No mundo do kernel Linux, poucas coisas são tão reconfortantes quanto ver Linus Torvalds descrevendo uma release como “pequena e chata”. Foi exatamente esse o veredito sobre o Linux 6.18-rc5, anunciado neste domingo na LKML. Nas palavras de Linus, as coisas seguem calmas, pequenas e “bem normais” para esta altura do ciclo. Em outras palavras: nada de incêndios para apagar, nada de drama de última hora.
Para quem acompanha desenvolvimento de kernel há mais tempo, isso é quase um certificado de boa saúde do ciclo. Um rc5 tranquilo costuma indicar que as grandes regressões já apareceram e foram tratadas nos primeiros candidatos, deixando esta fase para refinamentos pontuais.
Pequeno e chato: exatamente como Linus gosta
Release candidate não é sobre “novos brinquedos”, e sim sobre confirmar que o que já entrou está sólido. No rc5, o que Linus quer ver é exatamente isso: uma lista de mudanças que cabe no bolso, sem surpresas, sem patches gigantes alterando subsistemas centrais.
É por isso que ele resume o Linux 6.18-rc5 como “small and boring”. Se você pensar no ciclo como a aterrissagem de um avião, estamos naquela parte em que o piloto já alinhou na pista, reduziu a velocidade e só faz correções finas no manche. O recado implícito para usuários e distros é claro: o 6.18 está amadurecendo bem e, se nada fugir do script, a versão estável deve chegar dentro do esperado.
O que mudou no Linux 6.18-rc5
O diffstat do rc5 segue o padrão que todo mantenedor gosta de ver: dominado por drivers. A maior parte das alterações cai em áreas como:
- GPUs (amdgpu, nouveau, xe, Mediatek DRM)
- Rede (bnxt_en, net/mlx5e, virtio-net, qmi_wwan, ajustes em VLAN e bonding)
- Armazenamento e I/O, com correções em controladores UFS e detalhes de DMA
Ao redor disso, Linus fala em “ruído aleatório” espalhado por arquiteturas (x86 e risc-v), tooling (principalmente sincronização de headers do perf e alguns selftests), rede core e um punhado de ajustes discretos em outras partes do kernel. Nada que mude comportamento para o usuário final de forma dramática, mas tudo importante para deixar essa base mais lisa para a release final.
Correções em io_uring e sistemas de arquivos
Do lado dos sistemas de arquivos, o Linux 6.18-rc5 traz apenas pequenas correções em xfs, smb e btrfs. Coisas como consertar caminhos específicos de escrita, lidar melhor com casos de erro e evitar vazamentos de recursos. É aquele tipo de mudança que quase ninguém percebe diretamente, mas que evita dor de cabeça no futuro, principalmente em cargas de trabalho mais pesadas.
O único “soluço” que Linus destaca é no io_uring: uma nova ABI que havia sido introduzida para o 6.18 acabou sendo retirada por “não estar pronta para o horário nobre”. Em vez de insistir em uma interface potencialmente problemática, os desenvolvedores preferiram recuar, amadurecer a ideia e trazê-la de volta em outro ciclo. Do ponto de vista de engenharia, isso é um ótimo sinal: o time escolhe estabilidade e compatibilidade em vez de empurrar novidade a qualquer custo.
No fim, o recado de Linus é simples e, ao mesmo tempo, poderoso para quem vive de acompanhar o kernel: Linux 6.18-rc5 está pequeno e chato, do jeitinho que ele gosta. Se as próximas semanas seguirem nesse ritmo, tudo indica um lançamento final estável e sem sobressaltos.
