OpenOffice: tudo o que você NÃO DEVERIA saber sobre o projeto

OpenOffice: tudo o que você NÃO DEVERIA saber sobre o projeto

O OpenOffice é um pacote de aplicativos de escritório de código aberto que inclui processador de texto, planilha eletrônica, apresentação, banco de dados e desenho. Ele foi originalmente desenvolvido pela empresa alemã StarDivision, que foi adquirida pela Sun Microsystems em 1999. A Sun liberou o código-fonte do OpenOffice sob a licença LGPL em 2000, permitindo que outros desenvolvedores contribuíssem para o projeto. Em 2010, a Sun foi comprada pela Oracle, que decidiu descontinuar o patrocínio do OpenOffice e transferir o controle para a comunidade. Isso levou à criação da The Document Foundation, uma organização sem fins lucrativos que mantém uma versão derivada do OpenOffice chamada LibreOffice. Em 2011, a Oracle doou o nome e a marca OpenOffice para a Apache Software Foundation, que continua a desenvolver e distribuir o software como Apache OpenOffice. Portanto, podemos dizer que o OpenOffice já teve controle de três empresas diferentes: StarDivision, Sun Microsystems e Oracle.

Motivos que fizeram a Sun Microsystems liberar o código do OpenOffice

A Sun Microsystems foi uma das pioneiras no desenvolvimento de software livre e de código aberto. Em 1999, ela decidiu liberar o código do OpenOffice, uma suíte de aplicativos de escritório que competia com o Microsoft Office. Quais foram os motivos que levaram a Sun a tomar essa decisão?

Um dos principais motivos foi a estratégia de ganhar mercado e aumentar a base de usuários do OpenOffice, que na época tinha uma participação muito pequena em relação ao seu concorrente. Ao liberar o código, a Sun esperava atrair desenvolvedores independentes, empresas, governos e organizações não governamentais que pudessem contribuir com melhorias, correções, traduções e adaptações do software para diferentes plataformas e necessidades. Essa estratégia foi confirmada por Marco Boerries, vice-presidente da divisão de desktops da Sun, em uma entrevista à revista Wired em 1999.

Outro motivo foi a filosofia de compartilhar conhecimento e promover a inovação. A Sun acreditava que o software livre e de código aberto era uma forma de democratizar o acesso à tecnologia e de estimular a colaboração entre diferentes atores da sociedade. Além disso, a Sun defendia que o software livre e de código aberto era mais seguro, confiável e eficiente do que o software proprietário, pois permitia uma maior transparência e fiscalização do código. Essa visão foi expressa por Scott McNealy, fundador e CEO da Sun, em um artigo publicado no jornal The New York Times em 2000.

Por fim, um terceiro motivo foi a questão legal e ética. A Sun queria evitar possíveis processos judiciais por violação de patentes ou direitos autorais de outras empresas, especialmente da Microsoft, que na época era alvo de várias investigações por práticas anticompetitivas. Ao liberar o código do OpenOffice, a Sun também queria demonstrar seu compromisso com os valores do software livre e de código aberto, como a liberdade, a cooperação e o respeito à diversidade. Essa postura foi elogiada por Richard Stallman, fundador do movimento GNU e da Free Software Foundation, em um comunicado divulgado em 1999.

Por que a Oracle suspendeu o patrocínio ao OpenOffice?

O OpenOffice é um dos projetos de software livre mais populares e antigos do mundo. Ele oferece uma suíte de aplicativos de escritório, como processador de texto, planilha, apresentação, banco de dados e desenho, que podem ser usados gratuitamente por qualquer pessoa. O OpenOffice nasceu em 2000, quando a Sun Microsystems, uma empresa de tecnologia, comprou a StarDivision, uma empresa alemã que desenvolvia o StarOffice, um produto similar. A Sun decidiu liberar o código-fonte do StarOffice e criar uma comunidade de desenvolvedores voluntários para melhorar e manter o software. Assim surgiu o OpenOffice.org, que logo se tornou uma referência em software livre e uma alternativa ao Microsoft Office, o líder de mercado.

Em 2010, a Sun foi adquirida pela Oracle, uma gigante do setor de bancos de dados e softwares corporativos. A Oracle herdou o OpenOffice e prometeu continuar apoiando o projeto. No entanto, logo surgiram conflitos entre a Oracle e a comunidade do OpenOffice. A Oracle era vista como uma empresa mais fechada e menos comprometida com os princípios do software livre. Ela também impôs restrições ao uso da marca OpenOffice e demitiu alguns funcionários que trabalhavam no projeto. Além disso, a Oracle enfrentou uma disputa judicial com a IBM, outra empresa que contribuía com o OpenOffice, por causa de patentes relacionadas ao Java, uma linguagem de programação usada no software.

Diante desse cenário, muitos desenvolvedores do OpenOffice decidiram se rebelar contra a Oracle e criar um projeto independente, chamado LibreOffice. O LibreOffice foi lançado em 2010 pela The Document Foundation, uma organização sem fins lucrativos que reuniu vários membros da comunidade do OpenOffice. O LibreOffice se propôs a ser mais aberto e democrático do que o OpenOffice, permitindo que qualquer pessoa participasse das decisões e contribuísse com o código. O LibreOffice também incorporou várias melhorias e novas funcionalidades que não estavam presentes no OpenOffice.

A criação do LibreOffice foi um duro golpe para a Oracle, que viu seu projeto perder grande parte dos seus desenvolvedores e usuários. A Oracle tentou reagir e lançou uma nova versão do OpenOffice em 2011, mas não conseguiu recuperar a confiança da comunidade. Em abril de 2011, a Oracle anunciou que iria suspender o patrocínio ao OpenOffice e doar o código-fonte para a Apache Software Foundation, outra organização sem fins lucrativos que mantém vários projetos de software livre. A Oracle afirmou que essa era a melhor forma de garantir a continuidade e a qualidade do OpenOffice.

A decisão da Oracle foi recebida com surpresa e ceticismo pela comunidade do software livre. Muitos questionaram se a Apache teria capacidade e interesse em manter o OpenOffice, já que ela tem foco em projetos de infraestrutura web, como servidores e bancos de dados. Alguns também criticaram a licença usada pela Apache, que é mais permissiva do que a usada pelo OpenOffice e pelo LibreOffice, permitindo que empresas usem o código sem devolver as modificações para a comunidade. Outros sugeriram que a Oracle deveria ter doado o OpenOffice para a The Document Foundation, para unificar os esforços com o LibreOffice e evitar a fragmentação do software.

O futuro do OpenOffice ainda é incerto. A Apache afirmou que irá continuar desenvolvendo e distribuindo o software, mas reconheceu que enfrenta desafios técnicos e legais para isso. O LibreOffice, por sua vez, segue crescendo e ganhando apoio de empresas como Google, Red Hat e Novell. O mercado de suítes de escritório também está mudando, com o surgimento de soluções baseadas na nuvem, como o Google Docs e o Microsoft Office 365. O OpenOffice terá que se adaptar a essas novas tendências para sobreviver e competir nesse cenário.

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