A próxima grande versão do sistema operacional focado em privacidade, o Tails 7.0, já pode ser testada com o lançamento de seu primeiro release candidate (rc1). É o início de uma nova era para quem depende do Tails no dia a dia — não apenas um “update”, mas uma troca de fundação: agora o sistema se apoia no Debian 13 “Trixie” e traz o GNOME 48 no desktop. O que isso muda para você? Mais compatibilidade com hardware recente, atualizações de segurança por mais tempo e um ambiente pronto para os próximos anos de desenvolvimento.
Uma nova base com Debian 13 e GNOME 48
Trocar a base do sistema é como reformar a casa por baixo dos nossos pés. Dá trabalho, mas o resultado aparece no uso real: drivers mais modernos, pilha gráfica atualizada, bibliotecas recentes e correções que abrem caminho para melhor desempenho e estabilidade. Com o Debian 13 “Trixie”, o Tails 7.0 herda um ecossistema de pacotes mais novo e políticas de segurança refinadas — uma combinação vital quando o foco é anonimato e redução de superfície de ataque.
No desktop, o salto para o GNOME 48 melhora a experiência do usuário em pequenos detalhes que fazem diferença: suporte refinado ao Wayland, ajustes de usabilidade e uma base mais preparada para monitores de alta resolução. Em termos práticos, a interface fica mais consistente e previsível, algo importante num sistema que prioriza discrição e confiabilidade.
Principais mudanças e softwares atualizados
O rc1 do Tails 7.0 vem para alinhar o conjunto de aplicativos às versões mais recentes fornecidas pelo Debian 13. O objetivo é simples: entregar ferramentas modernas, mantidas ativamente e integradas ao fluxo de trabalho de segurança do projeto. Em linhas gerais, espere:
- Base do sistema: Debian 13 “Trixie” (bibliotecas e toolchain atualizados).
- Ambiente gráfico: GNOME 48 com melhorias de usabilidade e Wayland.
- Navegação anônima: Tor e ferramentas associadas atualizadas para maior compatibilidade.
- Comunicação: cliente de e-mail e utilitários de rede acompanhando o novo baseline do Debian.
- Segurança e criptografia: stack renovada para correções recentes e suporte a formatos modernos.
- Kernel e drivers: conjunto mais novo, com melhor suporte a hardware recente.
Além das atualizações, o projeto removeu componentes legados que perderam manutenção upstream ou que foram substituídos por alternativas mais seguras. Isso reduz a superfície de ataque e simplifica a manutenção a longo prazo.
Atenção, testadores: problemas conhecidos
Como esta é uma versão de testes, há questões importantes que você precisa saber antes de instalar:
- Novo requisito mínimo de memória: agora são 3 GB de RAM (antes, 2 GB). A equipe estima que a mudança impacte menos de 2% dos usuários atuais — mas, se você roda o Tails em máquinas bem antigas, vale checar antes de atualizar.
- Inicialização mais lenta: o tempo de boot está cerca de 35% mais lento neste rc1. O plano do time é otimizar esse processo e entregar um boot mais rápido na versão final.
Nada disso compromete a utilidade do rc1 para testes, mas é essencial ajustar a expectativa: bugs podem aparecer, e é justamente por isso que o projeto precisa do seu feedback agora.
Como ajudar a testar
Quer contribuir de forma prática para que o Tails 7.0 chegue sólido no lançamento estável (previsto para 16 de outubro)? Aqui vai um roteiro simples:
- Baixe o rc1 pelo site oficial do Tails e verifique a integridade da imagem como de costume.
- Grave em um USB usando o instalador recomendado pelo projeto. Se você utiliza armazenamento persistente, faça backup antes de migrar.
- Teste cenários reais: navegação com Tor, envio e recebimento de e-mails, criação e uso do volume persistente, uso de impressoras, Wi-Fi/Bluetooth, monitores externos, equipamentos mais antigos e notebooks modernos.
- Colete evidências: anote passos para reproduzir problemas e, quando possível, capture logs.
- Reporte os bugs nos canais de suporte/issue tracking do Tails com o máximo de detalhes (hardware, passos, mensagens de erro). Relatos claros aceleram correções.
Quanto mais diversa a base de testes — diferentes máquinas, adaptadores de rede, resoluções, fluxos de trabalho — melhor. É assim que um sistema voltado à privacidade se torna não só seguro no papel, mas também confiável na rua, no café e numa viagem de trabalho.