Anúncios no modo IA do Google: o que muda na busca

Anúncios chegam ao modo IA do Google e redefinem o futuro da busca.

Escrito por
Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

Os anúncios no modo IA do Google inauguram uma nova fase no dilema que já dominava o setor, a monetização da inteligência artificial. O Google sempre foi sinônimo de busca e, mais do que isso, sinônimo de publicidade digital, já que sua receita depende majoritariamente de anúncios. A questão inevitável agora é como esse modelo será transportado para uma era em que a IA generativa substitui cada vez mais a página tradicional de links azuis.

Com a chegada dos primeiros anúncios dentro das respostas geradas pelo Modo IA, o Google revela sua estratégia para financiar essa nova infraestrutura. O objetivo deste artigo é explicar como os anúncios estão aparecendo, por que eles chegam agora, quais mudanças estratégicas acompanham essa decisão e o que isso significa para usuários, profissionais de SEO, anunciantes e para o ecossistema editorial.

O Modo IA é, segundo o próprio Google, o futuro da busca. Ele utiliza modelos como o Gemini, que possuem custos de processamento muito superiores aos de uma consulta tradicional. Em um cenário em que cada resposta possui custo computacional real, a monetização deixa de ser opção e passa a ser necessidade.

Anúncios modo IA Google
Imagem: Bleeping Computer

O modo IA do Google e o custo da inteligência artificial

O Modo IA do Google funciona como uma camada de respostas generativas colocada acima da busca tradicional. Em vez de apresentar apenas uma lista de dez links azuis, o sistema usa o Gemini 3 Pro para sintetizar informações, cruzar fontes, interpretar intenções e oferecer uma resposta direta em linguagem natural. Essa conveniência tem um preço elevado.
Ao contrário de uma consulta tradicional, que roda em infraestrutura otimizada há décadas, modelos de IA generativa exigem grande quantidade de recursos computacionais, especialmente GPUs especializadas. Cada resposta gerada custa significativamente mais do que retornar um conjunto de links indexados.

Por isso o Google enfrenta uma equação delicada. Quanto mais usuários aderem ao Modo IA, mais caro o produto se torna, pressionando a necessidade de monetização. A inclusão de publicidade na IA do Google surge então como movimento inevitável, alinhado ao formato que sempre sustentou o buscador.

Onde e como os novos anúncios estão aparecendo

Foi observado que os anúncios no modo IA Google aparecem dentro da resposta generativa com a etiqueta “patrocinado”, apresentada no mesmo estilo visual das referências exibidas pelo próprio Modo IA. Os anúncios surgem no final da resposta, após o texto gerado pela IA, com estrutura semelhante à seção de citações, mas claramente rotulados.

Esse posicionamento não é casual. Inserir publicidade no fim da resposta pode refletir testes internos que indicaram maior taxa de cliques, especialmente após o usuário absorver o conteúdo sintetizado pela IA. Diferentemente dos anúncios tradicionais exibidos no topo dos resultados da busca, esses novos formatos aproveitam a atenção concentrada na resposta conversacional.

Embora ainda limitados, esses primeiros passos mostram que o Google está explorando formatos que preservam a experiência do usuário enquanto mantêm a eficácia da publicidade, sugerindo uma transição gradual para um modelo híbrido de monetização.

Impacto para o usuário: experiência e confiança

A entrada dos anúncios nesse novo formato afeta diretamente a percepção de confiança. Muitos usuários veem a resposta da IA como uma síntese neutra, mas a presença de publicidade gera questionamentos sobre imparcialidade e transparência.
Em comparação com plataformas como o ChatGPT, que até agora não integra anúncios diretamente nas respostas, o Google adota um caminho mais agressivo na integração de monetização com IA. A experiência passa a lembrar uma fusão entre busca tradicional e assistente conversacional, em que respostas patrocinadas coexistem com explicações técnicas e recomendações no mesmo espaço visual.

A preocupação envolve um ponto central, o usuário vai conseguir diferenciar claramente recomendações neutras da IA e sugestões pagas? Apesar da etiqueta “patrocinado”, a proximidade visual entre conteúdo gerado e publicidade pode gerar confusões, especialmente para usuários menos atentos.

Implicações para o SEO e o ecossistema de publishers

A chegada dos anúncios no Modo IA representa uma mudança profunda no tráfego orgânico. Se o Google já reduzia a visibilidade dos links por meio de respostas diretas, agora adiciona publicidade integrada ao próprio bloco da IA, o que altera o comportamento de cliques.

Para sites e publishers como o Sempre Update, essa mudança pode significar redução ainda maior no tráfego proveniente do Google. Quanto mais completa for a resposta da IA e maior a presença de publicidade contextual integrada, menor a motivação do usuário para descer a página até os resultados orgânicos.

Profissionais de SEO enfrentarão um cenário em que otimizar para o Modo IA será tão importante quanto rankear nas posições tradicionais. Novas estratégias surgirão, como a otimização para ser citado pela IA ou adaptar estruturas de conteúdo para se tornarem fontes preferenciais.

No lado da publicidade, anunciantes podem encontrar uma oportunidade poderosa. A combinação de contexto conversacional com anúncios segmentados promete alta taxa de conversão. Contudo isso também cria um ecossistema mais fechado, onde a IA controla a atenção e o fluxo de tráfego.

A inevitabilidade da monetização e o futuro da busca

A monetização da IA era inevitável. O Google não poderia sustentar respostas generativas em larga escala sem trazer publicidade para esse novo espaço. O movimento é estratégico, financeiro e necessário para equilibrar custos operacionais e expectativas de mercado.

O futuro da busca será híbrido, combinando conteúdo gerado por IA com blocos patrocinados, do mesmo modo como as páginas tradicionais combinaram links orgânicos e anúncios pagos ao longo de décadas. A diferença agora é que a IA assume papel central, mediando o que o usuário vê, entende e clica.

Para alguns, isso representa avanço, experiência mais fluida, respostas diretas e publicidade mais contextualizada. Para outros, representa um risco de concentração excessiva, já que a IA passa a controlar não apenas o que exibe, mas também o momento e a forma como tenta monetizar.

A pergunta que permanece é simples, você clicaria em um anúncio dentro de uma resposta de IA? O futuro da busca para você continuará orgânico ou se tornará cada vez mais patrocinado?

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