A janela de mesclagem para o Kernel Linux 6.18 está aberta, e como de costume, o subsistema de gráficos DRM chega com uma quantidade “insana” de atualizações, nas palavras do próprio mantenedor Dave Airlie. As novidades vão desde o suporte a hardware de IA e a retomada de drivers aguardados, até um avanço significativo na adoção da linguagem Rust para o desenvolvimento de drivers gráficos – o que marca uma nova era para a pilha gráfica Linux.
Rust mostra sua força no DRM
O avanço mais notável talvez seja no ecossistema Rust dentro do kernel. O Linux 6.18 graphics drivers traz um rework importante no sistema de inicialização de pins (pin-init) e novas abstrações para manipular DMA e scatterlist, elementos críticos para o desempenho e segurança da comunicação entre CPU e GPU. Mas, a cereja do bolo é o novo driver esqueleto chamado “Tyr”, feito em Rust, que abre caminho para a construção incremental de um driver para as GPUs ARM Mali.

Imagine essa iniciativa como o nascimento de um piloto automático: ainda está em modo básico, mas a base está pronta para evoluir rapidamente, aproveitando a segurança e a modernidade que Rust oferece, reduzindo bugs comuns em código C tradicional, como corrupção de memória. Isso indica um movimento claro rumo à modernização da pilha gráfica enquanto mantém robustez e eficiência.
Novidades nos drivers AMD e Intel
No campo dos drivers já consolidados, a AMD traz avanços importantes no driver amdgpu. Agora ele oferece suporte ao CRIU (Checkpoint/Restore in Userspace) para objetos GEM, o que é uma baita notícia para quem trabalha com virtualização e migração de containers. Essencialmente, isso permite “pausar e retomar” GPU states de forma consistente, algo vital para computação em nuvem e ambientes de contêineres dinâmicos. Além disso, o gerenciamento de energia (SMU) e a confiabilidade (RAS) receberam atualizações que prometem melhor equilíbrio entre performance e estabilidade.
Por outro lado, a Intel continua empurrando seu novo driver xe para GPUs Arc, que amadurece no Linux 6.18 com suporte à syscall madvise para o gerenciamento de memória em gpusvm e a habilitação padrão de SR-IOV em plataformas compatíveis. Isso significa que as GPUs Intel Arc ficam mais flexíveis e eficientes em ambientes virtualizados, podendo virtualizar múltiplas funções de forma direta.
E para quem ainda usa plataformas Intel antigas, o driver legado i915 não ficou parado: o suporte inicial para a futura arquitetura Wildcat Lake foi adicionado, junto com uma série de refatorações internas que ajudam a manter o driver enxuto e preparado para as próximas gerações.
Novos aceleradores chegando ao kernel
Além das atualizações robustas para GPUs, o Linux 6.18 traz novos nomes para o hall da fama dos drivers: o “rocket”, que é voltado para as NPUs (Unidades de Processamento Neural) dos SoCs da Rockchip, e o relançamento do processo de upstreaming do driver para os aceleradores de IA da Habana Labs, uma empresa da Intel voltada para hardware de inteligência artificial.
Essas adições indicam claramente que a pilha gráfica do Linux não está mais limitada a GPUs tradicionais; está se abrindo para hardware especializado em IA e processamento neural, reforçando o Linux como sistema ideal para multiuso, do desktop à inteligência artificial embutida em dispositivos de borda.