Após sucesso com GPUs da Apple, Alyssa Rosenzweig deixa o Asahi Linux e se junta à Intel

Missão cumprida no Asahi Linux; agora, um novo desafio na Intel!

Escrito por
Emanuel Negromonte
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre...

Nós tivemos um sucesso além dos meus sonhos. Os drivers estão totalmente integrados ao Mesa.” Com essa frase direta — e feliz — Alyssa Rosenzweig anunciou sua saída do Asahi Linux, projeto que tornou o Apple Silicon realmente usável no Linux. É o fechamento de um arco épico: reverter a engenharia das GPUs da Apple, criar drivers de alto desempenho e entregá-los upstream — missão cumprida.

Uma missão cumprida: GPUs da Apple no Linux

Se você nunca acompanhou a história de perto, vale uma imagem simples: anos atrás, o primeiro “triângulo” renderizado no M1 parecia um balão de ensaio — hoje temos um desktop Linux acelerado por hardware em Macs com M1 e M2, com áudio, Wi-Fi e gráficos funcionando como se sempre tivessem estado lá. O código não ficou escondido em forks obscuros; foi upstream para o Mesa, com pilhas OpenGL e Vulkan conformes, abrindo portas para apps, jogos e a vida real no dia a dia. É por isso que falar em “Alyssa Rosenzweig Asahi Linux” virou, por si só, uma síntese de ambição técnica entregue com rigor.

E pensar que tudo começou “com um triângulo”… Esse primeiro desenho em 3D, no fim, foi a faísca. A partir dali, veio o compilador de shaders, o driver Gallium3D, a corrida por conformidade de APIs e, depois, aquele salto que parecia improvável: OpenGL 4.6 e Vulkan 1.3/1.4 conformes para as GPUs da Apple — o suficiente para viabilizar jogos via Proton e um ambiente gráfico sem truques. É o tipo de trajetória que vira folclore em comunidades de código aberto.

Uma nova fase para o Asahi Linux

A saída de Alyssa acontece poucos meses depois de outra mudança importante: Hector Martin, fundador do Asahi Linux, deixou a liderança do projeto no início de 2025. Em vez de buscar um “novo marcan”, a comunidade adotou um modelo de liderança coletiva — um comitê de sete desenvolvedores (incluindo a própria Alyssa à época) passou a dividir as decisões e dar previsibilidade à governança. É um sinal de maturidade raro: o projeto não depende mais do brilho de uma única pessoa para seguir avançando.

E o plano já estava traçado: priorizar upstreaming pesado (são mais de mil patches de Apple Silicon para reduzir), investir em CI e manter a qualidade enquanto o suporte a novos chips chega no tempo certo. Traduzindo: o trabalho de base continua, mesmo com mudanças no “quem”. Para a comunidade, isso significa menos surpresas e mais estabilidade — o tipo de infraestrutura que não vira manchete, mas evita dores de cabeça.

O próximo desafio: aprimorando os gráficos da Intel

Feito o dever de casa no ecossistema Apple, Alyssa parte para outra missão ambiciosa: ela se junta à Intel para desenhar e desenvolver drivers open-source de OpenGL e Vulkan visando melhorar a experiência de jogos no Linux — exatamente o tipo de impacto prático que torna seu trabalho tão reconhecido. É uma transição que mantém o foco dela no que mais importa para o usuário final: performance, compatibilidade e upstream.

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Após sucesso com GPUs da Apple, Alyssa Rosenzweig deixa o Asahi Linux e se junta à Intel 3

No fim, fica a sensação boa de que estamos assistindo a uma passagem de tocha — dessas que iluminam o caminho. O Asahi Linux está estruturado para seguir, e Alyssa Rosenzweig leva sua energia para outro ponto crítico do stack gráfico no Linux. Quando alguém pergunta “por que isso importa?”, a resposta é simples: porque desenvolvedores assim mudam o que é possível no computador que você já tem — hoje num Mac com Apple Silicon, amanhã na sua GPU Intel.

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