O Kernel Linux está ganhando suporte a um ‘power slider‘ para SoCs da Intel, permitindo que os usuários escolham facilmente entre os modos de ‘performance‘, ‘equilibrado’ e ‘economia de energia‘ (low-power), de forma similar ao que já existe no Windows. Sabe aquela sensação de precisar de um gás extra para compilar um projeto ou, ao contrário, de querer espremer até a última gota da bateria em uma viagem? Pois é, essa novidade vem para resolver exatamente isso, de um jeito simples e direto.
Isso significa que, em vez de mexer em configurações complexas de CPU ou scripts de gerenciamento de energia, o usuário poderá usar a interface gráfica de seu ambiente de trabalho (como GNOME ou KDE) para ajustar rapidamente o comportamento do processador com um simples clique, otimizando para mais potência quando conectado à tomada ou para maior duração de bateria em trânsito.
O que é o novo ‘Power Slider’?
Pense nisso como um câmbio de marchas para o seu processador. A Intel, através de um novo driver para o Linux, está expondo um controle direto sobre a preferência de desempenho energético do SoC (System on a Chip). Essa funcionalidade, que em breve estará disponível em laptops com processadores mais recentes como os “Panther Lake”, oferece três perfis principais:
- Performance: Pisa fundo no acelerador. O processador dará prioridade máxima ao desempenho, ideal para tarefas pesadas como edição de vídeo, jogos ou compilação de código. O consumo de energia, claro, será maior.
- Equilibrado (Balanced): O modo padrão e, provavelmente, o que você usará na maior parte do tempo. Ele busca um meio-termo inteligente entre um bom desempenho e uma duração de bateria razoável. O sistema se ajusta dinamicamente às suas necessidades.
- Economia de energia (Low-Power): O modo maratona. Quando ativado, o sistema prioriza a eficiência energética acima de tudo, limitando o desempenho para maximizar a autonomia da bateria. Perfeito para quando você está longe de uma tomada e precisa apenas navegar na web ou editar documentos.
O melhor de tudo? Por padrão, o sistema sempre iniciará no modo equilibrado, garantindo uma experiência consistente, e lembrará sua última configuração mesmo após suspender o computador.
Como funciona a integração com o Linux?
Essa é a parte mais elegante da solução. Em vez de criar uma gambiarra ou uma ferramenta específica da Intel, a implementação se integra perfeitamente a uma API padrão do kernel: o Linux platform profile. Isso é uma ótima notícia, pois mostra que não se trata de um “hack”, mas de uma solução correta e padronizada que será automaticamente aproveitada pelas principais interfaces de desktop.
Quando o driver está ativo, ele cria uma interface no sistema de arquivos, especificamente em /sys/class/platform-profile/. Os ambientes gráficos modernos, como GNOME e KDE, já monitoram essa interface. Assim que detectam a presença desses perfis, eles exibem automaticamente o famoso “power slider” em suas configurações de energia, sem que o usuário precise instalar nada a mais. É a mágica do ecossistema Linux funcionando em harmonia.
Essa contribuição oficial da Intel para o Linux, desenvolvida pelo engenheiro Srinivas Pandruvada e integrada pelo mantenedor Rafael J. Wysocki, ambos da Intel, reforça o compromisso da empresa em oferecer um suporte de primeira linha para seus produtos no mundo do código aberto. Para os mais curiosos, os patches também revelam que será possível, via parâmetros do kernel, ajustar o comportamento do modo “equilibrado” e até permitir que o próprio hardware faça micro-ajustes dinâmicos para otimizar ainda mais a eficiência. Mas, para a grande maioria, o que importa é isto: controlar a performance e a bateria do seu laptop Intel com Linux está prestes a ficar tão fácil quanto mover um controle deslizante na tela.