Olá Linux, até logo Windows!

A distribuição era o Linux Educacional que possuía, a meu ver, um design estranho. Além disso, bugs que irritavam e funcionalidades esquisitas e complicadas para dominar me causaram extrema repulsa ao sistema. A impressão de que era algo difícil e apenas de nicho perduraram por um bom tempo na minha cabeça em relação ao mundo Linux.

Embora com essas barreiras na mente, quanto mais eu pesquisava e me inteirava sobre o assunto, mais aumentava a minha paixão e admiração pela filosofia do software livre e do código aberto. Conhecimento de tudo, para todos. Construir algo maior e concreto para todos. E por muito tempo foi apenas um foco de pesquisa, me arriscava um pouco em uma distro ali, um pouco em outra distro lá e assim fui até a tomada de decisão. Portanto, a decisão foi um processo longo e gradual e se baseou em quatro tópicos, os quais enumero a seguir.

Liberdade do Linux

No mundo Linux você pode ter o controle de tudo. Desde a forma como o sistema vai iniciar, quanto de memória ele vai usar e quais coisas estão em quais lugares – isso é fantástico. Ter a liberdade de poder ver e entender o que está acontecendo, construir, e com isso crescer e ajudar os outros a crescer é algo espetacular. Então, resolvi tentar fazer parte deste mundo e ajudá-lo a desenvolver.

Otimização do Linux

Você tem a possibilidade de total controle sobre o quanto está utilizando de seus recursos, qual processo está usando, o que e como. Além disso, modificar o sistema para ele rodar do jeito que você precisa. Isso é uma mão na roda em especial naqueles momentos em que temos um computador muito antigo ou com o hardware defasado e precisamos usar os recursos da melhor maneira possível. Esses últimos, que são vendidos como a solução para os problemas do usuário doméstico comum, são os piores. Deste modo, chegam até a me causar espanto pela existência. Sim, estou olhando para vocês, serezinhos horrendos de loja de conveniência da esquina. Para mim, essas máquinas nem poderiam ser chamadas de computadores.

Estabilidade e atualização do Linux

Já acabou-se o tempo em que as distribuições baseadas em Linux eram sinônimo de insegurança e instabilidade. Em algumas áreas da vida existe a chance de quanto mais pessoas usarem um serviço ou produto, pior ele ficará. Contudo, no mundo das distribuições Linux, isso ocorre na proporção inversa. Quanto mais pessoas estão a usar e trabalhar em algo, melhor ele fica.

Achou algum bug? Reporte e de maneira rápida isso será resolvido. Precisa melhorar ou de alguma função nova? Faça você mesmo do seu jeito ou ainda dê a ideia. Com certeza, no mundo do software livre alguém vai abraçar o seu ideal e juntos farão acontecer.

A obrigatoriedade de atualização é mínima em uma grande variedade de distros. Atualizar ou não é uma escolha sua pois você tem a segurança de que seu sistema não vai quebrar caso opte por não atualizar de imediato ou de até não mudar nada e deixar como está.

Segurança do Linux

É inegável que a segurança no ambiente Linux é mais elevada se comparada ao Windows. Tanto por conta dos usuários, do mercado e da estrutura que foi adotada para seu desenvolvimento. Vírus para Linux são rapidamente detectados e as correções são feitas. O próprio fato de existirem muitas distribuições e muitas versões de uma mesma distro ajuda a mitigar os riscos e danos pois cada distribuição e versão é diferente em muitos aspectos entre si.

Escolhendo a Distribuição Linux

Se você é como eu e quer aventurar e aprender coisas novas e, ao mesmo tempo, deseja estabilidade e não muita dor de cabeça, recomendo as distribuições mais antigas. Além de mais estáveis, geralmente possuem uma boa documentação. Assim, este é caso do Debian, Fedora, Ubuntu etc.

A leitura deste artigo do SempreUpdate  vai dar uma boa noção sobre qual escolha fazer.  Escolhi o Debian por gostar bastante da ideologia e do jeito que as coisas funcionam nele. Caso o Debian também seja a sua escolha, há um artigo onde você pode aprender a instalar o Debian, é um artigo para iniciantes.

Frustrações e desilusões

Longe do Windows ser essencialmente um SO ruim. Afinal, se tratando de ambiente desktop ele é lider de mercado e isso não pode ser apenas fruto da propaganda. Usuários leigos querem design e facilidade, mesmo que essa facilidade venha através de gambiarras. Seja pelo marketing ou pelas parcerias comerciais, o Windows é o sistema que boa parte da população tem como o queridinho.

Embora em passos miúdos, o Linux está a crescer em ambientes desktop, mesmo que a sua participação de mercado não chega nem a 10%. Para os entusiastas, todo ano é o ano do linux. Porém, vem ano e passa ano e bem sabemos que isso não é a realidade.

A baixa participação pode ser explicada por um fator muito simples, a preguiça. Nós temos preguiça de aprender, duvidar, arriscar. Se funciona quando eu preciso, pra que mudar? Aquele velho ditado “Não se mexe em time que está ganhando” se faz tão presente quanto possível nesses casos.

Resistência a mudanças

Já vi grandes empresas e indústrias que até hoje continuam usando o Windows XP conectado à internet. Fazem isso mesmo sabendo de todas as vulnerabilidades e problemas que isso proporciona. E o motivo principal para a escolha era a pura e simples frase “Sempre deu certo e a gente sabe mexer, porque trocar?“.

“Não querem arriscar e sair da zona de conforto, mesmo que isso só traga benefícios. Ao invés de realmente tomar controle e responsabilidade pelos processos, preferem deixar tudo jogado à sorte das gambiarras. Se der pra resolver e funcionar quando eu precisar, tá tudo ok!”

Nunca levei essas ideias lá muito a sério. Tenho como filosofia pessoal o de sempre estar evoluindo mesmo que seja de uma maneira lenta e gradual, porém sempre constante. Filosofia essa que veio totalmente de encontro com os pensamentos do software livre e aberto e ao site. Portanto, aqui estou eu. E, para mim, ficar no Windows não dá mais.

A questão da privacidade do Linux

No Windows, especialmente no Windows 10 por ser desenvolvido com a proposta de ser um sistema operacional hibrido e que está sempre em contínua evolução, questões relacionadas a privacidade são um tanto quanto sensíveis, porque para você conseguir desfrutar de toda a experiência e recursos do sistema o ideal é que a todo momento exista a troca de informações entre o seu computador e os servidores remotos da Microsoft.

E também o fato de que mesmo desativando a telemetria, ela sempre volta depois de toda atualização sendo muitas vezes difícil ou impossível de bloquea-la completamente. Por vezes a lista de hosts bloqueados eram completamente ignorados pelo sistema, mesmo quando listados no roteador. Esse foi o ponto decisivo que mais pesou para a minha mudança de vez para o debian.

Liberdade

Eu posso escolher e montar o sistema de acordo com a minha necessidade e decisão, de maneira infinita. Tantas opções muitas vezes torna cada mudança algo bastante complicado a primeiro momento. Porém, ao longo do tempo você se acostuma e enxerga que quanto mais opções existirem, melhor se torna e que quanto mais pessoas estiverem neste meio mais coisas poderão ser feitas e de uma maneira muito melhor. A liberdade não tem limite, pois está condicionada à própria noção e desejo.

Algo que me irritava bastante eram as atualizações automáticas que por vezes me obrigaram e cancelar todo um trabalho, seja de renderização de vídeo, seja de compilação de programa para que eu reiniciasse o computador e instalasse todas as mudanças.

Bugs e estabilidade 

Você ter controle de tudo traz um poder e segurança para todas as suas atividades que o Windows, pelo menos não da forma em que é hoje, nunca vai proporcionar. A forma como tudo é desenvolvido e testado no Debian garante uma ótima segurança de que aquelas rotinas estão muito bem trabalhadas, sincronizadas e livre de bugs. Além do mais, há uma certa garantia de que o sistema não vai deixar você na mão quando precisar.

Curiosidade: o motivo pelo qual coloquei essa foto é bem significativo. Os dois personagens são do anime ”Nanatsu no Taizai”, Escanor e Meliodas, respectivamente. Nanatsu no Taizai é uma boa pedida para quem tem interesse em conhecer uma boa obra-prima.

Existe uma rixa entre os dois para definir quem é o mais forte dentro do grupo.  Escanor representa o Linux pois se você conhece pouca coisa, a sua experiencia provavelmente vai ser comprometida muito. Além disso, poderá se sentir um ser pequeno em uma imensidão de escuridão. Contudo, se você o conhece mesmo que de maneira ainda iniciante fará coisas incríveis.

Por outro lado, o Meliodas representa o Windows. Então, se você conhece, segue e respeita suas diretrizes uma boa parte dos problemas já estará resolvida.

Enfim, ele se mostra um bom sistema operacional. Porém, a meu ver, é uma bomba relógio. Dessa forma, a qualquer momento pode explodir e fazer um belo estrago.

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