A Organização Mundial de Saúde divulgou um estudo recente em 44 países da Europa, Ásia e América do Norte. O resultado é um alerta preocupante para o que vem ocorrendo na internet, especialmente entre os mais jovens. Segundo a pesquisa, o cyberbullying afeta uma em cada seis crianças na escola. O nome do estudo é Comportamento em Saúde de Crianças em Idade Escolar. Ele se concentra nos padrões de bullying e violência entre pares. A pesquisa monitora os comportamentos de saúde e os ambientes sociais de quase 280 mil meninos e meninas com idades entre 11, 13 e 15 anos.
Os dados mostram que o cyberbullying cresceu de 2018 para cá. Isso ocorre pela crescente digitalização das interações dos jovens, com impactos potencialmente profundos nas vidas dos jovens. Tudo ocorre porque os adolescentes passam cada vez mais tempo online. Assim, esses números destacam a necessidade urgente de intervenções envolvendo educadores, pais, líderes comunitários e formuladores de políticas para promover a segurança digital.
Veja as principais descobertas do estudo:
- Bullying: uma média de 6% dos adolescentes se envolve em bullying na escola. Esse comportamento é mais prevalente entre os meninos (8%) em comparação com as meninas (5%).
- Sofrer bullying: cerca de 11% dos adolescentes foram vítimas de bullying na escola, sem diferença significativa entre meninos e meninas.
- Cyberbullying: cerca de 12%, ou 1 em cada 8 adolescentes, relatam praticar cyberbullying. Os meninos (14%) têm mais probabilidade de relatar cyberbullying do que as meninas (9%). O dado reflete um aumento desde 2018, com os meninos passando de 11% e as meninas, de 7%.
- Sofrer cyberbullying: 15% dos adolescentes (cerca de 1 em cada 6) já sofreram cyberbullying, com as taxas próximas entre meninos (15%) e meninas (16%). Isso representa um aumento desde 2018, de 12% para 15% para meninos e de 13% para 16% para meninas.
- Agressões físicas: um em cada dez adolescentes já se envolveu em brigas, com uma diferença de gênero perceptível: 14% dos meninos versus 6% das meninas.
Cyberbullying afeta uma em cada seis crianças na escola
O cyberbullying afeta principalmente as meninas. Isso exige soluções direcionadas que promovam segurança digital, empatia e culturas escolares inclusivas, especialmente ao gênero. O cyberbullying traz desafios únicos para os adolescentes, estendendo-se além dos portões da escola para a segurança percebida de seus lares e vidas pessoais.
Saúde e direitos humanos
A pesquisadora Jo Inchley, Coordenadora Internacional do estudo HBSC, enfatiza: “O mundo digital, embora ofereça oportunidades incríveis de aprendizado e conexão, também amplifica desafios como o cyberbullying. Isso exige estratégias abrangentes para proteger o bem-estar mental e emocional de nossos jovens. É crucial que governos, escolas e famílias colaborem na abordagem dos riscos online, garantindo que os adolescentes tenham ambientes seguros e de apoio para prosperar.”
“Este relatório é um alerta para todos nós denunciarmos o bullying e a violência, sempre e onde quer que aconteçam”, afirmou Hans Henri Kluge, Diretor Regional da OMS para a Europa. “Com os jovens passando até seis horas online todos os dias, até mesmo pequenas mudanças nas taxas de bullying e violência podem ter implicações profundas para a saúde e o bem-estar de milhares de pessoas. Desde autoagressão até suicídio, vimos como o cyberbullying em todas as suas formas pode devastar as vidas de jovens e suas famílias. Isso é tanto uma questão de saúde quanto de direitos humanos, e devemos intensificar esforços para proteger nossas crianças da violência e dos danos, tanto offline quanto online.”
A OMS/Europa publicou recentemente seu primeiro “posicionamento” sobre a proteção de crianças contra danos online. Isso apoiará os governos na formulação de solicitações consistentes às empresas online e de tecnologia, com o objetivo geral de garantir ambientes online mais saudáveis nos quais as crianças possam prosperar