Ataque DDoS de 11.5 Tbps: Cloudflare bloqueia o maior da história

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Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

Analisamos o recorde de 11.5 Tbps e o que ele revela sobre o futuro das ciberameaças na internet.

11.5 Terabits por segundo. Esse número não é apenas impressionante; ele representa um novo e assustador recorde no mundo dos ciberataques. Recentemente, a Cloudflare, uma das líderes globais em infraestrutura de internet e segurança digital, anunciou ter mitigado o maior ataque DDoS já registrado. Para colocar em perspectiva, estamos falando de uma quantidade de dados capaz de saturar conexões de internet inteiras em questão de segundos.

Mas o que realmente significa lidar com um ataque de 11.5 Tbps? Como ele funciona e quais são as implicações para a segurança da internet que usamos diariamente? Neste artigo, vamos além da notícia: vamos explicar de forma clara o que são ataques DDoS volumétricos, por que sua escala cresce de forma assustadora e o que isso representa para a infraestrutura global da web.

Este evento é um marco na chamada “guerra cibernética”. Ele reforça a necessidade de soluções de mitigação robustas e a constante evolução das práticas de segurança digital, lembrando que a estabilidade da internet depende da proteção contra ameaças cada vez mais sofisticadas.

Imagem com nome DDoS em destaque

O que foi o ataque de 11.5 Tbps?

O ataque ocorreu recentemente e foi caracterizado por uma inundação massiva de UDP (UDP flood), um tipo de tráfego de rede que não exige confirmação de recebimento, tornando-o extremamente eficiente para sobrecarregar servidores. Segundo o relatório da Cloudflare, a maior parte do tráfego veio de infraestruturas em nuvem, incluindo o Google Cloud, o que evidencia como ambientes legítimos podem ser explorados para fins maliciosos.

Apesar da magnitude, o ataque teve uma duração extremamente curta, cerca de 35 segundos. Isso demonstra que a intensidade do tráfego, e não apenas sua persistência, pode ser devastadora. Em momentos tão críticos, sistemas de mitigação precisam agir em milissegundos para proteger serviços e usuários.

Decifrando os números: o que significa 11.5 Tbps?

Para quem não está familiarizado com medidas de rede, 11.5 Tbps pode parecer abstrato. Vamos traduzir isso: 1 Terabit equivale a 1 trilhão de bits. Portanto, 11.5 Tbps representa 11,5 trilhões de bits por segundo sendo enviados em direção ao alvo.

Imagine o catálogo inteiro da Netflix sendo transmitido centenas de vezes em apenas um segundo — essa é a escala de um ataque desse tipo.

Um ataque DDoS volumétrico foca em sobrecarregar a largura de banda de um servidor ou serviço, tornando-o inacessível para usuários legítimos. Diferente de ataques que exploram vulnerabilidades de software, o alvo principal aqui é a capacidade de tráfego da rede, exigindo defesa altamente especializada para filtrar o tráfego legítimo do malicioso.

Uma tendência preocupante: a era dos ataques hipervolumétricos

O ataque de 11.5 Tbps não surgiu do nada. Historicamente, os recordes de ataques DDoS têm aumentado de forma alarmante:

  • 7.3 Tbps — outro ataque mitigado pela Cloudflare.
  • 3.8 Tbps — também mitigado pela Cloudflare.
  • 3.47 Tbps — ataque recorde registrado pela Microsoft Azure.

Essa escalada mostra que os cibercriminosos têm acesso a recursos cada vez mais poderosos, frequentemente por meio de botnets gigantescas, que podem incluir milhares ou até milhões de dispositivos comprometidos. A tendência indica que a internet precisará se adaptar continuamente para conter ataques em escala hipervolumétrica.

A anatomia do ataque: o que é uma inundação UDP?

Explicação simples do protocolo UDP

O UDP (User Datagram Protocol) é um protocolo de comunicação sem conexão, rápido e eficiente. Diferente do TCP, ele não verifica se os pacotes chegaram ao destino, tornando-o ideal para transmissões em tempo real, como streaming ou jogos online.

Essa característica também o torna um alvo perfeito para ataques, já que os servidores precisam processar cada pacote sem a garantia de recebimento, aumentando a vulnerabilidade.

Como a inundação funciona

Em um UDP flood, os atacantes enviam uma quantidade massiva de pacotes UDP para portas aleatórias do servidor alvo. Cada pacote exige que o servidor faça verificações e, muitas vezes, responda a solicitações inexistentes. Essa sobrecarga exaure recursos de processamento, memória e largura de banda, tornando o serviço indisponível para usuários legítimos em segundos.

Conclusão: o que isso significa para o futuro da web?

Embora a Cloudflare tenha conseguido bloquear com sucesso este ataque recorde, o evento é um sinal de alerta. Ele demonstra que a capacidade dos atacantes de gerar tráfego massivo está em constante crescimento, exigindo que a infraestrutura de defesa também evolua rapidamente.

Para empresas, desenvolvedores e profissionais de segurança, a lição é clara: a proteção contra ataques DDoS não é opcional. Serviços de mitigação, monitoramento contínuo e práticas robustas de segurança digital são essenciais para manter a internet funcionando de forma estável.

Como comunidade digital, precisamos estar informados e preparados. A segurança da internet é uma responsabilidade compartilhada, e eventos como este nos lembram do porquê. Afinal, cada novo recorde de ataque DDoS é mais que um número impressionante — é um desafio direto à confiabilidade da web que todos utilizamos diariamente.

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