CrowdStrike e NVIDIA se unem para criar “agentes de IA” autônomos de cibersegurança

Defesa na velocidade das máquinas, com aprendizado contínuo no edge.

Escrito por
Emanuel Negromonte
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre...

“A cibersegurança na era da IA exige uma inteligência que pense na velocidade das máquinas.” É com essa premissa que NVIDIA e CrowdStrike anunciaram uma colaboração para criar a próxima geração de defesa digital: agentes de IA de cibersegurança sempre ativos e de aprendizado contínuo, projetados para proteger infraestruturas críticas — de nuvens públicas a data centers on-premises e o edge.

Defesa na “velocidade das máquinas”

O problema que essa parceria encara de frente é simples de descrever e difícil de resolver: ataques impulsionados por IA (Inteligência Artificial) operam numa cadência impossível para analistas humanos. Não basta apenas “ver” um incidente — é preciso detectar, raciocinar e responder com a mesma velocidade com que um modelo gera novas táticas de ataque. Pense nos sistemas atuais como câmeras de vigilância que dependem de alguém assistindo ao vídeo. O que CrowdStrike e NVIDIA estão construindo é um “Robocop”: um agente autônomo que patrulha o edge, aprende com o ambiente e tem autoridade (dentro de guardrails corporativos) para neutralizar uma ameaça em tempo real, sem “ligar para a central”.

O cérebro: Charlotte AI AgentWorks (CrowdStrike)

No centro está o Charlotte AI AgentWorks, a fundação para criar, orquestrar e implantar esses agentes. Ele conecta a telemetria de alta fidelidade da plataforma Falcon — incluindo Falcon LogScale, Onum e Pangea — a pipelines que alimentam os modelos com dados ricos e atualizados. O resultado são agentes que aprendem continuamente: cada alerta investigado, cada correlação de eventos, cada resposta executada vira material de treino incremental, refinando a precisão de detecção e reduzindo falsos positivos. Em vez de playbooks estáticos, você ganha comportamentos emergentes que evoluem junto com o ambiente e com os adversários.

O motor: Nemotron, NIM e NeMo (NVIDIA)

A NVIDIA entra como a usina de força que dá tração a essa ambição. Os modelos abertos NVIDIA Nemotron fornecem a base linguística e de raciocínio; os **microserviços NVIDIA NIM embalam a inferência em contêineres otimizados para latência e throughput; e o NVIDIA NeMo Agent Toolkit oferece as peças de Lego para treinar, ajustar, instrumentar e governar agentes complexos. Para acelerar o aprendizado sem vazar dados sensíveis, o NeMo Data Designer permite gerar dados sintéticos que cobrem cenários raros, simulam famílias de malware e exploram cadeias de ataque completas. Alinhado às bibliotecas CUDA-X e à computação acelerada, esse stack foi feito para rodar onde o dado está, sem comprometer performance.

IA no edge: a próxima fronteira da proteção

Aqui está o diferencial que muda o jogo: implantar os agentes no edge, próximos às fontes de telemetria. Com inferência local, o agente decide na borda — no endpoint, no cluster Kubernetes, no appliance do data center — reduzindo o tempo entre observar e agir. Isso encurta a janela de ataque e ainda ajuda a cumprir soberania de dados: nada de enviar logs sensíveis para uma nuvem pública só para obter uma resposta. Para setores regulados (governo, finanças, saúde), essa arquitetura resolve dois dilemas ao mesmo tempo: latência e governança.

Como as peças se encaixam (e por que isso importa)

  • Unificação de dados e computação: a Agentic Security Platform da CrowdStrike canaliza telemetria em tempo real para modelos e agentes otimizados com NeMo, executados via NIM. Em vez de “copiar e colar” dados entre sistemas, você cria um pipeline contínuo do evento bruto até a ação automatizada.
  • Aprendizado contínuo: o agente não só responde — ele aprende com a própria resposta. Feedbacks de analistas, resultados de contenção, desvios de comportamento de hosts e identidades, tudo retroalimenta o cérebro (Charlotte AI AgentWorks) e o motor (Nemotron/NeMo).
  • Guardrails corporativos: a instrumentação do NeMo Agent Toolkit e as políticas da plataforma da CrowdStrike garantem que as ações aconteçam dentro do que a empresa permite — isolamento de host, revogação de credenciais, bloqueio de processo, abertura de tickets — com auditoria e explicabilidade.
  • Escala e resiliência: com microserviços NIM, dá para colocar múltiplas instâncias de inferência perto de diferentes domínios (filiais, zonas de disponibilidade, clusters), mantendo baixa latência e evitando pontos únicos de falha.
  • Padrões de alta segurança: o suporte ao design de referência NVIDIA AI Factory for Government fornece um roteiro para equipes públicas e ambientes de alta garantia executarem agentes on-premises e em hybrid cloud sem abrir mão dos requisitos mais rígidos de segurança e conformidade.

O que as equipes de segurança ganham na prática

Em vez de SOCs afogados em alertas, você tem operadores assistidos por agentes que investigam 24/7, correlacionam sinais de endpoint, identidade e nuvem, e executam respostas de forma segura e rápida. A visão deixa de ser reativa (esperar por um IOC conhecido) e passa a proativa, com agentes capazes de raciocínio tático: “isso parece movimentação lateral”, “este binário foge do perfil do host”, “essa consulta IAM sugere uma escalada de privilégio”. E como rodam no edge, esses insights chegam a tempo de impedir a criptografia de um ransomware ou o exfil de um bucket.

No fim, a promessa dessa colaboração é bem direta: defesa na velocidade das máquinas. Um ecossistema agêntico em que o cérebro (Charlotte AI AgentWorks) e o motor (NVIDIA Nemotron/NIM/NeMo) trabalham lado a lado para aprender continuamente, responder em tempo real e proteger a infraestrutura que move a economia e — cada vez mais — a própria segurança nacional.

Compartilhe este artigo
Nenhum comentário