Se você ainda possui um ThinkPad, sabe que os modelos mais antigos causam uma certa empolgação principalmente com quem trabalha em TI. Feitos na época em que durabilidade era uma premissa básica, troca de peças ainda era possível, e ter portas além da USB era necessário(firewire, serial, slot pcmcia, slot para cartões SD) até hoje tem gente que os usa.
Para os que estão dispostos a desembolsar um pouco mais, um upgrade pode renovar completamente o hardware.
O trabalho de criação das peças de reposição com hardware mais novo é feito por entusiastas do fórum 51nb(China). As placas-mãe(chinês, traduzido pro inglês) em específico, mostram o que um pouco de paixão e conhecimento em eletrônica podem fazer. Este trabalho não é o de recauchutar o hardware existente, mas de poder colocar um processador moderno em um ThinkPad antigo.
Os ThinkPads possuem um público bastante fiel, mas agora nas mãos da Lenovo estão indo para o mesmo caminho de todos os fabricantes de notebook: a miniaturização e melhor integração dos componentes sacrificando a capacidade de manutenção dos equipamentos. Outros detalhes como a remoção da ThinLight, substituição ou remoção do Trackpoint e o mercado forçando a adoção de telas 16:9 ao invés do padrão 4:3 faz com que usuários de TI ainda utilizem modelos deste notebook anteriores a 2007.
Para quem ainda deseja permanecer com estes notebooks, eles podem ser revitalizados com a substituição completa da placa-mãe. Não apenas um modelo, mas há peças que contemplam até três modelos de ThinkPad da IBM. A nova placa batizada de X62(chinês) contempla os modelos X60 e X61, a X210(chinês) pode ser instalada nos modelos X200 e X201 e o modelo de placa mãe T70(chinês) serve de upgrade para os modelos T60 e T61.
Dependendo do modelo escolhido, a placa-mãe alternativa pode caber exatamente onde a original estava, e até mesmo reaproveitar o sistema de refrigeração(coolers e dissipadores). Estas placas não contemplam apenas a adição de um processador novo, mas também utilizam os mesmos buracos de portas antigas, que são renovadas para portas como USB 3.0/3.1 e Thunderbolt 3. Considerando que são computadores de uma década atrás, é um upgrade impressionante.
Mas tudo vem com um preço, e fazer uma placa-mãe com as dimensões de um computador antigo, e com mais complexidade que uma microcontroladora aumenta bastante a complexidade e o preço. Não é como construir uma placa ARM como as que estão disponíveis no mercado, e requer profundo conhecimento da tecnologia. Falamos aqui de CPUs com mais de 1100 pinos e dispositivos DDR4 e PCI-E que possuem uma integração elétrica e de tempo muito alta. Por conta desta complexidade e modularidade das placas-mãe destes equipamentos que possuem partes removíveis, uma pessoa reproduzindo uma placa destas pode gastar entre 500 a 700 dólares.
Esta é uma guerra constante, onde fabricantes tentam cada vez mais reduzir o tamanho e capacidade de reparo dos notebooks e smartphones, enquanto pessoas aleatórias na internet descobrem um método de como trocar a memória flash de um iPhone6 na China.
Também é difícil mensurar a estabilidade destas placas alternativas bem como encontrar reviews online destes equipamentos modificados, já que o principal fórum é na língua chinesa. Uma coisa é certa: algumas pessoas não aguentam mais este mercado voltado a descartes no primeiro defeito, e a fabricação destas peças é só uma das consequências desta cultura.