As principais agências governamentais dos Estados Unidos, como a Cybersecurity and Infrastructure Security Agency (CISA) e o Federal Bureau of Investigation (FBI), vêm intensificando esforços para que a indústria de software abandone linguagens de programação consideradas inseguras, como C e C++. Essa mudança visa enfrentar uma das maiores causas de vulnerabilidades na segurança cibernética: a gestão de memória manual, uma característica dessas linguagens.
Por que a segurança da memória é essencial
Segundo relatórios da CISA, vulnerabilidades de segurança ligadas à memória correspondem a cerca de 70% dos problemas identificados. Esse número impressionante reflete os riscos decorrentes de erros como buffer overflow (estouro de buffer) e use after free (uso de memória já liberada), falhas que podem permitir acesso indevido aos sistemas, levando ao comprometimento de dados sensíveis e controles operacionais.
Essas questões tornam a adoção de linguagens com segurança de memória, como Rust, Java, C#, Go, Python e Swift, uma necessidade estratégica. Essas linguagens modernas incluem mecanismos que evitam problemas frequentes relacionados à gestão de memória, oferecendo maior proteção e reduzindo a dependência da atenção manual do desenvolvedor para evitar falhas.
Desafios na migração para linguagens seguras
Apesar das recomendações e do apoio governamental, a transição de linguagens tradicionais como C para alternativas seguras como Rust ou Go é um processo complexo. A mudança envolve mais do que a curva de aprendizado: migrar um grande volume de código exige tempo, recursos e adaptações. A questão da performance também pesa. Linguagens seguras podem reduzir a chance de falhas, mas, em alguns casos, trazem consigo uma leve perda de desempenho, o que pode ser um fator relevante para empresas que priorizam eficiência.
Benefícios e investimentos
Para empresas de software, substituir linguagens e ferramentas de desenvolvimento já consolidadas representa um custo elevado. Além da adaptação de novas ferramentas de depuração e testes, há o desafio de integrar novos códigos com bibliotecas e sistemas já desenvolvidos em linguagens como C e C++. Porém, a CISA insiste que os benefícios compensam o investimento inicial, especialmente considerando o impacto que essas vulnerabilidades podem ter para segurança econômica, nacional e de saúde pública.
O prazo sugerido pela CISA para que as empresas planejem essa transição é janeiro de 2026. Em um ambiente corporativo voltado para o lucro de curto prazo, o incentivo para uma mudança significativa ainda é baixo. Contudo, especialistas alertam que os custos de ignorar essas vulnerabilidades podem ser significativamente maiores no futuro, tanto em termos financeiros quanto de reputação.
Visão de futuro para a programação segura
A tendência é que a adoção de linguagens de programação seguras avance, mas de forma gradual. O apoio governamental pode acelerar essa mudança, mas a decisão final de investimento recai sobre as empresas e desenvolvedores, que muitas vezes hesitam devido a custos e limitações de desempenho. Espera-se que, com o aumento das ameaças cibernéticas, a transição ganhe tração nos próximos anos, mas a mudança plena para práticas de programação seguras deve levar tempo.
Enquanto isso, a pressão por parte das agências governamentais destaca a importância de práticas de segurança robustas na programação, essencial para o futuro da tecnologia e proteção global.
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