Falha no Adobe Analytics vaza dados de clientes entre empresas

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Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

Um bug na plataforma de análise da Adobe expôs dados de rastreamento entre diferentes clientes, gerando alertas de privacidade e segurança.

Imagine os dados de rastreamento dos seus clientes aparecendo nos relatórios de outra empresa, talvez até mesmo de um concorrente direto. Parece um cenário impossível? Infelizmente, foi exatamente isso que aconteceu após uma falha grave no Adobe Analytics, revelando fragilidades em uma das plataformas de análise de dados mais utilizadas no mundo corporativo.

O incidente expôs informações de clientes entre contas diferentes, levantando sérias preocupações sobre privacidade, conformidade legal e confiança em soluções SaaS. Neste artigo, vamos explicar em detalhes o que aconteceu, quais foram os impactos reais para as empresas afetadas e por que esse episódio deve servir como alerta para gestores de TI, analistas de dados e profissionais de marketing.

Mais do que um simples bug, o episódio é um lembrete de que dependência excessiva de fornecedores externos para gerenciar dados críticos pode gerar consequências graves, principalmente quando falhas afetam a integridade e segurança das informações.

Adobe Analytics

O que aconteceu com o Adobe Analytics?

A falha foi registrada em 17 de setembro de 2025, durante uma atualização de otimização de desempenho no Adobe Analytics. Esse bug afetou o processo de ingestão de dados e causou um efeito inesperado: valores errantes de uma organização passaram a aparecer nos relatórios de outra.

Na prática, informações que deveriam estar restritas a uma conta acabaram sendo compartilhadas em painéis de empresas diferentes. Embora a Adobe tenha garantido que não se tratava de um ataque malicioso, e sim de um erro técnico, o estrago foi significativo.

No dia seguinte, 18 de setembro, a empresa reverteu a alteração que causou o problema. Ainda assim, os dados contaminados já estavam misturados em relatórios e sistemas integrados, criando impactos que vão muito além do curto período da falha.

O impacto real para as empresas vai além de “dados errantes”

O incidente não deve ser minimizado como uma simples inconsistência temporária. O impacto se estende tanto para a confiabilidade das análises de negócio quanto para os riscos de conformidade legal.

Contaminação de dados e a perda de confiança

De acordo com relatórios preliminares, entre 3% e 5% dos dados coletados durante o período foram corrompidos. Isso significa que relatórios de Business Intelligence (BI) e decisões estratégicas baseadas em informações imprecisas ficaram comprometidos.

Além disso, os dados corrompidos podem ter sido armazenados em backups e sistemas terceiros, como CRM, data warehouses e painéis de marketing. Corrigir essa contaminação é trabalhoso e, em alguns casos, impossível sem perda de histórico.

Esse tipo de incidente mina a confiança das equipes de negócios e TI, que passam a questionar não apenas a qualidade dos dados, mas também a confiabilidade da própria plataforma.

Riscos de privacidade e conformidade com a LGPD

O problema ganha contornos ainda mais críticos quando analisado sob a ótica da privacidade e proteção de dados.

Embora a política oficial da Adobe proíba o envio de dados pessoais identificáveis ao Analytics, na prática, muitas empresas acabam rastreando informações sensíveis, como:

  • Endereços de e-mail
  • Hashes de sessão
  • Termos de pesquisa que identificam usuários

Com o vazamento de dados no Adobe Analytics, essas informações podem ter sido expostas entre organizações distintas, o que configura um risco direto de violação da LGPD no Brasil e da GDPR na Europa.

Para empresas que atuam em setores altamente regulados, como financeiro, saúde e e-commerce, o incidente pode resultar em multas severas e ações judiciais.

A resposta da Adobe e o que fazer agora

A resposta oficial da Adobe foi clara: todos os clientes devem excluir ou limpar imediatamente os dados coletados durante o período afetado.

Embora essa recomendação mitigue parte do problema, o impacto já está presente nos relatórios e sistemas que integraram os dados contaminados.

Diante disso, especialistas recomendam que as empresas:

  • Realizem uma auditoria completa dos dados do período de 17 a 18 de setembro.
  • Revisem todas as integrações com sistemas externos para verificar a propagação da falha.
  • Se comuniquem com equipes jurídicas e de conformidade para avaliar riscos regulatórios.
  • Fortaleçam processos internos de governança de dados e plano de resposta a incidentes.

Mais do que corrigir a falha pontual, esse é um momento para refletir sobre a dependência de plataformas de terceiros e a necessidade de controles adicionais sobre os dados críticos.

Conclusão: Uma lição sobre a confiança em plataformas de terceiros

O caso do bug do Adobe Analytics mostra como até fornecedores consolidados e amplamente confiáveis podem falhar, trazendo consequências sérias para as empresas que dependem deles.

Não se trata apenas de um erro técnico corrigido em 24 horas. É um alerta sobre os riscos da terceirização do processamento e análise de dados. Empresas precisam estar preparadas para lidar com falhas de seus fornecedores e, mais importante, implementar processos internos que garantam resiliência, transparência e conformidade.

No fim, a pergunta que fica é: você sabe exatamente como seus parceiros de tecnologia estão protegendo os seus dados?

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