A mudança do ambiente de desktop padrão Ubuntu do Unity para o GNOME, agora ganhou mais força. Como você já deve ter lido, o Ubuntu agora terá o GNOME como ambiente de desktop e não mais o Unity. Mas muita coisa estava sem respostas, e muitas especulações nas fóruns estavam surgindo.
Para alguns a Canonical fez isso apenas por conta de dinheiro e por ter encerrado a ideia da convergência Ubuntu, outros dizem que é um crise financeira na empresa que gerou muitas demissões. Bom, ao que parece foi ou é um pouco de tudo, mas especialmente problemas no desenvolvimento.
A grande novidade é que um desenvolvedor da Canonical, que faz parte do time de Desktop, o Iain Lane, resolveu fazer uma matéria em seu blog, ao meu ver parece um grande desabafo, onde ele conta dificuldades técnicas em torno do Unity, até mesmo problemas com relacionamento com outros tivemos de desenvolvimento.
O que o desenvolvedor da Canonical disse sobre o transição do Ubuntu ?
Iain começa dizendo que trabalha na Canonical no time de desktop Ubuntu, especificamente na ilha de lançamento de versões do Ubuntu a cada 6 meses. Ele trata a transição como uma grande tarefa, pois dada a missão de fazer algo muito suave para os usuários do Ubuntu, sem esquecer das decisões de design do upstream.
Ele conta que alguns aplicativos do GNOME não funcionaram muito bem com o Unity. Um bom exemplo são as barras de cabeçalho e os menus. Unity tinha uma barra de menu global na parte superior da tela e, posteriormente, uma mudança para colocar esses menus na barra de título da janela (chamados menus integrados localmente ou LIM para abreviar). Quando uma janela é maximizada, sua barra de título se funde com o menu superior para lhe dar mais espaço na tela. É uma parte do design do Unity, mas não funcionou muito bem com as barras de cabeçalho. Não é possível mesclá-los na barra superior, e seu design fez as aplicações se comportarem fora de lugar planejado.
O que o LIM fazia no Unity ?
Ele deveria mostrar os menus na barra de título da aplicação, mas apenas barras de cabeçalho lá, sem nenhuma barra de título, e assim não havia lugar para mostrar os menus. Ele conta que nunca resolveu esse problema.
Em relação às barras de cabeçalho, muitos aplicativos do GNOME também fizeram alterações na forma como eles exibiam os menus, na maioria dos casos reduzindo-os para um nível superior, o que gerava alguns problemas no Unity.
Trabalharam com o GNOME para desenvolver recursos para permitir que as aplicações se adaptassem as interfaces de usuário se o ambiente de desktop tivesse preferência de mostrar menus. De certa forma, foi um bom exemplo de colaboração, mas em outros casos, como o de criar múltiplas IUs que os desenvolvedores de aplicativos precisavam dar suporte para parecer “nativo” tanto no GNOME Shell quanto no Unity.
Tentaram criar patches para aplicativos afim de habilitar o suporte nesses casos. Alguns desenvolvedores upstream aceitaram isso, mas outros, compreensivelmente, não queriam manter o código que não estavam usando ou testando.
Então ficavam presos com um monte de patches para aplicações que não eram interessantes, e era um pouco cansativo manter isso. O mais irritante, era manter um patch para adicionar uma estrutura de menu completo que havia sido removida totalmente.
Isso significa acompanhar as mudanças de características e projetar uma maneira lógica de definir os menus, mas fazer isso um a um. Portanto, a equipe considera uma maravilha remover esse tipo de patch, e os designers e desenvolvedores do GNOME terão seu trabalho entregue aos usuários do Ubuntu como eles pretendiam desde o começo.
Problemas de relacionamento entre times de devs e usuários!
Iain diz que há alguns problemas, um número muito grande de usuários do Ubuntu que estão acostumados com a forma de como o Unity funciona atualmente. Eles tem se preocupado muito com esses usuários, e querem garantir que eles estejam satisfeitos com sua área de trabalho depois de migrar tudo para o GNOME.
É preciso percorrer um longo caminho ao admitir que há um certo período inevitável de ajuste que os usuários precisarão passar. Mas haverá ocasiões em que, no Ubuntu, ocorrerá um verdadeiro desacordo com grandes decisões a serem tomadas.
Ele cita uma pesquisa realizada por Ken VanDine da equipe da Canonical Desktop. É interessante ler os resultados dessa pesquisa, particularmente onde os pontos de vista tendem fortemente a favor de permitir extensões específicas, como também criar uma responsabilidade para implementar o recurso.
Mas não é? O próximo passo necessário, que está em curso, é discutir os resultados com o GNOME e tentar chegar a uma resolução em cada questão. Em muitos casos, mesmo que as solicitações do Ubuntu não seja totalmente acordadas, será possível implementar uma configuração que possa ser modificada posteriormente.
Iain cita a dificuldade em fazer os ajustes tendo que respeitar as decisões do upstream, e isso tem irritado a equipe, e ao mesmo tempo se fizer o que o upstream quer, eles podem deixar os usuários irritados, e aí estão numa sinuca de bico, com quem os desenvolvedores do desktop devem se importar ? O time do upstream ou usuários?
Bom, ele encerra o texto dizendo que vai ser um lançamento interessante, e que algumas coisas ainda não estão prontas e podem não ser entregues a tempo. Cita que há relações a serem construídas e alguns erros que podem ser cometidos ao longo do caminho.
Caso tenha interesse leia o artigo do Iain completo em seu blog, o texto está em inglês: