Suporte inicial para a próxima geração de BMCs ASPEED AST2700 chega ao Linux 6.18

Escrito por
Emanuel Negromonte
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre...

Linux 6.18 reconhece a família ASPEED AST2700 e abre caminho para BMCs de próxima geração.

A próxima leva de servidores ganhou um sinal verde importante no Kernel: começou a aterrissar o suporte inicial aos chips ASPEED de nova geração, a família AST2700, com as primeiras mudanças já encaminhadas para o Linux 6.18. O pedido (“early pull request”) foi enviado por Andrew Jeffery aos mantenedores de SoC, destacando a inclusão dos novos IDs de silício do AST27xx no subsistema aspeed. Em outras palavras: o kernel passou a reconhecer quem é quem nessa nova família de controladores — e isso abre a porta para todo o restante.

O que é um BMC (e por que isso importa)?

Pense no BMC (Baseboard Management Controller) como um “computador dentro do computador” — o cérebro que mantém o servidor sob controle mesmo quando o sistema operacional principal está desligado, travado ou do outro lado do mundo. É por meio dele que você liga/desliga máquinas remotamente, acompanha sensores, atualiza firmware, acessa um console fora de banda e resolve pepinos às 3 da manhã sem pisar no datacenter.
Nesse universo, os chips ASPEED são onipresentes: eles equipam uma vasta quantidade de placas-mãe de servidor do mercado. Por isso, ver ASPEED AST2700 Linux aparecendo no kernel é um marco: é o primeiro passo para que as próximas gerações de servidores funcionem de forma confiável em plataformas abertas desde o dia zero.

O que exatamente mudou agora

aspeed-ast2700-linux

O ponto central deste pull é simples e estratégico: foram adicionados os IDs de silício do AST27xx ao driver aspeed-socinfo. Parece pouco? É o alicerce. Sem identificar corretamente a nova família, o kernel não consegue habilitar, testar e lapidar o suporte aos diversos blocos de hardware que virão depois (clocks, pin control, GPIOs, barramentos, vídeo para console remoto, entre outros).

No mesmo pacote, há “uma pequena limpeza de código para modernizar os drivers existentes” — especificamente, a adoção de uma chamada mais atual da API do device tree para regiões de memória reservadas. É o tipo de refino que não muda o headline, mas mantém o código saudável e alinhado às melhores práticas.

Um vislumbre do futuro dos servidores

Por que começar pelos IDs? Porque suporte de kernel é construído em camadas. Primeiro, o kernel aprende a reconhecer o SoC. Depois, chegam as descrições de hardware (device trees), os blocos de drivers e, por fim, os ajustes finos para desempenho e estabilidade em placas reais. Cada peça que entra mais cedo no ciclo de desenvolvimento reduz o atrito lá na frente — para fabricantes, para distribuições e para quem administra ambientes de missão crítica.

Para o time de operações, isso significa previsibilidade. Quando as primeiras placas com AST2700 começarem a circular, haverá uma base upstream em evolução, facilitando testes, CI e integrações. Para a indústria, é um recado: o Linux 6.18 já está se adiantando para a próxima geração de BMCs, ajudando a encurtar o tempo entre hardware novo e suporte maduro.

Linha do tempo e contexto do kernel

Este pull chega cedo no ciclo do Linux 6.18, logo após o marco do 6.17-rc1. É exatamente assim que a engrenagem do kernel avança: pequenos commits que pavimentam o caminho para recursos maiores. Andrew Jeffery (mantenedor envolvido no ecossistema ASPEED) assinou o envio; entre os autores das mudanças estão contribuições como a de Ryan Chen (IDs AST27xx no socinfo) e de Rob Herring (ajuste na API de memória reservada). O resultado, por enquanto, cabe em poucas linhas de diff — mas aponta para muitos quilômetros de estrada adiante.

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