A recente decisão da Meta de expandir sua inteligência artificial para 22 países na América Latina, excluindo o Brasil, é um movimento que levanta muitas questões. O país, um dos maiores mercados da dona do Facebook e Instagram na região, ficou de fora devido a entraves regulatórios e questões de política de dados. Isso levanta um debate acalorado no setor de tecnologia e entre os consumidores, que se sentem prejudicados pela exclusão. Sobre o tema, Fernando Nery, traz sua opinião sobre o tema.
A autoridade brasileira de dados, Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), impôs restrições que a empresa da Mark Zuckerberg considera complicadoras para a implementação de suas novas ferramentas de IA. Em contraste, países como Argentina, Chile, Colômbia e México receberam as atualizações sem obstáculos semelhantes. A decisão da ANPD tem como principal objetivo proteger a privacidade e os dados dos brasileiros, mas traz uma questão de até que ponto essas regulamentações estão dificultando o progresso tecnológico no país.
A exclusão do Brasil cria uma desvantagem competitiva, uma vez que sem acesso às inovações, startups e desenvolvedores podem enfrentar dificuldades para impulsionar seus negócios. A falta de novas tecnologias pode colocar o País atrás de seus vizinhos em termos de desenvolvimento tecnológico e inovação, afetando negativamente a economia digital do país.
Por outro lado, os representantes da ANPD argumentam que as regulamentações são necessárias para proteger a privacidade e os dados dos cidadãos. Eles afirmam estar abertos ao diálogo com a Meta para encontrar soluções que permitam a introdução das novas tecnologias sem comprometer a segurança dos dados. Este é um ponto importante, pois a proteção dos dados pessoais é uma preocupação crescente em todo o mundo, e qualquer nova tecnologia deve ser implementada com esse cuidado em mente.
A empresa, por sua vez, expressa esperança de que o Brasil possa ser incluído nas próximas fases de lançamento, à medida que as questões regulatórias sejam resolvidas. A empresa está disposta a trabalhar com as autoridades brasileiras para garantir que suas tecnologias possam ser introduzidas de maneira que respeite as leis e proteja os consumidores. Este diálogo entre a companhia e a ANPD é essencial para encontrar um equilíbrio entre inovação tecnológica e proteção de dados.
O fato de o Brasil ter ficado de fora dos lançamentos é uma situação complexa que envolve regulamentações rigorosas e a necessidade de proteger a privacidade dos dados dos cidadãos. No entanto, é necessário que ambas as partes encontrem uma solução que permita ao País se beneficiar das inovações tecnológicas sem comprometer a segurança dos dados. A cooperação entre a Meta e a ANPD pode abrir caminho para um futuro onde a tecnologia avançada e a proteção de dados coexistam de maneira harmoniosa, beneficiando tanto os consumidores quanto o mercado de tecnologia brasileiro.
Sobre o autor: Fernando Nery é CEO e co-fundador da fintech Portão 3, uma plataforma de gestão de pagamentos e despesas corporativas para mais de 800 empresas da América Latina.