Cisco IOS XE: falha crítica permite upload de arquivos e execução de código

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Jardeson Márcio
Jardeson é Jornalista, Mestre em Tecnologia Agroalimentar e Licenciado em Ciências Agrária pela Universidade Federal da Paraíba. Entusiasta no mundo tecnológico, gosta de arquitetura e design...

A falha de segurança CVE-2025-20188, identificada no software Cisco IOS XE WLC, acaba de ganhar destaque após a publicação dos detalhes técnicos que facilitam sua exploração. Classificada como de gravidade máxima, essa vulnerabilidade permite upload arbitrário de arquivos, o que pode levar a uma execução remota de código com privilégios de root, especialmente em ambientes corporativos que utilizam controladores de rede sem fio da Cisco.

Vulnerabilidade crítica no Cisco IOS XE coloca redes corporativas em risco

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Entendendo a falha no Cisco IOS XE

A Cisco divulgou a falha em 7 de maio de 2025, apontando o problema para o recurso “Download de imagem de ponto de acesso fora de banda”, presente em dispositivos específicos como:

  • Catalyst 9800-CL (para nuvem)
  • Controladores integrados em switches Catalyst 9300, 9400 e 9500
  • Controladores sem fio da série Catalyst 9800
  • Pontos de acesso Catalyst com controlador embutido

A vulnerabilidade ocorre devido a um JSON Web Token (JWT) codificado no backend do sistema, permitindo que um invasor não autenticado envie arquivos para locais não autorizados dentro do sistema, com consequências potencialmente devastadoras.

A análise do Horizon3 e os riscos de exploração

O grupo de pesquisa em segurança Horizon3 publicou um estudo detalhado que, embora não inclua um código de exploração pronto, oferece informações suficientes para criação de um exploit funcional.

A análise mostra que o backend do Cisco IOS XE utiliza scripts OpenResty (Lua + Nginx) para validação de tokens JWT. Em caso de ausência da chave de verificação (/tmp/nginx_jwt_key), o sistema recorre a um segredo embutido (“notfound“), o que permite que qualquer atacante gere tokens válidos e contorne a autenticação com facilidade.

Além disso, a solicitação POST enviada ao endpoint /ap_spec_rec/upload/ na porta 8443 possibilita o envio de arquivos com nomes manipulados para escapar do diretório padrão — abrindo caminho para substituição de arquivos críticos, instalação de shells web ou execução de comandos arbitrários.

O Horizon3 cita ainda o serviço pvp.sh, que monitora arquivos específicos, como vetor adicional para escalação da vulnerabilidade a execução remota de código.

Impacto direto nas redes corporativas

A exposição dessa falha afeta diretamente ambientes empresariais e redes governamentais que confiam em soluções Cisco. A natureza da vulnerabilidade — que permite invasores operarem com privilégios de root — torna-a um alvo altamente atrativo para grupos de cibercriminosos.

Dado que as informações técnicas já estão públicas, é apenas questão de tempo até que exploits plenamente funcionais circulem em fóruns clandestinos e sejam utilizados em ataques em larga escala.

Medidas de mitigação e atualização urgente

A Cisco já disponibilizou uma correção na versão 17.12.04 ou superior do IOS XE. A recomendação imediata é que os administradores de sistemas:

  • Atualizem os dispositivos afetados para a versão corrigida;
  • Desativem temporariamente o recurso de download de imagem fora de banda, caso a atualização imediata não seja possível.

Projeção: o que esperar a seguir

Com precedentes como o ataque ao SolarWinds e outras falhas críticas em dispositivos de rede, essa vulnerabilidade reforça a urgência de auditorias constantes de segurança em infraestrutura de rede. Além disso, destaca a importância de não depender de mecanismos de autenticação fracos ou embutidos.

Em um cenário onde ameaças de estado-nação e cibercrime organizado se tornam mais sofisticadas, brechas como a CVE-2025-20188 podem ser a porta de entrada para comprometer infraestruturas críticas inteiras. A resposta rápida das equipes de TI e o acompanhamento de atualizações e patches da Cisco serão essenciais nos próximos dias.

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