HDR10+ Advanced: O rival gratuito do Dolby Vision chega em 2026

A Samsung dobra a aposta em padrões abertos com o HDR10+ Advanced. Mas será suficiente para desafiar o domínio do Dolby Vision?

Escrito por
Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

A guerra dos formatos de HDR (High Dynamic Range) no mundo das TVs está longe de acabar. Quando muitos pensavam que o Dolby Vision havia consolidado sua liderança, a Samsung apresentou sua nova arma: o HDR10+ Advanced.

Anunciado como uma resposta direta ao recente Dolby Vision 2, o novo formato promete mais brilho, cores mais precisas e, o que é crucial, continua sendo livre de royalties. Mas o que exatamente ele traz de novo? E, mais importante, ele tem o que é preciso para desafiar o domínio da Dolby no mercado global?

Com previsão de estreia em 2026 nas TVs premium da Samsung, o HDR10+ Advanced não mira apenas em conteúdos de cinema e streaming, mas também em otimizações para jogos em nuvem, uma área em que a marca vem investindo pesadamente.

O que é HDR e por que essa “guerra de formatos” importa?

Antes de entender o que muda com o HDR10+ Advanced, vale recapitular o que é o HDR e por que ele se tornou tão importante no universo das TVs modernas.

HDR10+

O que é HDR (High Dynamic Range)?

O HDR, ou Alto Alcance Dinâmico, é uma tecnologia que expande o contraste e a gama de cores das imagens exibidas na tela. Na prática, isso significa que os brancos ficam mais brilhantes, os pretos mais profundos e as cores mais vivas, aproximando-se da forma como o olho humano realmente percebe o mundo.

Muitos especialistas consideram o salto de qualidade do SDR para HDR ainda mais perceptível do que a transição de Full HD para 4K, justamente porque o HDR altera a experiência visual de forma mais realista e envolvente.

A batalha atual: HDR10+ vs. Dolby Vision

Hoje, há dois grandes padrões competindo nesse espaço:

  • HDR10: É o formato básico e gratuito, amplamente adotado, mas limitado por metadados estáticos — ou seja, aplica a mesma configuração de brilho e cor ao filme inteiro.
  • Dolby Vision: Um formato proprietário e pago, com metadados dinâmicos que ajustam cada cena individualmente, oferecendo uma experiência mais precisa. É o padrão dominante em serviços como Netflix e Disney+.
  • HDR10+: Lançado pela Samsung como uma alternativa aberta ao Dolby Vision, trouxe também metadados dinâmicos, mas sofreu com adoção limitada. Até agora, seu principal aliado tem sido o Amazon Prime Video.

HDR10+ Advanced: o que há de novo na resposta da Samsung?

O HDR10+ Advanced representa a evolução direta do HDR10+, com foco em brilho extremo, controle de cores mais refinado e inteligência adaptativa para diferentes tipos de conteúdo e ambientes.

Segundo a Samsung, o novo formato foi desenvolvido pensando nas TVs de próxima geração, como painéis QD-OLED e Micro-LED, que atingirão picos de brilho entre 4.000 e 5.000 nits — mais que o dobro do que a maioria dos modelos atuais oferece.

Foco no brilho extremo

Enquanto o HDR10+ original foi projetado para TVs de até 2.000 nits, o HDR10+ Advanced mira o dobro disso. Esse salto é essencial para preservar detalhes nas áreas mais claras da imagem, especialmente em conteúdo em 4K e 8K.

Isso significa que o formato está pronto para a nova geração de painéis ultrabrilhantes, garantindo que mesmo em ambientes com muita luz, a imagem mantenha contraste e saturação ideais.

Os 6 pilares do aprimoramento

O HDR10+ Advanced se baseia em seis pilares principais que visam tornar o formato mais adaptável e inteligente:

1. HDR10+ Brilhante

Um modo que ajusta automaticamente o brilho e o contraste para visualização em ambientes muito iluminados, como salas com janelas grandes ou luz direta.

2. Gênero HDR10+

O formato agora reconhece o tipo de conteúdo exibido — seja um filme, um jogo ou um evento esportivo — e adapta o mapeamento de tons e cores de acordo com o gênero. Isso promete melhor equilíbrio de movimento e nitidez.

3. HDR10+ FRC Inteligente

Trata-se de um novo controle de taxa de quadros adaptativo, projetado para suavizar o movimento sem introduzir o temido “efeito novela”. Ideal para conteúdos com variação de frames, como esportes e filmes de ação.

4. Jogos inteligentes HDR10+

Voltado para o público gamer, esse modo traz otimizações específicas para jogos em nuvem, reduzindo latência e artefatos visuais em streamings de plataformas como GeForce NOW e Xbox Cloud Gaming.

5. Mapeamento de tons local HDR10+

Esse recurso permite controle individualizado das zonas de iluminação na tela, garantindo que as áreas escuras e brilhantes coexistam com mais naturalidade — algo fundamental para painéis Mini-LED.

6. Controle de cores avançado

O formato agora inclui um sistema de correção dinâmica de cores, expandindo o volume de cores e melhorando a precisão em tons intermediários, especialmente em cenas com gradientes sutis ou luz ambiente complexa.

A grande questão: por que o HDR10+ Advanced pode (ou não) dar certo?

Apesar das inovações técnicas, a batalha do HDR10+ Advanced vai muito além da qualidade de imagem. Ela envolve economia, ecossistema e estratégia de mercado.

O trunfo: é livre de royalties

O principal argumento da Samsung é claro: o formato é totalmente gratuito para fabricantes e distribuidores de conteúdo.

Isso significa que empresas que hoje pagam licenças para usar o Dolby Vision 2 podem adotar o HDR10+ Advanced sem custos adicionais. É a mesma filosofia por trás do Eclipsa Audio, o novo formato de áudio aberto que a Samsung promove como alternativa ao Dolby Atmos.

Esse posicionamento reforça a estratégia da marca de defender padrões abertos e incentivar uma indústria menos dependente de licenças proprietárias.

O desafio: a lenta adoção do HDR10+ original

Por outro lado, o histórico não é favorável. O HDR10+ original foi tecnicamente promissor, mas fracassou em conquistar estúdios e streamings. O domínio da Dolby em Hollywood e nas principais plataformas de vídeo limitou o alcance do padrão aberto.

Mesmo com o Amazon Prime Video como principal parceiro, a ausência de suporte em gigantes como Netflix e Disney+ impediu que o formato se popularizasse entre os consumidores.

O primeiro aliado confirmado: Amazon Prime Video

A Samsung confirmou oficialmente que o Amazon Prime Video será o primeiro serviço de streaming a oferecer conteúdo em HDR10+ Advanced.

A expectativa é que títulos otimizados comecem a surgir a partir de 2026, junto com o lançamento das novas TVs. É um passo importante — mas isoladamente, não suficiente para derrubar o domínio do Dolby Vision.

Para que o formato realmente decole, será necessário um ecossistema mais amplo, com suporte de produtores, fabricantes de TVs concorrentes e estúdios de cinema.

Conclusão: o que isso muda para você, consumidor?

O HDR10+ Advanced representa um avanço técnico impressionante e uma declaração política clara da Samsung em defesa de padrões abertos e acessíveis.

Com brilho extremo, melhor mapeamento de tons e otimizações para jogos, ele tem potencial para rivalizar tecnicamente com o Dolby Vision 2 — talvez até superá-lo em flexibilidade.

Contudo, a vitória nesta guerra não será decidida apenas pela tecnologia, e sim pela adoção comercial. O sucesso do HDR10+ Advanced dependerá de quantos serviços de streaming e fabricantes decidirão apoiar o padrão gratuito da Samsung.

Para o consumidor, a chegada prevista para 2026 promete mais opções e mais qualidade de imagem, mas também mais confusão na hora de escolher uma TV.

Você acha que um formato gratuito como o HDR10+ Advanced tem chance de desbancar o domínio do Dolby Vision? Deixe sua opinião nos comentários.

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