Vacina para a COVID-19 é vendida livremente na darknet

Vacina para a COVID-19 é vendida livremente na darknet

Os cibercriminosos não param de agir e tentar faturar em cima da pandemia. O mais recente golpe é a venda falsa de vacina para a COVID-19 na darknet. O número de anúncios falsos cresceu cerca de 400%. A descoberta é da divisão Check Point Research (CPR), braço de Inteligência em Ameaças da Check Point® Software Technologies Ltd. No início de dezembro de 2020, os pesquisadores da empresa relataram como uma série de vacinas e medicamentos falsificados contra o Coronavírus estavam disponíveis e à venda na darknet. Foram identificados vários fornecedores anunciando vacinas com preços a partir de US$ 250. 

Obviamente, o fato de os medicamentos serem oferecidos na darknet significa que os compradores não têm como saber se são genuínos.Além disso, todos os fornecedores encontrados pelos pesquisadores da Check Point só aceitavam pagamentos em Bitcoin, minimizando a chance de as transações serem rastreadas e lançando dúvidas sobre a autenticidade dos medicamentos vendidos.

Quando os pesquisadores se comunicaram com um fornecedor, ele ofereceu para venda uma vacina não especificada da COVID-19 por 0,01 BTC (cerca de US$ 300) e alegou que seriam necessárias 14 doses, o que certamente não corresponde à dosagem recomendada de nenhuma das vacinas aprovadas.

Vacina para a COVID-19 é vendida livremente na darknet

Em dezembro, várias vacinas haviam sido aprovadas e a maior campanha global de imunização já está em andamento, com quase 30 milhões de doses de vacina administradas às populações de mais de 40 países. Entretanto, isso não impediu os fornecedores de darknet de divulgarem ofertas falsas de vacinas.

Ao contrário, o número de anúncios de vacinas explodiu e os preços dobraram ou até quadruplicaram de valor. Na avaliação da Check Point, isso pode ter relação com um aumento na demanda de indivíduos que não desejam esperar semanas ou meses para serem imunizados em seus países.

Nesta atualização, os pesquisadores acompanharam a análise anterior para mostrar como o mercado clandestino de vacinas está se desenvolvendo e como as transações na darknet não são confiáveis.

Análise do mercado darknet para vacinas

A pesquisa da Check Point teve início em dezembro, cujo resultado foi publicado no primeiro relatório no dia 11 daquele mês. Neste período, as vacinas da COVID-19 se tornaram oficialmente disponíveis em todo o mundo. As atualizações dos pesquisadores comparam as informações encontradas com as novas descobertas feitas durante a primeira semana de janeiro de 2021.

Inicialmente, a pesquisa por vacinas da COVID-19 na darknet resultou em várias páginas de centenas de ofertas, o que representou um aumento geral de 400% de anúncios desde o início de dezembro do ano passado.

A captura de tela a seguir mostra uma consulta de pesquisa simples que retornou mais de 340 anúncios, em 34 páginas, em comparação com apenas oito páginas de resultados de uma consulta semelhante realizada no início de dezembro.

Preços subiram

Os preços das vacinas também aumentaram significativamente. No relatório anterior da Check Point, o preço médio era de US$ 250. Agora, essa recente pesquisa mostra que os fornecedores dobraram ou até quadruplicaram seus preços, pedindo US$ 500 ou até US$ 1.000 por uma dose não especificada.

A número de marcas de vacinas também mudou. Antes de as vacinas aprovadas começarem a ser distribuídas globalmente, havia fornecedores oferecendo-as com a indicação “fabricadas na China”’, que não tinham marca e não eram aprovadas pela FDA (Food and Drug Administration, agência dos Estados Unidos). Desde a distribuição global de marcas aprovadas pela FDA, a maioria dos fornecedores, agora, está anunciando sua venda como marcas nomeadas ou simplesmente não especificando a marca da vacina.

Entregas de vacinas sem garantias

Para testar como se dá uma transação de darknet, os pesquisadores fizeram um pedido de uma dose de vacina de um fornecedor usando o aplicativo Telegram para a interação. Eles conseguiram os detalhes de contato e o número de telefone do fornecedor por meio de um fórum da darknet, o qual ofereceu uma vacina chinesa ao valor de US$ 750. 

O pagamento foi efetuado em Bitcoin, e os pesquisadores informaram seu endereço de entrega e solicitaram os detalhes do envio. Após alguns dias sem resposta, eles receberam uma mensagem do fornecedor dizendo que a vacina havia sido enviada para o endereço indicado. Pouco tempo depois, a conta do fornecedor foi excluída e os pesquisadores da Check Point “ainda estão esperando” receber o pacote com a vacina.

Crescimento do mercado darknet

Assim, os pesquisadores da Check Point verificaram que vários fornecedores afirmam oferecer doses de vacina a “granel”, não apenas doses únicas. Isso pode indicar o crescimento de um mercado negro que visa atrair aqueles que podem pagar para comprar grande quantidade de vacinas para seus familiares e amigos, sem esperar pelos programas oficiais de vacinação.

As preocupações e temores sobre a atual segunda onda de infecções é tal que as vacinas poderiam ser importadas e exportadas, contornando as regulamentações, e vendidas em um mercado paralelo. Jonathan Cushing, da Transparency International, uma organização de vigilância anticorrupção, emitiu um alerta semelhante em novembro.

Um dos fornecedores com quem os pesquisadores se comunicaram afirmou ser capaz de vender um pedido de 10 mil frascos, o suficiente para 5 mil pessoas (cada vacina deve ser entregue em duas doses, com 21 dias de intervalo). Devido ao tamanho da remessa, o fornecedor sugeriu enviá-la de três a quatro remessas diferentes, a um preço total de US$ 30.000.  

Então, é preciso evitar esse caminho, pois tentar comprar vacinas para a COVID-19 na darknet provavelmente terá apenas um resultado: acabar com a conta bancária do comprador.

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