Uma série de correções cruciais de gerenciamento de energia está chegando ao Linux 6.17-rc6 — e elas atacam justamente onde mais dói para usuários de laptops: hibernação que não volta direito e CPUs AMD que acordam “de mau humor” depois do suspender. Linus Torvalds puxou o conjunto enviado por Rafael Wysocki com um recado claro: consertar regressão de hibernação do ciclo 6.16 e normalizar o comportamento do driver amd-pstate após o resume. Se você viveu travadinhas, ventoinha gritando do nada ou desempenho estranho ao abrir a tampa, este é o pacote a acompanhar.
Corrigindo regressões no amd-pstate

Vamos ao ponto que mais afeta quem tem Ryzen recente. Duas mudanças miram o amd-pstate:
- Após retomar do suspender, um bug recente fazia o EPP (Energy Performance Preference) ser definido indevidamente como “0”. Pense no EPP como um “botão de preferência” entre eficiência e velocidade: colocá-lo no valor errado depois do resume bagunça as escolhas do hardware e pode resultar em comportamento errático — ora gastando mais energia que o normal, ora não entregando o desempenho esperado. A correção evita que o EPP seja zerado por engano ao voltar do sono. (GitHub)
- Outra alteração restaura o ajuste correto de CPPC.min_perf quando o modo “active” é usado com o governador performance. Em termos práticos? O kernel volta a informar o piso de frequência mínimo certo, garantindo que os núcleos atinjam e mantenham o patamar adequado quando a política é maximizar performance — útil para quem compila, joga ou roda cargas intensas depois de um resume. (GitHub)
Se você está se perguntando “isso me ajuda agora?”, a resposta é sim: essas mudanças entram na linha principal do 6.17 e costumam ser backported para estáveis conforme os mantenedores julgam seguro. É aquele ajuste que você não percebe quando tudo vai bem — e sente falta quando dá ruim.
Hibernação e modelo de energia também recebem atenção
A outra peça crítica é a hibernação. No ciclo 6.16, uma chamada de segurança de alocação de memória foi removida por engano; resultado: máquinas podiam falhar ao criar o snapshot de hibernação. O patch recoloca a chamada pm_restrict_gfp_mask()
no lugar certo dentro de hibernation_snapshot()
. Tradução para quem só quer usar: “hibernar e voltar” fica confiável de novo — sem truques no initramfs, sem loteria ao retomar. (GitHub)
Há ainda uma melhoria cirúrgica no Energy Model que afeta sistemas Intel híbridos (P-cores/E-cores), especialmente quando algumas CPUs já iniciam offline. O kernel ganha uma função para registrar domínios de performance sem disparar uma atualização de capacidade do sistema inteiro, e o intel_pstate passa a usá-la. Na prática, evita tentativas repetidas e fracassadas de recalcular capacidades quando a topologia não está totalmente “no ar”, reduzindo ruído e trabalho desnecessário durante a inicialização e o resume. É a graxa que não aparece, mas que faz a porta parar de ranger. (GitHub)
No fim do dia, este é o kernel fazendo o que precisa em fase de release candidate: caçar regressão e polir a experiência para o lançamento final. Para quem depende de Linux power management sólido — do dev no desktop ao usuário de notebook em viagem — é uma rodada de consertos que vale acompanhar nos próximos pacotes das distros. (GitHub)