Vulnerabilidade Sitecore: RCE sem autenticação em milhares de servidores

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Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

Alerta urgente para usuários do Sitecore XP: uma cadeia de vulnerabilidades permite RCE pré-autenticação. Proteja-se agora!

A vulnerabilidade Sitecore recentemente divulgada representa uma grave ameaça à segurança de servidores corporativos que utilizam o CMS Sitecore XP. Trata-se de uma cadeia de exploração que permite a execução remota de código (RCE) sem a necessidade de autenticação, colocando em risco dados confidenciais, disponibilidade de serviços e a integridade de infraestruturas críticas.

Cadeia de vulnerabilidades no Sitecore XP expõe servidores a RCE sem autenticação

Neste artigo, explicamos como essa cadeia de falhas funciona, quais os riscos associados, quais versões estão vulneráveis e o que as organizações devem fazer imediatamente para se proteger. O alerta é urgente: a falha começa com um usuário pré-configurado e uma senha extremamente fraca (‘b’), evolui por uma série de vulnerabilidades, e pode ser explorada com ferramentas amplamente disponíveis.

O Sitecore é um dos CMSs corporativos mais utilizados no mundo, adotado por grandes marcas e empresas de diversos setores. Isso torna qualquer vulnerabilidade em sua plataforma algo de alta criticidade. A exploração dessa falha pode ocorrer antes mesmo de um invasor se autenticar, o que amplia ainda mais o risco e o alcance do ataque.

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Criptografia de disco Linux com LUKS: proteção visual dos dados sensíveis.

A cadeia de vulnerabilidades do Sitecore: uma visão geral

A cadeia de exploração descoberta se baseia na combinação de falhas existentes em diversas partes do Sitecore XP, exploráveis em sequência. Isso inclui autenticação fraca, falhas de upload de arquivos, permissões mal configuradas e execução remota via PowerShell. Quando combinadas, essas falhas permitem que um invasor não autenticado obtenha controle total do servidor.

O ponto de partida: a senha ‘b’ codificada e o usuário sitecore\ServicesAPI

O início da exploração ocorre por meio do usuário interno sitecore\ServicesAPI, uma conta que pode estar habilitada com a senha padrão codificada como ‘b’. Essa conta é usada em contextos legítimos pelo sistema, mas quando mal configurada ou não desativada corretamente, permite login remoto via APIs do Sitecore.

A autenticação não se dá pelas vias tradicionais, mas por um mecanismo que gera um cookie .AspNet.Cookies válido. Com esse cookie, o invasor pode realizar chamadas autenticadas ao backend, contornando controles normais de login.

A falha Zip Slip no Upload Wizard: gravando arquivos arbitrários

Com o acesso inicial em mãos, o próximo passo na cadeia de ataque é a exploração de uma vulnerabilidade de Zip Slip no componente Upload Wizard. Essa falha permite que arquivos maliciosos sejam descompactados em diretórios arbitrários do sistema de arquivos, inclusive fora da pasta de uploads prevista.

A falha ocorre devido à falta de higienização adequada nos caminhos dos arquivos durante o processo de upload de pacotes .zip. Isso permite que um atacante injete arquivos, como webshells, em diretórios acessíveis pelo servidor web ou mesmo substitua arquivos legítimos do Sitecore.

Exploração via Sitecore PowerShell Extensions (SPE): uma rota mais simples para RCE

Outra possibilidade de ataque ocorre quando o ambiente possui o Sitecore PowerShell Extensions (SPE) ou o Sitecore Experience Accelerator (SXA) instalado. Esses componentes ampliam as funcionalidades da plataforma, mas introduzem uma nova superfície de ataque.

Nesses casos, o invasor pode utilizar a conta obtida ou a falha de Zip Slip para injetar scripts PowerShell maliciosos diretamente no ambiente Sitecore. A execução desses scripts pode ser feita via endpoints expostos, permitindo execução remota de comandos no sistema operacional, sem autenticação adicional.

Impacto e risco: a escala da ameaça

Versões afetadas do Sitecore XP

A cadeia de vulnerabilidades afeta múltiplas versões do Sitecore XP, especialmente aquelas anteriores aos patches de maio de 2025. Segundo informações divulgadas pela comunidade de segurança, as versões do Sitecore XP 9.x até algumas iterações do 10.x estão em risco, caso não estejam devidamente atualizadas.

O número de instâncias expostas publicamente e o alcance da Sitecore

Relatórios preliminares indicam que milhares de instâncias Sitecore XP estão expostas à internet, muitas delas com os componentes SPE/SXA instalados e contas padrão ativas. Considerando o perfil corporativo da maioria dos usuários do Sitecore, o impacto potencial da exploração é devastador.

Empresas que utilizam o Sitecore para e-commerce, serviços digitais, intranets e portais de clientes estão particularmente vulneráveis. A possibilidade de comprometimento total da infraestrutura com um ataque não autenticado eleva o risco a um patamar crítico.

O risco iminente de exploração e a urgência de ação

Embora nenhuma campanha massiva de exploração tenha sido confirmada até o momento, os detalhes técnicos da cadeia de vulnerabilidade foram publicados recentemente, o que aumenta significativamente a probabilidade de ataques nos próximos dias.

Ferramentas automatizadas já estão sendo adaptadas para testar a falha. Portanto, a janela para aplicação de medidas preventivas é curta e crítica. Empresas que não agirem imediatamente podem se tornar alvos fáceis de campanhas oportunistas ou direcionadas.

Medidas de proteção: o que fazer agora para garantir a segurança

Aplicação imediata dos patches de maio de 2025

A medida mais urgente e eficaz é a aplicação dos patches oficiais de segurança liberados pela Sitecore em maio de 2025. Esses updates corrigem as vulnerabilidades exploradas e devem ser instalados em todos os ambientes de produção, homologação e testes.

Organizações devem seguir as instruções da Sitecore para garantir que todos os componentes afetados, incluindo SPE e SXA, estejam atualizados.

Rotação de credenciais, especialmente a do usuário sitecore\ServicesAPI

É fundamental realizar a rotação imediata das credenciais do usuário sitecore\ServicesAPI, bem como de quaisquer outras contas administrativas. Caso essa conta não seja necessária para a operação da instância, recomenda-se desativá-la completamente.

Além disso, é prudente revisar logs de acesso e identificar atividades suspeitas que possam indicar comprometimento anterior à aplicação dos patches.

Boas práticas de segurança para ambientes Sitecore e CMSs

Além da resposta imediata, organizações devem reforçar sua postura de segurança com práticas como:

  • Segmentação de rede para isolar servidores CMS de acesso direto externo.
  • Monitoramento contínuo de arquivos, processos e chamadas HTTP incomuns.
  • Auditorias periódicas de configuração, permissões e superfícies de ataque.
  • Desativação de componentes e serviços não utilizados, como SPE, se não forem estritamente necessários.

Essas medidas reduzem o risco de ataques futuros e fortalecem a resiliência da infraestrutura.

Conclusão: mantendo seu Sitecore seguro em um cenário de ameaças em evolução

A revelação dessa vulnerabilidade Sitecore mostra como uma cadeia de falhas aparentemente pequenas pode se transformar em uma porta de entrada crítica para invasores. Com uma simples senha codificada como ‘b’ e a combinação de componentes desatualizados, atacantes podem assumir o controle total de ambientes corporativos.

O cenário reforça a importância de monitoramento constante, gestão de vulnerabilidades eficaz e aplicação de boas práticas de segurança em sistemas CMS, especialmente em plataformas amplamente adotadas como o Sitecore.

É hora de agir. Aplique os patches, revise suas configurações e compartilhe este alerta com sua equipe técnica e rede de contatos. A proteção começa com a informação e a ação rápida.

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