A Comissão Europeia iniciou uma investigação sobre uma parceria secreta entre o Google e a Meta, duas das maiores empresas de tecnologia do mundo, que teria visado menores de idade com anúncios em suas plataformas. O foco da investigação está em um programa piloto em que os anúncios do Instagram foram veiculados no YouTube, especificamente direcionados para jovens entre 13 e 17 anos. A prática teria violado as regras de proteção à privacidade online de menores, colocando as duas gigantes de tecnologia no centro de uma nova controvérsia.
Google e Meta sob investigação da UE por anúncios direcionados a menores
De acordo com um relatório do Financial Times, a Comissão Europeia está analisando de perto as evidências relacionadas a esse programa de anúncios, que teria sido realizado sem a devida transparência sobre o público-alvo e sem o consentimento explícito dos usuários mais jovens. Embora a investigação formal ainda não tenha sido aberta, a Comissão já solicitou uma série de documentos internos das duas empresas, como e-mails, apresentações e conversas internas, para entender melhor como esses anúncios foram segmentados e quais os dados usados para definir o público.
Esse escândalo surgiu após um relatório divulgado em agosto, que revelou que o Google teria encontrado uma maneira de burlar suas próprias políticas, usando uma estratégia para segmentar indivíduos menores de 18 anos, apesar de proibições explícitas para veicular anúncios voltados a esse público. Ao trabalhar com a Meta, o Google teria recomendado o foco de anúncios em um grupo de usuários rotulado como “desconhecido”, o que, de acordo com dados internos, englobava uma grande quantidade de menores de 18 anos.
O Programa Piloto e a Reação das Empresas
O Google e a Meta colaboraram com a agência de mídia Spark Foundry para lançar esse programa piloto inicialmente no Canadá, que depois foi expandido para os Estados Unidos. No entanto, após a revelação do escândalo, as empresas decidiram interromper a expansão do projeto para outros países e plataformas, incluindo outras propriedades da Meta, como o Facebook. A decisão foi tomada como resposta direta ao relatório que causou grande repercussão, já que envolveu uma violação das normas de publicidade e privacidade para menores de idade.
A Resposta do Google
Em meio à investigação, o Google afirmou que suas políticas de proteção à privacidade de menores são “líderes do setor” e que a empresa tem “salvaguardas robustas” para impedir a personalização de anúncios para esse público. A empresa também destacou que realizou treinamentos internos para garantir que suas equipes de vendas estejam cientes das políticas e responsabilidades da empresa. Embora o Google tenha se comprometido a adotar uma postura mais cautelosa, especialmente em relação a campanhas publicitárias voltadas para o público jovem, as duas empresas continuam a colaborar em diversas campanhas publicitárias nas plataformas de mídia social, incluindo o Instagram e o Facebook.
A resposta do Google incluiu uma série de reuniões virtuais com sua equipe de publicidade, nas quais foram reforçadas as políticas de privacidade e os regulamentos internos sobre o uso de dados de menores. Isso indica que, embora o incidente tenha gerado preocupações, o Google está tomando medidas para evitar que situações semelhantes ocorram no futuro.
O Papel da União Europeia na Regulação de Grandes Empresas de Tecnologia
Este caso não é um incidente isolado. A União Europeia tem se mostrado cada vez mais rigorosa na fiscalização das práticas das grandes empresas de tecnologia, especialmente quando o assunto envolve a proteção dos menores na internet. Em um movimento recente, a Comissão Europeia solicitou informações detalhadas ao YouTube, Snapchat e TikTok sobre como seus algoritmos recomendam conteúdos aos usuários, especialmente em relação a como eles afetam os adolescentes. Isso reflete uma crescente preocupação com a segurança e o bem-estar digital das gerações mais jovens, que frequentemente estão expostas a conteúdos e anúncios não filtrados.
Em países da Europa, como a Espanha, as discussões sobre a criação de etiquetas de saúde para smartphones também estão em andamento, o que pode alterar a forma como dispositivos móveis são usados por menores. Em um movimento similar ao de outros países, como a Austrália, a Suécia também está considerando políticas que poderiam limitar o uso de redes sociais por adolescentes, a fim de proteger sua saúde mental e privacidade.
Desafios e Perspectivas para o Futuro
O escândalo envolvendo Google e Meta levanta questões importantes sobre como as grandes plataformas de tecnologia estão lidando com a privacidade e segurança dos menores. Com a crescente pressão da União Europeia e de outras entidades reguladoras ao redor do mundo, é possível que novas regulamentações sejam implementadas para garantir que a publicidade direcionada e o uso de dados de menores sejam tratados com mais responsabilidade e transparência.
Por outro lado, a colaboração entre Google e Meta no mercado de publicidade online continua sendo forte, e é provável que ambas as empresas continuem a trabalhar juntas, embora com maior cautela, dada a atenção crescente sobre seus métodos de segmentação de anúncios. Isso deixa uma questão importante no ar: até que ponto as regulamentações serão eficazes para equilibrar as necessidades comerciais dessas empresas com a proteção real dos direitos dos consumidores mais jovens?