Instalar um sistema operacional sempre teve um “ritual”: baixar a ISO, abrir o Rufus/Etcher, gravar um pendrive, entrar no menu de boot e torcer para tudo dar certo. A parceria entre Canonical e AMI quer encerrar esse capítulo com uma ideia simples e poderosa: colocar a instalação do Ubuntu como uma opção nativa dentro do próprio firmware UEFI.
Na prática, esta “Ubuntu AMI UEFI partnership” não é só mais um anúncio corporativo. É uma redução real de fricção. Se o firmware Aptio V da AMI está presente em milhões de placas e sistemas, transformar a instalação em “um item de menu” muda o jogo para quem implanta máquinas em escala.
Instalação direto da BIOS: como funciona
Na prática, a novidade pega algo antigo no mundo de infraestrutura, o netboot, e transforma em experiência de usuário: em vez de montar PXE, preparar mídia e padronizar pendrives, o próprio menu de boot apresenta a instalação do Ubuntu como uma opção nativa. O efeito é menos “gambiarra operacional” e mais “deploy repetível”, especialmente quando você está lidando com dezenas ou centenas de máquinas idênticas.
O ponto central é o netboot nativo. Em firmwares baseados no Aptio V, passa a existir uma opção chamada “Ubuntu Cloud Installation” no menu de inicialização. A partir daí, em vez de procurar um pendrive ou uma mídia externa, o próprio firmware inicia o processo via rede.
A lógica é parecida com o que admins já faziam com PXE e infra de provisionamento, só que com menos peças soltas: ao selecionar a opção, o firmware usa a conexão Ethernet para se comunicar com a infraestrutura de distribuição da Canonical, baixar o que precisa para a memória e iniciar o instalador. É como se a mídia de instalação deixasse de ser um objeto físico e virasse um “destino” no boot.
E vale um reforço importante: isso não significa que “toda BIOS terá isso amanhã”. A funcionalidade é específica para soluções com firmware AMI Aptio V e depende de cada fabricante (OEM) adotar e expor essa opção nos seus produtos.
O que muda para usuários e integradores
Para o usuário final, o benefício é óbvio: menos chance de erro, menos passos e menos dependência de outro computador para preparar mídia. Aquela situação clássica de “preciso reinstalar, mas não tenho pendrive aqui” tende a ficar menos comum em máquinas que tragam a opção habilitada.
Mas o impacto mais interessante aparece quando você pensa como integrador, técnico de campo ou time de data center. Provisionar “bare metal” vira algo bem mais próximo de: ligar a máquina, conectar o cabo de rede, selecionar uma opção e seguir o instalador. Menos logística, menos mídia para gerenciar, menos variações entre técnicos e, principalmente, mais velocidade para colocar hardware novo em produção.
Foco em IoT e automação (e por que isso foi anunciado na SPS)
O anúncio foi amarrado ao evento SPS (Smart Production Solutions), em Nuremberg, e aí a intenção fica clara: o alvo não é só desktop entusiasta, é chão de fábrica, automação e infraestrutura. Em IoT e ambientes industriais, cada etapa manual custa caro, e padronizar instalação é metade do caminho para padronizar manutenção.
Em outras palavras: quando a instalação vira um recurso do firmware, ela passa a fazer parte da experiência “out-of-the-box” e se aproxima do que o mercado chama de implantação industrializada.
