China planeja implantar datacenters submersos para reduzir consumo energético

Escrito por
Emanuel Negromonte
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre...

Na busca por soluções inovadoras, a China está avançando na implantação de datacenters submersos, prometendo uma eficiência energética sem precedentes. A estratégia envolve a utilização das correntes oceânicas para refrigeração, reduzindo significativamente os custos operacionais. Mas quão viável é essa abordagem? Vamos explorar os detalhes e as expectativas dessa implementação revolucionária.

Visão geral da iniciativa de datacenters submersos na China

A China está desenvolvendo uma solução criativa para o alto consumo de energia dos datacenters: instalá-los debaixo d’água. A empresa Highlander, com sede em Pequim, lidera essa iniciativa, que promete revolucionar a forma como os dados são armazenados e processados. A ideia é aproveitar as baixas temperaturas do fundo do mar para resfriar os equipamentos de forma natural e eficiente.

O grande projeto na ilha de Hainan

O plano mais ambicioso está sendo implementado na costa da ilha de Hainan, no sul da China. A meta é instalar um total de 100 módulos de datacenter no fundo do oceano nos próximos cinco anos. Cada um desses módulos é uma estrutura robusta, pesando cerca de 1.300 toneladas, o equivalente a aproximadamente mil carros. Essa infraestrutura formará um grande centro de processamento de dados subaquático.

Capacidade de processamento e economia

Quando estiver totalmente operacional, este datacenter submerso terá uma capacidade de processamento impressionante. A estimativa é que ele consiga processar mais de quatro milhões de imagens em alta definição em apenas 30 segundos. Isso representa um poder computacional comparável ao de seis milhões de computadores pessoais funcionando ao mesmo tempo. A economia de energia e água será um dos maiores benefícios do projeto.

Benefícios energéticos de operar sob a água

O principal benefício de operar datacenters debaixo d’água é a enorme economia de energia. Em terra, esses centros de dados consomem muita eletricidade para manter os servidores resfriados. No fundo do mar, a própria água fria do oceano faz esse trabalho de forma natural, eliminando a necessidade de sistemas de refrigeração caros e que gastam muita energia.

Impacto na economia de recursos

Os números do projeto na ilha de Hainan são impressionantes. A expectativa é economizar cerca de 122 milhões de quilowatts-hora de eletricidade por ano. Para se ter uma ideia, essa quantidade de energia seria suficiente para abastecer milhares de residências. Além disso, o sistema poupará 68.000 toneladas de água doce anualmente, um recurso cada vez mais valioso.

Eficiência energética quase perfeita

Essa abordagem torna os datacenters submersos extremamente eficientes. A eficiência é medida por um indicador chamado PUE (Power Usage Effectiveness). Um PUE de 1.0 é a pontuação perfeita, significando que toda a energia é usada para computação, e não para refrigeração. Os datacenters subaquáticos se aproximam muito desse ideal, superando com folga a maioria das instalações em terra.

Parcerias com empresas como China Telecom e empresas de IA

O projeto de datacenters submersos já atrai grandes empresas como clientes e parceiros. Gigantes da tecnologia e telecomunicações estão apostando nessa inovação para suas operações. Isso mostra a confiança do mercado na viabilidade e nos benefícios dessa tecnologia de ponta.

Grandes nomes a bordo

A China Telecom, uma das maiores operadoras do país, é uma das principais clientes. A empresa usará a infraestrutura subaquática para suportar seus serviços, aproveitando a alta eficiência. Além dela, outras companhias, incluindo algumas focadas em inteligência artificial, também estão na lista de parceiros.

Por que a parceria faz sentido?

Empresas de IA, por exemplo, precisam de um poder de processamento imenso, que gera muito calor. Para elas, um datacenter que se resfria de forma natural é uma solução ideal. Essas parcerias são cruciais para financiar e expandir o projeto, tornando-o uma solução comercialmente atraente para o mercado global.

Comparativo com experimentos anteriores da Microsoft

A ideia de colocar datacenters no fundo do mar não é totalmente nova. A Microsoft foi uma das pioneiras com seu famoso Project Natick. Esse projeto serviu como uma importante prova de que o conceito era viável e trazia muitos benefícios.

O experimento do Project Natick

Em 2018, a Microsoft submergiu um datacenter do tamanho de um contêiner na costa da Escócia. Ele operou de forma autônoma por dois anos. Quando foi recuperado, os resultados foram excelentes. Os servidores dentro do cilindro submerso tiveram uma taxa de falha oito vezes menor do que em um datacenter tradicional em terra. Isso provou que o ambiente frio e estável do fundo do mar é ideal para os equipamentos eletrônicos.

Diferença de escala e objetivo

A principal diferença entre o Project Natick e a iniciativa chinesa é a escala. O projeto da Microsoft foi um experimento de pesquisa, focado em testar a tecnologia. Já o projeto da China é uma implementação comercial em larga escala, com planos para 100 módulos. O sucesso da Microsoft ajudou a validar a tecnologia, abrindo caminho para que empresas como a Highlander investissem em soluções comerciais massivas.

Implicações para a redução da pegada de carbono

A pegada de carbono dos datacenters tradicionais é um grande desafio ambiental. Eles consomem quantidades enormes de eletricidade, principalmente para manter os servidores resfriados. Ao colocar essas estruturas debaixo d’água, a necessidade de sistemas de refrigeração que consomem energia desaparece, resultando em um impacto ambiental muito menor.

Um avanço para a computação verde

A economia de 122 milhões de quilowatts-hora por ano no projeto de Hainan é uma vitória para o meio ambiente. Essa redução no consumo de energia significa que menos combustíveis fósseis precisam ser queimados, diminuindo diretamente a emissão de gases de efeito estufa. É um passo concreto em direção à chamada “computação verde”.

Além da eletricidade, a economia de 68.000 toneladas de água doce por ano também é um benefício ecológico crucial. Em um mundo onde a água é um recurso cada vez mais escasso, essa tecnologia oferece uma solução mais sustentável. Assim, os datacenters submersos ajudam a alinhar o crescimento tecnológico com as metas globais de sustentabilidade.

Futuro das operações de datacenters submersos

O sucesso dos projetos atuais indica que os datacenters submersos são mais do que apenas um experimento. Eles representam uma direção promissora para o futuro da computação em nuvem. Com a crescente demanda por processamento de dados, soluções sustentáveis como essa se tornarão cada vez mais necessárias.

Expansão e novos desafios

A tendência é que mais países e empresas explorem essa tecnologia, especialmente em regiões costeiras. No entanto, existem desafios a serem superados. A manutenção, por exemplo, é complexa e cara. Como consertar um servidor a dezenas de metros de profundidade? Desenvolver robôs e sistemas de diagnóstico remoto será fundamental.

Integração com energias renováveis

O futuro ideal para esses datacenters é a integração total com fontes de energia renovável. Imagine um parque eólico offshore alimentando diretamente uma fazenda de servidores no fundo do mar. Isso criaria um ecossistema de tecnologia quase 100% sustentável. A pesquisa contínua também buscará minimizar qualquer impacto na vida marinha, garantindo que a inovação e a natureza possam coexistir.

Conclusão

Em resumo, a China está mostrando que o futuro dos datacenters pode estar no fundo do mar. Essa abordagem inovadora usa a água do oceano para resfriar os servidores, economizando uma quantidade impressionante de energia e água doce. Como vimos, isso não só reduz os custos operacionais, mas também diminui drasticamente o impacto ambiental da tecnologia.

A iniciativa chinesa, inspirada por experimentos anteriores, prova que essa não é mais uma ideia de ficção científica, mas uma solução real e escalável. Ao aliar tecnologia de ponta com sustentabilidade, os datacenters submersos abrem um novo caminho para uma computação mais verde e eficiente. Sem dúvida, estamos vendo o começo de uma grande mudança na forma como o mundo lida com sua infraestrutura digital.

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Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre GNU/Linux, Software Livre e Código Aberto, dedica-se a descomplicar o universo tecnológico para entusiastas e profissionais. Seu foco é em notícias, tutoriais e análises aprofundadas, promovendo o conhecimento e a liberdade digital no Brasil.