Se você costuma pensar nas razões que levam muitos sites/blogs ao redor do mundo falar muito mais sobre o Ubuntu do que qualquer outra distribuição GNU/Linux, nós vamos dar algumas razões que podem explicar o motivo desse efeito na blogosfera.
“Porque tudo tem que ser Ubuntu, Ubuntu, Ubuntu…”
Parece que é uma pergunta, mas não é, isso são frases quase que recorrentes nas redes sociais, alguns falam isso como um crítica e até com muita raiva. Ainda não tivemos a oportunidade de responder nenhum comentário deste tipo no SempreUPdate, mas de tanto ler isso em alguns grupos seja no Facebook quanto no Telegram, resolvi comentar o assunto, vamos então dar algumas razões para que esse feito “Ubuntu” exista.
Quando a Canonical abriu as portas para o Ubuntu, ela realmente investiu pesado. Quem não pegou a época do começo Ubuntu, saiba que nos primórdios a Canonical enviava para qualquer pessoa em qualquer local do mundo de 1 CD, ou melhor, quantos CD’s fossem solicitados, a ideia era levar o Ubuntu para o máximo de pessoas possíveis.
Com o passar dos anos isso contagiou, muita gente já pedia CD’s e distribuía, regravava e até fazia eventos para falar do Ubuntu. Muitos desktops passaram a rodar o Ubuntu, isso numa época em que falar de Linux era algo apenas para servidores e para aqueles que estudavam algo na área de tecnologia, sem esquecer claro dos geeks de plantão.
Mas o Ubuntu é tão novo!
Sabemos que existem muitas outras distribuições, até muito mais antigas, inclusive o Debian pai do Ubuntu. Mas é ideal esclarecer que o Debian naquela época era usado muito pouco como Desktop, mas víamos era fácil encontrá-lo em servidores e outras formas de uso menos populares.
Essa campanha ou jogada de marketing da Canonical foi arrebatadora, a ponto de fazer algumas distribuições famosas e fáceis de usar, como o saudoso Kurumin sair de cena com a justificativa que existia um sistema melhor que o Kurumin, neste caso, o Ubuntu.
Até hoje, mesmo depois de tantos anos, sempre lemos em vários lugares a vontade de muita gente em retomar o desenvolvimento do Kurumin, que na minha opinião, não deveria ter sido descontinuado. A nível Brasil, o Kurumin foi a porta de entrada de muitos, particularmente foi o segundo sistema que usei, e chegava a ser nostálgico aqueles scripts nos menus que interagiam com os usuários, tornando a vida “Tux” mais fácil.
Mas, muitas especulações surgem até hoje sobre o “verdadeiro” motivo do fim do Kurumin. Continuando sobre o Ubuntu, ele foi entrando na casa das pessoas, com menus fáceis de usar, configurações em cliques quase sem uso do terminal, além de ajustes visuais inovadores para a época, o que trouxe muita gente do Windows para o mundo GNU/Linux, como também de outras distribuições.
A Comunidade Ubuntu começou a ganhar corpo. Voluntários ao redor do mundo foram surgindo, e para estimular, eles recebiam brindes como camisas, bonés, canecas, cordões de crachá e muitos outros utensílios eram enviados para os voluntários do Ubuntu ao redor do mundo, sem nenhum custo e ainda são enviados até hoje.
Mas o voluntariado do Ubuntu não é bagunça, há uma hierarquia, para os organizar essas pessoas que doam seu tempo para traduzir, testar, palestrar, programar e fazer tantas outras coisas em favor do Ubuntu.
Ubuntu e Canonical
O Ubuntu sempre foi e será o brilho dos olhos da Canonical, por isso ela plantou antes para colher agora, claro, algumas vezes fez coisas que desagrada aos usuários, mas devemos entender que hoje a demanda comercial tornou-se bem maior que antes, e as novas tecnologias vão surgindo a todo tempo, o que obriga os sistemas operacionais acompanhar a evolução.
Aplicações e serviços compatíveis com o Ubuntu, ou até “somente para o Ubuntu”, hoje em dia é muito comum, tendo em vista a sua popularidade, as empresas costumam empacotar seus aplicativos, drivers e muitos outros itens pensando justamente no público que vai alcançar, afinal é muito provável que a adoção deste ou daquele software seja feito por um usuário Ubuntu, devido ao número de máquinas/usuários que o adotaram.
Ubuntu no mercado
Algumas empresas como a Dell também distribuí seus computadores com o Ubuntu, o que aumenta a responsabilidade da Comunidade, para entregar um sistema estável e sem grandes problemas, mas a Dell cuida de cada hardware de forma particular, o que torna o Ubuntu muito produtivo em suas máquinas. Vale ressaltar que o Ubuntu já foi encontrado a partir de um popular Smartphone até geladeiras.
Só em falar do jogo de marketing inicial, a Dell vendendo computadores com o Ubuntu, certamente já passa uma imagem de sistema confiável. Claro, já houveram problemas com questões de privacidade, e que até então foi resolvido e esclarecido.
Ubuntu e bugs
Não é espantoso saber que o Ubuntu não funciona de forma agradável em algum hardware, isso é muito normal, mas não é culpa da distribuição, muitas vezes o driver disponível para as distribuições GNU/Linux pode ser um drive genérico, onde não contém todas as instruções de funcionamento, em especial nos casos de código aberto que tentam ardosamente criar algo com base em um drive proprietário. Como também qualquer ambiente novo pode conter erros até que chegue na fase amadurecimento, isso é comum em qualquer distribuição, a diferença é que quando há uma distribuição muito popular, a frequência de informações sobre esses erros rodam o mundo, e passa a impressão de que só existe problema ali.
No caso dos drivers que é o que incomoda muito, isso acontece em qualquer distribuição, justamente pelo fato de serem drivers proprietários e as empresas donas do hardware se recusam a passar maiores informações sobre o funcionamento de seus produtos, o que obriga os desenvolvedores fazerem drivers as escuras ou usar engenharia reversa para que consigam ter uma noção de como ele funciona.
Isso atrapalha e demanda muito tempo, quando o desenvolvedor descobre como esse ou aquele hardware funciona, a mesma empresa lança um novo modelo e essa agonia sem fim recomeça.
Então, saiba que quando algum driver não funciona, não é uma particularidade do Ubuntu ou de qualquer distribuição, é a ausência de maiores informações sobre o dispositivo que você esta usando, por isso prefira sempre dispositivos de hardware que tenha um driver de código aberto funcional ou que tenham um suporte satisfatório ao GNU/Linux.
As razões são muitas, seria um dia inteiro de postagem para explicar tudo, mas tenha em mente que o Ubuntu vai continuar querendo atrair os iniciantes, mas em paralelo ele tem uma empresa por trás que tem uma inteligência gigantesca, e que busca ser mais humano a cada dia, em especial por conta deste contato direto entre Canonical e Comunidade, o que não é tão comum em outras distribuições, o que deixa o relacionamento entre voluntários e empresa engessado, e atrapalha a disseminação de algumas boas práticas.
Quanto aos blogs, alguns vivem dele e precisam alcançar um número grande de usuários, não há hospedagem boa gratuita e todos nós precisamos do anúncios para que seja possível pagar os custos, o software é livre, mas o serviço é pago. Pense nisso, e entenda as razões pelas quais alguns blogs se dedicam tanto ao Ubuntu, não é uma questão de rivalidade, mas de atingir um público grande que foi gerado inicialmente com os esforços da Canonical e da Comunidade Ubuntu, observe que a popularidade foi alcançada devido a semente inicial da Canonical e o trabalho dos usuários do Ubuntu.
E agora?
Escolha a distribuição que melhor suprir as suas necessidades, não sou usuário Ubuntu, por isso não é uma apologia, mas uma artigo onde assim como todo mundo, expresso a minha opinião dentro daquilo que sei, vi e vivi. Espero ter esclarecido ao menos 0,6% da dúvida e das indagações, aqui no SempreUPdate tentamos equilibrar os posts para todas as distribuições, não temos uma distribuição querida, temos um sistema, o GNU/Linux.
Escolha a sua distribuição com base na comunidade por trás dela, observe o tempo que o seu sistema demora para corrigir falhas das mais simples ou mais complexas. Observe o fluxo de atualização de novas aplicações, para cada tipo de usuário sempre há uma distribuição diferente.
Se você quer uma distribuição que sempre tenha os últimos pacotes, use as com o fluxo rolling release, se quer mais estabilidade por anos procure as LTS ou com longo tempo de suporte. Se quer experimentar os recursos e ajudá-los a testar procure as distribuições que possuem versões de testes ou as que chamo de laboratório, que são aquelas que possuem suporte de até 10 meses. Enfim, tem para todos os gostos, escolha a sua e ajude a manter a sua comunidade de pé, interaja nos fóruns, todas as distribuições tem o seu. Tenha em mente que rivalidades existem só entre usuários, e não entre projetos, todos compartilham as mesmas tecnologia, avalie os critérios que mais lhe agrada e escolha. Boa sorte!