O mundo da cibersegurança vive em constante estado de alerta diante da evolução das técnicas empregadas por criminosos digitais. A cada ano surgem novas ferramentas projetadas para driblar defesas, explorar vulnerabilidades e abrir caminho para ataques cada vez mais devastadores. Entre as ameaças recentes, um nome tem chamado a atenção de pesquisadores: malware CountLoader.
- O que é o CountLoader?
- As três faces da ameaça: as versões do CountLoader
- A versão JavaScript: a mais completa e versátil
- As variantes .NET e PowerShell: simplicidade e eficácia
- Anatomia do ataque: como o CountLoader opera
- A carga preciosa: de Cobalt Strike a PureHVNC RAT
- Conexões perigosas: o elo com LockBit, Black Basta e o ecossistema russo
- Conclusão: mais uma peça no complexo quebra-cabeça do cibercrime
Esse novo carregador de malware (loader) se destaca por sua versatilidade e eficiência, sendo capaz de preparar o terreno para ameaças de maior impacto, como ransomwares de renome mundial. Disponível em diferentes versões — JavaScript, .NET e PowerShell —, o CountLoader mostra como os cibercriminosos continuam a investir em modularidade e sofisticação.
Mais preocupante ainda é sua conexão direta com grupos de ransomware russos de alto perfil, como LockBit e Black Basta, que já figuram entre os mais ativos e destrutivos do cenário global. Entender como esse malware funciona e qual o seu papel no ecossistema do cibercrime é essencial para profissionais de TI, pesquisadores e usuários avançados que desejam se proteger de ataques cada vez mais sofisticados.

O que é o CountLoader?
Um malware loader é um tipo de programa malicioso cuja principal função é entregar outros malwares ao sistema infectado. Em outras palavras, ele não é, por si só, o responsável pela fase final do ataque, mas sim o primeiro passo que garante o sucesso da operação.
O CountLoader cumpre esse papel com eficiência. Ele atua como um intermediário estratégico, coletando informações sobre o dispositivo comprometido, estabelecendo persistência e, em seguida, liberando a carga útil — que pode variar de RATs (Remote Access Trojans) a frameworks de pós-exploração como o Cobalt Strike. Isso o torna uma peça-chave em campanhas de ransomware modernas.
As três faces da ameaça: as versões do CountLoader
Pesquisadores de segurança já identificaram três variantes distintas do CountLoader, cada uma adaptada para contextos diferentes, mas todas com o mesmo objetivo: entregar cargas maliciosas sem levantar suspeitas.
A versão JavaScript: a mais completa e versátil
A variante em JavaScript é considerada a mais sofisticada. Ela combina múltiplos métodos de download e execução de payloads, permitindo que os atacantes testem diferentes rotas para burlar sistemas de defesa. Sua arquitetura modular facilita adaptações rápidas, tornando-a altamente flexível em ambientes distintos.
As variantes .NET e PowerShell: simplicidade e eficácia
Enquanto a versão JavaScript aposta na complexidade, as versões em .NET e PowerShell adotam a simplicidade como estratégia. Menos robustas, mas igualmente funcionais, essas variantes são usadas em cenários onde a discrição e a rapidez são prioridades. O uso dessas linguagens demonstra a capacidade de adaptação dos criminosos ao explorar diferentes vetores de ataque.
Anatomia do ataque: como o CountLoader opera
O modus operandi do CountLoader segue um fluxo bem estruturado:
- Coleta de informações – Assim que executado, ele reúne dados sobre o sistema da vítima, incluindo detalhes de hardware e software, para orientar a escolha da carga maliciosa mais adequada.
- Persistência – O malware cria tarefas agendadas disfarçadas de atualizações legítimas do Google Chrome, garantindo que sua execução continue mesmo após reinicializações do sistema.
- Uso de LOLBins – Uma das técnicas mais perigosas empregadas pelo CountLoader é o uso de LOLBins (Living Off the Land Binaries), como curl, bitsadmin e certutil.exe. Essas ferramentas legítimas do sistema são exploradas para baixar e executar arquivos maliciosos, dificultando a detecção por soluções de segurança.
O uso de LOLBins é um exemplo clássico de como os atacantes transformam ferramentas nativas em armas, tornando a distinção entre atividades legítimas e maliciosas um verdadeiro desafio.
A carga preciosa: de Cobalt Strike a PureHVNC RAT
O verdadeiro perigo do CountLoader está em o que ele entrega após estabelecer o controle inicial. Entre os payloads observados, destacam-se:
- Cobalt Strike – Originalmente criado para testes de penetração, tornou-se uma das ferramentas favoritas de criminosos para pós-exploração, movimentação lateral e implantação de ransomwares.
- AdaptixC2 – Uma estrutura maliciosa usada para comando e controle, fornecendo aos atacantes a capacidade de gerenciar remotamente sistemas comprometidos.
- PureHVNC RAT – Um Remote Access Trojan projetado para dar controle total ao invasor, permitindo manipulação de desktops em tempo real e execução de comandos de forma invisível ao usuário.
Cada uma dessas cargas tem funções específicas dentro de um ataque, mas todas convergem para o mesmo objetivo: maximizar o impacto da intrusão.
Conexões perigosas: o elo com LockBit, Black Basta e o ecossistema russo
O que torna o malware CountLoader particularmente alarmante é sua associação com grupos de ransomware russos, incluindo os notórios LockBit, Black Basta e Qilin.
Essas gangues operam no modelo de Ransomware-as-a-Service (RaaS), no qual diferentes afiliados utilizam ferramentas comuns para conduzir ataques em escala global. O CountLoader, nesse contexto, serve como uma porta de entrada padronizada, facilitando a expansão dessas operações criminosas.
O ecossistema de cibercrime russo é marcado por uma intensa interconexão entre operadores, ferramentas e serviços ilícitos. Ferramentas como o CountLoader circulam entre diferentes grupos, criando um ambiente fluido e difícil de rastrear. Isso complica não apenas a identificação dos responsáveis, mas também a construção de estratégias eficazes de defesa.
Conclusão: mais uma peça no complexo quebra-cabeça do cibercrime
O surgimento do CountLoader reforça uma realidade preocupante: os criminosos digitais continuam a evoluir suas ferramentas com foco em eficiência, modularidade e evasão. Este loader não é apenas mais um malware; ele representa a profissionalização e especialização do cibercrime moderno.
Para organizações e usuários avançados, compreender o papel desse tipo de ferramenta é essencial. A prevenção contra ataques de ransomware começa no estágio inicial, onde ferramentas como o CountLoader entram em ação.
Manter sistemas atualizados, adotar boas práticas de segurança, investir em monitoramento constante e, acima de tudo, educar equipes contra phishing são passos fundamentais para reduzir riscos. Afinal, a primeira linha de defesa contra ameaças digitais continua sendo a mais decisiva.