O suporte do kernel Linux mainline para o SoC Samsung Exynos 990 está avançando significativamente. Uma nova série de patches (v3), enviada por Denzeel Oliva, adiciona as definições de Device Tree para os blocos periféricos PERIC0 e PERIC1, habilitando — pela primeira vez no upstream — interfaces de comunicação serial essenciais como I2C e UART. Isso aproxima o Exynos 990 do “funciona de verdade” no mainline, com revisão ativa dos mantenedores de Device Tree, incluindo Rob Herring e Krzysztof Kozlowski.
Habilitando a comunicação com periféricos
Por que isso importa na prática? Porque muita coisa nos smartphones conversa via barramentos seriais. Touchscreens, sensores de proximidade e de luz, giroscópios, bússolas — a lista é longa — costumam falar I2C. Já UART é aquele “fio de vida” para logs e depuração, além de periféricos simples. Com os nós corretos no Device Tree, um kernel padrão pode inicializar esses controladores e, a partir daí, drivers de alto nível começam a “enxergar” o hardware. Para quem mira experimentar mainline em aparelhos baseados no Exynos 990 — como a família Galaxy S20 — é a diferença entre um boot “cego” e um sistema capaz de interagir com o mundo real.
O trabalho técnico por trás (em bom português: capricho)
A série faz três movimentos coordenados. Primeiro, adiciona os nós sysreg (registradores de sistema) necessários para que os periféricos dos blocos PERIC0/1 sejam configurados de forma correta. Depois, descreve no Device Tree os controladores USI (Universal Serial Interface) — o IP flexível da Samsung que pode operar como I2C, SPI ou UART — além dos nós dedicados de UART e HSI2C (High-Speed I2C). Por fim, atualiza os bindings de DT, garantindo que as compatibilities estejam alinhadas com o que os mantenedores exigem. Resultado: as trilhas para I2C e UART no Exynos 990 ficam “oficializadas” para o ecossistema do mainline.
Sinal verde dos mantenedores — e o que vem a seguir
O envio foi endereçado a Rob Herring e Krzysztof Kozlowski (entre outros), e já há feedback de bot de checagem de DT e até trechos aceitos em árvores de manutenção, o que indica boa tração rumo ao próximo ciclo. Em tempo: pelo calendário do kernel, a janela de merge mais plausível para esse tipo de habilitação é a do Linux 6.18 — ainda que sempre possa escorregar dependendo das revisões. Para quem acompanha Linux Samsung Exynos, é um passo concreto para transformar patches “espalhados” em suporte consolidado no mainline.
