<strong>Conectividade significativa, habilidades digitais e os impactos da tecnologia na educação são temas de debate em São Paulo</strong>

<strong>Conectividade significativa, habilidades digitais e os impactos da tecnologia na educação são temas de debate em São Paulo</strong>

O debate “Habilidades e competências digitais em um cotidiano cada vez mais conectado” marcou o lançamento, nesta segunda-feira (21), das edições 2021 das publicações TIC Domicílios, Kids Online Brasil, Educação e Empresas, pesquisas do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), conduzidas pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O painel de discussão, mediado por Fernando Almeida (PUC-SP), foi composto por Sonia Jorge (Global Digital Inclusion Partnership – GDIP), Magdalena Claro (Universidade Católica do Chile) e Mario Volpi (Unicef), e teve como fio condutor os resultados dos levantamentos do Cetic.br|NIC.br.

Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br, destacou durante a abertura do encontro o compromisso do NIC.br e do CGI.br, ao longo dos últimos 18 anos, com a produção de estatísticas públicas sobre a Internet e as tecnologias digitais no Brasil.

“Esses dados têm sido fundamentais para guiar a elaboração de políticas públicas, para as pesquisas acadêmicas e, sobretudo, para orientar o debate relativo à inclusão digital no país nas suas múltiplas dimensões”. Barbosa complementou que “a promoção de habilidades digitais é central para o enfrentamento dos riscos associados ao novo cenário de digitalização, incluindo os relativos à desinformação, a relação com as plataformas digitais e a proteção de dados pessoais”. Daniela Costa e Fabio Storino, analistas do Cetic.br|NIC.br, apresentaram alguns dos principais indicadores presentes nas publicações lançadas nesta segunda-feira.

Na sequência, o evento contou com palestra do professor Paulo Blikstein, da Universidade de Columbia (EUA), que apresentou uma reflexão sobre os desafios para integrar as tecnologias digitais na educação. Na avaliação de Blikstein, os processos de digitalização não necessariamente resultam em avanços para a educação, podendo até aprofundar assimetrias.

Ele citou alguns desafios identificados nos estudos conduzidos pelo Cetic.br: desigualdades no acesso à Internet, falta de conectividade de qualidade em grande parte das escolas no país, e uso de celular como único meio de conexão à rede para uma parcela significativa da população brasileira. “Descobrimos, com as pesquisas, que estamos muito longe de usar a Internet nas escolas de uma forma pedagogicamente sólida”, comentou.

Para Blikstein, a tecnologia não deve se ocupar de digitalizar o “antigo”, mas sim em criar uma nova escola capaz de apaixonar o aluno e mantê-lo nela. “Isso parece caro, mas é mais barato do que ter uma geração de adolescentes fora da escola”.

Painel

Primeira a falar no painel “Habilidades e competências digitais em um cotidiano cada vez mais conectado”, Sonia Jorge, Diretora-executiva da Global Digital Inclusion Partnership (GDIP), enfatizou a importância da conectividade significativa, um conceito que busca estabelecer parâmetros mínimos para que as pessoas possam aproveitar as oportunidades online.

Sonia Jorge mencionou, ainda, lacunas de gênero existentes no Brasil e na América Latina, onde muitas mulheres não possuem dispositivos e conexão adequados para acessar a Internet, por terem rendimentos inferiores em relação aos homens. “Do ponto de vista da conectividade significativa, é importante não só medir, mas termos a responsabilidade de atacar essas disparidades que os dados revelam”, recomenda, referindo-se aos indicadores das pesquisas do Cetic.br.

Em sua explanação, Magdalena Claro, Diretora do Centro de Estudos de Políticas e Práticas em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Chile, falou da relevância do papel de mediador exercido pelos professores no acompanhamento das novas gerações, e como os jovens usam a tecnologia para o bem-estar e para o aprendizado. “O digital não é só uma oportunidade para melhorar o que fazemos, mas algo que desafia o sentido da educação”.

Mario Volpi, Oficial de Programas do Fundo das Nações Unidas para a Infância — UNICEF – ressaltou que, durante a pandemia, houve uma precarização do ensino, uma vez que a educação remota não aconteceu de forma estruturada e planejada, levando para a tela apenas aquilo que se fazia em sala de aula. “Isso teve um impacto grandioso na dificuldade e na falta de aprendizagem de crianças e adolescentes”.

De acordo com Volpi, o grande desafio atual quando se menciona a recomposição da aprendizagem é saber o que os estudantes assimilaram. “A partir daí, poderemos complementar com aquilo que é importante em termos de habilidades, conceitos, para a vida, para a profissão, para as relações, para a saúde e para o desenvolvimento”. Volpi afirma que é necessário fugir da ideia de que as tecnologias vão resolver todos os problemas e que os princípios baseados nos direitos humanos são fundamentais na discussão sobre inclusão digital.

Indicadores e análises

Os livros lançados durante o evento trazem artigos de especialistas sobre temas relacionados às pesquisas TIC, além de relatório metodológico e análise dos resultados. As publicações das pesquisas TIC Domicílios, Kids Online Brasil, Educação e Empresas estão disponíveis para download aqui.