Na China, você não pode mais comprar um smartphone sem antes ter seu rosto escaneado

Crédito: guvendemir / Getty.

Imagine um mundo em que o requisito básico para comprar um novo smartphone seja um teste de reconhecimento facial. Você não precisa imaginar: na China, a partir de 1º de dezembro, esse é o escrutínio a que os mais de 850 milhões de usuários de internet do país estarão sujeitos, sem exceção. O Ministério da Eletrônica e Tecnologia da Informação disse em um comunicado no final de setembro que a regra, que também impedirá que as pessoas troquem seus números de celular, era necessária por um aumento nas fraudes por telefone e internet. Neste artigo, entenda por que a China não deixa seus cidadãos comprar um smartphone livremente.

China ainda mais amante do reconhecimento facial

Vincular a verificação de ID a compras por telefone não é exatamente sem precedentes. Uma regra imposta pelo Ministério do Interior alemão em 2016 exige que as telecomunicações domésticas solicitem aos clientes cartões de identificação, passaportes estrangeiros ou documentos temporários de identidade quando compram um cartão SIM ou um telefone celular. De acordo com a lei francesa, as operadoras devem coletar informações de identificação de todos os usuários e assinantes de serviços pré-pagos. E nos EUA em 2010, o senador de Nova York Chuck Schumer (D-NY) e o senador do Texas John Cornyn (R-TX) apresentaram um projeto de lei sobre isso. Assim, seria exigida a verificação de identificação para cada compra pré-paga de telefone, para impedir suspeitos de terrorismo.

Mas o novo regulamento da China está entre os primeiros com um componente de reconhecimento facial. Apesar de um clamor nas mídias sociais chinesas, parece improvável que os críticos sejam bem-sucedidos em se opor a ela. Isso se deve ao fato das vendas fornecerem dados valiosos para referência cruzada com a atividade na internet.

É um segredo aberto que a China está compilando o banco de dados de reconhecimento facial mais extenso do mundo — um com o poder de identificar qualquer um de seus mais de 1,3 bilhão de cidadãos em segundos. (O núcleo de dados principal tem entre 13 e 90 terabytes de tamanho.) Além disso, em 2015, o Ministério da Segurança Pública lançou em conjunto com a empresa de segurança Isvision uma meta de longo prazo do projeto. Essa meta visa igualar os rostos para identificar fotos com precisão de 90%.

Reconhecimento facial espalhando-se pelo país

Para complicar, a opinião pública está longe de ser universalmente contra o novo regulamento. Talvez isso seja um sintoma da rápida adoção do reconhecimento facial no continente, onde se tornou mais ou menos comum. Este ano, a divisão Alipay da Alibaba destinou 3 bilhões de yuans (cerca de US$ 421 milhões) para estimular as vendas no varejo do seu sistema Smile-to-Pay atualizado, que permite que os clientes com contas vinculadas paguem pelos produtos quase exclusivamente com o rosto. Xiaozhu, um site de reservas com sede em Pequim para aluguel diário e quartos de curto prazo, divulgou em dezembro passado planos para adicionar fechaduras habilitadas para reconhecimento facial a 80% de seus anúncios. E há dois anos, a KFC se uniu ao gigante tecnológico Baidu para prever os pedidos dos clientes por idade e humor estimados, conforme inferido por suas características faciais.

É um segredo aberto que a China está compilando o banco de dados de reconhecimento facial mais extenso do mundo.

Faculdades como a Universidade de Pequim acompanham os alunos com sistemas instalados nos portões do campus. A tecnologia de reconhecimento facial foi implementada em dois postos de fronteira entre Hong Kong e Shenzhen. Câmeras capazes de identificação facial foram implantadas em shows para capturar criminosos. E óculos especiais com software de reconhecimento facial foram distribuídos à polícia em cidades selecionadas como Zhengzhou. Dessa forma, eles puderam ser usados para procurar suspeitos em uma estação ferroviária de alta velocidade.

Investigação externa

O complexo industrial de reconhecimento facial da China foi o alvo recente do Departamento de Comércio dos EUA. Mas parece improvável que isso desencoraje o governo chinês, que tem bastante incentivo para continuar expandindo seu uso do reconhecimento facial em inúmeros domínios. Além disso, o país tem uma história de violações dos direitos humanos. Adicionalmente, dada a propensão dos sistemas de reconhecimento facial ao preconceito, o resultado parece mais obscuro a cada dia.

Neste artigo, você viu que na China você não pode mais comprar um smartphone sem reconhecimento facial.

E você, já pensou em comprar um smartphone na China?

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Fonte: Venture Beat

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