Boas notícias para quem acompanha o PinePhone Pro no Linux: um novo esforço comunitário está em andamento para consolidar e enviar ao kernel mainline uma leva de patches que andava espalhada por repositórios e árvores customizadas. A primeira batelada já foi submetida e mira justamente aquilo que faz diferença no dia a dia — sensores e botões funcionando do jeito certo, sem depender de kernels “de nicho”. No mundo dos telefones Linux, onde cada melhoria costuma vir no passo a passo, isso é um avanço que a gente realmente sente ao usar. (Para contexto sobre o aparelho e seu SoC Rockchip RK3399S, veja a documentação oficial da PINE64.
Consolidando o trabalho da comunidade
A proposta — enviada por Rudraksha Gupta e baseada em contribuições de nomes conhecidos como Ondrej Jirman e Leonardo G. Trombetta — parte de uma constatação simples: ao longo dos anos, muita gente mexeu no suporte do PinePhone Pro e deixou melhorias importantes em diferentes repositórios, em diferentes estágios. O objetivo agora é “desenterrar” essas mudanças, polir onde for preciso e colocá-las no kernel oficial, onde ganham revisão, manutenção e chegam a todos os usuários sem gambiarra. Em outras palavras: menos fricção para quem quer instalar uma distro móvel atual e sair usando. (O status geral e a maturidade do software do PinePhone Pro ajudam a entender por que esse tipo de upstreaming é tão valioso.)
Sensores e botões: o que há de novo

Tecnicamente, a primeira série adiciona as definições de Device Tree (DTS) para três sensores centrais do telefone — luz/proximidade (STK3311), acelerômetro (MPU6500) e magnetômetro (AF8133J) — e ainda ajusta os limiares dos botões de volume para corresponder ao esquema elétrico do aparelho. É aquele pacote de qualidade de vida: brilho automático que não “surta” no escuro, rotação de tela que respeita a orientação real do dispositivo e bússola que aponta para onde deve (mérito, aqui, de uma mount-matrix correta). Se você já brincou com sensores 3D em Linux, sabe: informar a mount-matrix certa no DT é o que alinha o sistema de coordenadas do hardware com o “mundo real”. (Há documentação específica sobre a propriedade mount-matrix em IIO, para quem quiser se aprofundar.)
E por que isso importa para o usuário comum? Porque reduz a dependência de árvores alternativas e patches avulsos. Quanto mais dessas peças vivem no kernel mainline, mais fácil é pegar uma imagem atual do postmarketOS, Mobian, Arch ARM e afins, atualizar o kernel e… pronto: tudo (ou quase tudo) funciona sem malabarismos. É o tipo de avanço silencioso que, somado a outros, vai tornando a experiência “fora da caixa” cada vez mais polida no PinePhone Pro. (A página de desenvolvimento do PPP dá uma boa ideia de como a compatibilidade evolui em camadas.)
O que esperar a seguir
Como toda série de patches, esta passa por revisão de mantenedores (e ajustes finos) antes de aterrissar em uma janela de merge futura. A boa notícia é que a direção é a correta: transformar conhecimento difuso em melhorias oficiais, sustentáveis e acessíveis a todos. Para quem torce pelo Linux móvel em hardware aberto — e especialmente pelo PinePhone Pro — é mais um sinal de que a comunidade sabe onde quer chegar e está colocando as peças no lugar, uma a uma.
Links úteis: commits de referência citados na série: