O melhor elogio que um kernel pode receber: Linus Torvalds diz que o Linux 6.18-rc5 está “chato”

Linus Torvalds celebra um Linux 6.18-rc5 pequeno e chato, sinal de que o ciclo de desenvolvimento está calmo e sob controle.

Escrito por
Emanuel Negromonte
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre...

No mundo do kernel Linux, poucas coisas são tão reconfortantes quanto ver Linus Torvalds descrevendo uma release como “pequena e chata”. Foi exatamente esse o veredito sobre o Linux 6.18-rc5, anunciado neste domingo na LKML. Nas palavras de Linus, as coisas seguem calmas, pequenas e “bem normais” para esta altura do ciclo. Em outras palavras: nada de incêndios para apagar, nada de drama de última hora.

Para quem acompanha desenvolvimento de kernel há mais tempo, isso é quase um certificado de boa saúde do ciclo. Um rc5 tranquilo costuma indicar que as grandes regressões já apareceram e foram tratadas nos primeiros candidatos, deixando esta fase para refinamentos pontuais.

Pequeno e chato: exatamente como Linus gosta

Release candidate não é sobre “novos brinquedos”, e sim sobre confirmar que o que já entrou está sólido. No rc5, o que Linus quer ver é exatamente isso: uma lista de mudanças que cabe no bolso, sem surpresas, sem patches gigantes alterando subsistemas centrais.

É por isso que ele resume o Linux 6.18-rc5 como “small and boring”. Se você pensar no ciclo como a aterrissagem de um avião, estamos naquela parte em que o piloto já alinhou na pista, reduziu a velocidade e só faz correções finas no manche. O recado implícito para usuários e distros é claro: o 6.18 está amadurecendo bem e, se nada fugir do script, a versão estável deve chegar dentro do esperado.

O que mudou no Linux 6.18-rc5

O diffstat do rc5 segue o padrão que todo mantenedor gosta de ver: dominado por drivers. A maior parte das alterações cai em áreas como:

  • GPUs (amdgpu, nouveau, xe, Mediatek DRM)
  • Rede (bnxt_en, net/mlx5e, virtio-net, qmi_wwan, ajustes em VLAN e bonding)
  • Armazenamento e I/O, com correções em controladores UFS e detalhes de DMA

Ao redor disso, Linus fala em “ruído aleatório” espalhado por arquiteturas (x86 e risc-v), tooling (principalmente sincronização de headers do perf e alguns selftests), rede core e um punhado de ajustes discretos em outras partes do kernel. Nada que mude comportamento para o usuário final de forma dramática, mas tudo importante para deixar essa base mais lisa para a release final.

Correções em io_uring e sistemas de arquivos

Do lado dos sistemas de arquivos, o Linux 6.18-rc5 traz apenas pequenas correções em xfs, smb e btrfs. Coisas como consertar caminhos específicos de escrita, lidar melhor com casos de erro e evitar vazamentos de recursos. É aquele tipo de mudança que quase ninguém percebe diretamente, mas que evita dor de cabeça no futuro, principalmente em cargas de trabalho mais pesadas.

O único “soluço” que Linus destaca é no io_uring: uma nova ABI que havia sido introduzida para o 6.18 acabou sendo retirada por “não estar pronta para o horário nobre”. Em vez de insistir em uma interface potencialmente problemática, os desenvolvedores preferiram recuar, amadurecer a ideia e trazê-la de volta em outro ciclo. Do ponto de vista de engenharia, isso é um ótimo sinal: o time escolhe estabilidade e compatibilidade em vez de empurrar novidade a qualquer custo.

No fim, o recado de Linus é simples e, ao mesmo tempo, poderoso para quem vive de acompanhar o kernel: Linux 6.18-rc5 está pequeno e chato, do jeitinho que ele gosta. Se as próximas semanas seguirem nesse ritmo, tudo indica um lançamento final estável e sem sobressaltos.

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