em que vivemos”, diz Russinovich.
Apesar de a discussão chamar a atenção quando se trata de Microsoft, o código aberto é quase uma norma em outras gigantes do Vale do Silício. Basta pensar no Google e no sistema operacional Android, ou no Facebook e sua coleção de tecnologias, de servidores a inteligência artificial, que já estão disponíveis com licenças open source.
Apesar de a Microsoft ainda experimentar seus primeiros passos na cultura aberta, sempre há tempo de começar.