Durante anos, a Qualcomm manteve uma presença dominante na indústria de smartphones, fornecendo chips essenciais para gigantes como Samsung e Apple. No entanto, essa dependência está chegando ao fim. As duas líderes globais estão agora priorizando o desenvolvimento de soluções internas, mesmo que essas alternativas ainda não superem as ofertas da Qualcomm.
Samsung e Apple aceleram a ruptura com a Qualcomm para reduzir custos e aumentar autonomia
O desejo por independência técnica
A Apple já começou a transição com o lançamento do modem C1 no iPhone 16e, resultado de anos de pesquisa. Embora este chip ainda não esteja no mesmo nível dos modems Qualcomm, já representa um passo concreto em direção à autossuficiência. A empresa planeja usar seus modems internos nos futuros iPhones 17 e 17 Air, ampliando gradualmente o uso até alcançar toda a sua linha de dispositivos.
A Samsung, por sua vez, enfrenta um dilema com os processadores Snapdragon. Mesmo após adotar esses chips globalmente com a linha Galaxy S23, e repeti-los no Galaxy S25 por necessidade, a empresa continua investindo na evolução dos seus próprios chips Exynos. O futuro Galaxy S26 deve marcar a volta da divisão regional entre Snapdragon e Exynos, com o chip Exynos 2600 de 2 nm destinado a mercados como a Europa — um movimento que demonstra o esforço contínuo da marca para se libertar da Qualcomm.
Custos elevados impulsionam a mudança
Além da questão tecnológica, o fator financeiro tem sido decisivo. Produzir ou usar componentes internos reduz os gastos com licenciamento e aquisição. A Samsung, por exemplo, teve prejuízo de US$ 400 milhões ao adotar o Snapdragon em toda a linha Galaxy S25. A Apple, por sua vez, sempre apontou as altas taxas da Qualcomm como um problema significativo.
Embora os chips proprietários ainda não superem em desempenho os da Qualcomm, a diferença prática para o usuário comum é quase imperceptível — especialmente considerando o nível de maturidade que os smartphones atingiram.
A Qualcomm em posição vulnerável
A saída progressiva de seus dois maiores clientes deixa a Qualcomm em uma posição delicada. A empresa ainda é relevante, mas seu futuro parece incerto, com perdas contínuas de receita e queda na participação de mercado — especialmente após a Apple revelar que boa parte da linha iPhone 17 usará modems internos.
Embora a Qualcomm não vá desaparecer de imediato, seu domínio na indústria está em declínio. A transição das gigantes do setor indica uma mudança estrutural na forma como os smartphones são produzidos, e, embora isso represente o fim de uma era, também marca o início de uma fase mais competitiva e inovadora.