Pesquisadores da Lookout identificaram as primeiras famílias de malware móvel associadas ao grupo russo Gamaredon (também conhecido como Armageddon, Primitive Bear e ACTINIUM). As ameaças, denominadas BoneSpy e PlainGnome, têm sido usadas para espionagem cibernética em antigos estados soviéticos, como Uzbequistão e Cazaquistão.
Esses dois malwares foram projetados para coletar informações confidenciais, como mensagens SMS, registros de chamadas, áudio de conversas, localização do dispositivo, fotos capturadas pela câmera e listas de contatos. Segundo os especialistas, essas ferramentas têm sido empregadas para monitorar vítimas de língua russa desde 2021 (no caso do BoneSpy) e mais recentemente em 2024 (no caso do PlainGnome).
Alvos e Contexto
Os ataques são direcionados principalmente a estados pós-soviéticos, refletindo as tensões crescentes desde a invasão russa à Ucrânia em 2014. Enquanto os pesquisadores detectaram potencial interesse em alvos empresariais em 2022, ainda não há evidências concretas de vítimas ucranianas.
Detalhes Técnicos do Malware
O BoneSpy opera como um aplicativo independente e parece derivado do software de vigilância de código aberto DroidWatcher, amplamente usado por criminosos para espionagem. Por outro lado, o PlainGnome adota uma abordagem de dois estágios:
- O primeiro estágio se disfarça como um aplicativo de catálogo e solicita permissões para instalar pacotes adicionais.
- O segundo estágio, apresentado como uma galeria de imagens, executa as funções de espionagem e manipula 38 permissões diferentes para coletar dados.
Ambos os malwares se aproveitam de engenharia social, disfarçando-se como aplicativos úteis, incluindo monitores de bateria, galerias de fotos, uma versão falsa do Samsung Knox e até um app do Telegram trojanizado.
Conexão com o Gamaredon
A ligação entre BoneSpy, PlainGnome e o grupo Gamaredon foi estabelecida por meio de convenções de nomes de domínio, IPs compartilhados e uso de serviços DNS dinâmicos. Essa infraestrutura já era característica das operações do Gamaredon desde 2017, reforçando o vínculo com essas campanhas de vigilância.
O relatório da Lookout também destaca que o PlainGnome evoluiu significativamente em 2024, incorporando o Jetpack WorkManager, uma ferramenta que otimiza a exfiltração de dados em momentos ociosos do dispositivo. No entanto, os pesquisadores notaram que o malware não utiliza técnicas avançadas de ofuscação, indicando que seus operadores dependem de defesas mínimas contra análises de especialistas.
Conclusão
O surgimento de BoneSpy e PlainGnome marca a primeira evidência de malwares móveis atribuídos ao Gamaredon, expandindo as capacidades do grupo em operações de ciberespionagem. Embora o mecanismo exato de distribuição ainda seja desconhecido, a sofisticação desses malwares reflete o avanço contínuo das ameaças cibernéticas no cenário global.
Essas descobertas reforçam a importância de medidas rigorosas de segurança digital, especialmente em regiões que enfrentam tensões políticas e conflitos geopolíticos.