Phishing-as-a-Service: A ameaça das plataformas Lighthouse e Lucid

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Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

Descubra como o cibercrime está se tornando 'plug-and-play' com plataformas como Lighthouse e Lucid.

O Phishing-as-a-Service (PhaaS) está se consolidando como uma das maiores ameaças digitais da atualidade. De acordo com a Netcraft, mais de 17.500 domínios de phishing foram criados recentemente com base em plataformas que oferecem o crime como um serviço pronto para uso. Esse modelo permite que criminosos sem grandes conhecimentos técnicos lancem ataques sofisticados em escala global.

Neste artigo, vamos explicar em detalhes o que é o PhaaS, como funcionam as plataformas Lighthouse e Lucid, quais são as novas estratégias usadas pelos criminosos e, principalmente, como você pode se proteger.

O crime digital está mais profissionalizado e acessível do que nunca. Entender como esse ecossistema funciona é o primeiro passo para reduzir riscos e navegar com mais segurança.

O que é Phishing-as-a-Service (PhaaS) e por que é tão perigoso?

O conceito de Phishing-as-a-Service (PhaaS) funciona de forma semelhante a outros modelos de software como serviço (SaaS). Aqui, em vez de pagar por uma ferramenta legítima de produtividade, o criminoso paga por kits de phishing, hospedagem e até suporte técnico para executar ataques.

Esses pacotes são vendidos em assinaturas mensais ou anuais, e muitas vezes vêm com interfaces fáceis de usar, personalização de páginas falsas e até tutoriais de como enganar vítimas.

Isso significa que qualquer pessoa, mesmo sem experiência em programação ou cibersegurança, pode realizar ataques em larga escala. É a democratização do cibercrime, baixando a barreira de entrada e aumentando o número de golpes.

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Lighthouse e Lucid: os protagonistas do novo cenário de phishing

Segundo o relatório da Netcraft, duas plataformas se destacam na expansão do PhaaS: Lucid, com origem chinesa, e Lighthouse, com forte foco em marcas internacionais.

Lucid: a sofisticação chinesa

A plataforma Lucid está ligada ao grupo XinXin, especializado em golpes avançados. Uma de suas principais vantagens é a capacidade de realizar smishing (phishing via SMS) não apenas por mensagens comuns, mas também por iMessage e RCS, ampliando o alcance dos ataques.

Seus alvos preferenciais incluem empresas de pedágio eletrônico, serviços postais, instituições governamentais e bancos. Essa segmentação mostra como o PhaaS não mira apenas indivíduos, mas também setores estratégicos que concentram dados sensíveis.

Lighthouse: kits para mais de 200 marcas

Já a Lighthouse é uma vitrine global de kits de phishing. A plataforma oferece modelos prontos que simulam mais de 200 marcas conhecidas, permitindo que criminosos escolham qual “máscara” usar em suas campanhas.

Entre os diferenciais estão a personalização de templates e o monitoramento em tempo real, que ajuda os golpistas a acompanhar a eficácia de suas iscas digitais.

O modelo de negócios também chama atenção: o acesso custa US$ 88 por semana, podendo chegar a US$ 1.588 anuais. Esse sistema de assinatura reforça como o phishing virou um verdadeiro mercado estruturado.

As novas táticas dos cibercriminosos: de volta ao e-mail e ataques homóglifos

O relatório da Netcraft também mostrou que os criminosos estão inovando — e, ao mesmo tempo, resgatando métodos antigos.

O retorno ao e-mail: por que o “velho” método ainda funciona?

Apesar da popularidade de aplicativos de mensagens como Telegram, muitos criminosos estão voltando ao e-mail como canal principal. O motivo é simples: a natureza federada do e-mail dificulta a derrubada coordenada de campanhas.

Além disso, serviços como o EmailJS permitem que os atacantes coletem informações roubadas diretamente por formulários, sem precisar manter servidores próprios — tornando a operação mais barata e difícil de rastrear.

Ataques homóglifos: o truque do caractere ‘ん’

Outra técnica em ascensão são os ataques homóglifos, que exploram caracteres parecidos visualmente com os tradicionais.

Um exemplo citado pela Netcraft é o uso do caractere japonês hiragana ‘ん’, que pode se assemelhar a uma barra “/” em links falsos. Isso cria URLs que parecem legítimas, mas direcionam o usuário para páginas fraudulentas.

Os principais alvos desses ataques são usuários de criptomoedas, em especial carteiras digitais como MetaMask e Coinbase, onde o roubo de credenciais pode resultar em perdas financeiras imediatas.

Como se proteger contra essas ameaças avançadas de phishing

Diante de ameaças cada vez mais elaboradas, a melhor defesa é combinar atenção redobrada com boas práticas de segurança. Aqui estão algumas medidas essenciais:

  • Verificação de domínios: sempre conferir a URL antes de inserir dados pessoais, principalmente em dispositivos móveis. Caracteres estranhos ou fora do padrão são um sinal de alerta.
  • Autenticação de dois fatores (2FA): ativar o 2FA em todas as contas possíveis. Mesmo que uma senha seja roubada, essa camada extra dificulta o acesso indevido.
  • Desconfiança padrão: nunca clicar em links ou abrir anexos de e-mails e mensagens inesperadas, mesmo que pareçam vir de marcas conhecidas.
  • Uso de gerenciadores de senhas: esses softwares não preenchem credenciais em sites falsos, funcionando como uma barreira natural contra golpes.
  • Educação contínua: manter-se atualizado sobre novos tipos de ataques e compartilhar esse conhecimento com colegas, amigos e familiares.

Conclusão: um ecossistema cibercriminoso em constante evolução

O Phishing-as-a-Service é a prova de que o cibercrime está se tornando profissional, escalável e acessível. Plataformas como Lighthouse e Lucid mostram como o modelo de negócio do crime digital evoluiu para se parecer com o de empresas legítimas, com pacotes, preços e suporte.

Para o usuário comum, isso significa que o phishing continuará a se adaptar e se sofisticar. Mas, ao mesmo tempo, também reforça a importância de investir em educação digital e práticas de segurança preventiva.

A melhor defesa é o conhecimento. Compartilhe este artigo para alertar seus amigos e familiares sobre como o phishing está evoluindo e ajude a criar uma comunidade digital mais segura.

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