O mercado global de smartphones em 2025 acaba de ganhar uma nova fotografia reveladora. De acordo com o mais recente relatório da IDC (International Data Corporation), a Samsung não apenas manteve sua posição de liderança no segundo trimestre do ano, como aumentou sua vantagem em relação às concorrentes. E o mais surpreendente: essa dominância não veio da tradicional linha Galaxy S, mas sim dos intermediários da série Galaxy A, com destaque para os modelos Galaxy A36 e Galaxy A56.
Este artigo analisa a fundo os dados do relatório da IDC, indo além da simples divulgação dos números. Vamos entender por que a Samsung está crescendo, como Apple e Xiaomi estão se posicionando no cenário atual, e quais forças econômicas e tecnológicas, como a inteligência artificial (IA), estão influenciando diretamente o comportamento dos consumidores e moldando o futuro dos dispositivos móveis.
Entender essas movimentações de mercado é fundamental não só para quem acompanha o setor de tecnologia, mas também para o consumidor que quer fazer escolhas mais inteligentes na hora de trocar de aparelho. Afinal, o que acontece no topo afeta diretamente o que chega às nossas mãos e bolsos.

O domínio da Samsung não vem do topo
Ao analisar o relatório da IDC sobre o mercado global de smartphones 2025, um dado chama imediatamente a atenção: o crescimento da Samsung está sendo puxado pelos modelos intermediários, e não pelos topos de linha da empresa. A série Galaxy S25, apesar de manter sua importância como símbolo de inovação e prestígio, não foi a protagonista do avanço da marca neste segundo trimestre.
A estratégia vencedora da série Galaxy A
O sucesso dos modelos Galaxy A36 e Galaxy A56 é fruto de uma estratégia cuidadosamente desenhada. A Samsung conseguiu equilibrar recursos avançados, como câmeras com inteligência artificial, telas de alta taxa de atualização e baterias de longa duração, com preços acessíveis e uma forte presença de marca.
Ao oferecer experiências premium em aparelhos de faixa média, a marca alcançou um vasto público que busca qualidade sem comprometer o orçamento. Essa abordagem tem sido especialmente eficaz em mercados como América Latina, Sudeste Asiático e partes da Europa, onde o poder de compra é mais restrito, mas a demanda por tecnologia moderna continua forte.
Além disso, a Samsung tem investido pesado em distribuição, marketing e atualizações regulares do sistema, o que fortalece a confiança do consumidor nesses modelos intermediários.
Por que os topos de linha não são mais o motor do crescimento?
Embora os flagships continuem a ser importantes do ponto de vista de branding e inovação, eles já não são o principal vetor de crescimento do setor. O mercado de smartphones premium atingiu um ponto de saturação, onde os avanços de geração para geração são percebidos como incrementais.
Preços elevados, que muitas vezes ultrapassam os R$ 8.000, tornam os topos de linha inacessíveis para a maioria dos consumidores. Ao mesmo tempo, os modelos intermediários evoluíram tanto que passaram a ser “bons o suficiente” para as tarefas do dia a dia, inclusive para jogos, fotos de qualidade e produtividade.
Esse fenômeno tem feito com que muitos consumidores posterguem a troca de seus aparelhos premium ou simplesmente migrem para modelos mais acessíveis, reforçando a ascensão da categoria intermediária no mercado global.
Apple, Xiaomi e o restante do pódio: um cenário de contrastes
A liderança da Samsung se destaca, mas o restante do pódio no mercado global de smartphones em 2025 revela realidades bastante distintas entre os concorrentes.
Apple cresce, mas enfrenta desafios na China
A Apple conseguiu registrar um crescimento modesto em comparação com o mesmo período do ano anterior, mantendo-se firme no segundo lugar. No entanto, o relatório da IDC indica que esse avanço poderia ter sido maior se não fosse pela queda na demanda na China, um de seus mercados mais estratégicos.
O ambiente geopolítico tenso, somado à concorrência local cada vez mais forte, tem dificultado o desempenho da Apple no país asiático. A marca enfrenta pressão tanto de players como Huawei e Xiaomi quanto de questões regulatórias e sentimentais em torno de empresas estrangeiras.
Mesmo assim, a Apple ainda conta com um ecossistema forte e fidelizado, que garante estabilidade mesmo em tempos de adversidade.
Xiaomi se consolida em terceiro lugar
A Xiaomi manteve-se sólida na terceira posição do ranking global, beneficiando-se de sua presença forte em mercados emergentes e de uma linha de produtos que cobre desde modelos básicos até flagships como a linha Xiaomi 14.
Sua estratégia de oferecer alto desempenho a preços competitivos continua sendo eficaz, embora a empresa esteja encontrando dificuldades para crescer em mercados saturados como a Europa Ocidental. Mesmo assim, a Xiaomi é vista como uma força estabilizadora e relevante no cenário global.
Vivo e Transsion: o retrato dos segmentos
Mais abaixo no ranking, Vivo e Transsion Holdings (dona das marcas Tecno e Infinix) ilustram os desafios enfrentados por empresas focadas nos segmentos de entrada.
A Vivo, tradicionalmente forte no mercado asiático, viu sua participação encolher levemente, enquanto a Transsion sofreu uma queda significativa nas vendas, especialmente na África e no Sul da Ásia, onde costumava dominar.
Esse declínio é reflexo direto da crise econômica global, que afeta desproporcionalmente os consumidores de menor renda. Com menos poder de compra, muitos adiaram ou cancelaram a substituição de seus aparelhos, impactando fortemente as marcas que operam com margens apertadas e dependem de volume.
Os fatores que moldam o mercado: IA, inflação e o bolso do consumidor
O relatório da IDC também destaca os elementos macroeconômicos e tecnológicos que têm reconfigurado a forma como as pessoas compram smartphones.
Tarifas e inflação: a “despriorização” do smartphone
A combinação de inflação persistente, taxas de juros elevadas e incertezas econômicas globais tem levado o consumidor a repensar seus gastos com tecnologia. Ao contrário de anos anteriores, o smartphone deixou de ser uma prioridade imediata de atualização, especialmente entre as camadas mais afetadas pela recessão.
Isso impacta diretamente as marcas que competem pelo volume e pela base instalada, especialmente no segmento de entrada. A despriorização da troca de celular, como chama a IDC, se tornou um dos principais freios ao crescimento de players que antes dependiam da renovação constante de aparelhos.
A integração da IA é o real motor do mercado?
Por outro lado, o relatório aponta que a Inteligência Artificial tem impulsionado o crescimento por oito trimestres consecutivos. Mas essa afirmação merece uma análise mais cuidadosa.
Embora funções com IA como edição inteligente de fotos, traduções em tempo real, assistentes personalizados e reconhecimento de contexto estejam cada vez mais presentes nos aparelhos, há dúvidas sobre o quanto isso é percebido como um diferencial real pelo usuário médio.
Existe o risco de que a IA esteja sendo usada como um buzzword de marketing para justificar aumentos de preço e incentivar a troca de aparelho, sem que as vantagens práticas estejam claras para todos os públicos.
No entanto, nos aparelhos de ponta e intermediários avançados, a presença da IA vem se tornando um elemento cada vez mais integrado e natural, o que pode realmente mudar a forma como interagimos com nossos dispositivos no médio prazo.
Conclusão: o que esperar do futuro do mercado?
A análise da IDC sobre o mercado global de smartphones 2025 revela uma mudança estrutural importante: os intermediários premium se tornaram o novo motor da indústria. A Samsung acertou ao antecipar essa tendência e investir pesado em sua linha Galaxy A, colhendo os frutos de uma estratégia centrada no consumidor real.
Enquanto isso, a Apple segue forte, mas precisa encontrar caminhos de crescimento fora da China. A Xiaomi, por sua vez, parece ter encontrado seu nicho, mas precisa inovar para não perder espaço. Já empresas como Vivo e Transsion terão que rever seus modelos de negócio diante da crise nos segmentos de entrada.
Fatores como a inflação, a estagnação econômica e o avanço (ou hype) da inteligência artificial serão determinantes para definir o ritmo do mercado nos próximos trimestres. O consumidor, mais do que nunca, está consciente, exigente e disposto a adiar compras até encontrar valor real.
Na sua opinião, qual marca está com a melhor estratégia para o futuro? A aposta da Samsung nos intermediários é mais inteligente que o foco da Apple no ecossistema premium? Deixe seu comentário abaixo!