Debian Edu anuncia plano para criar SO de tablet com interface Lomiri (Ubuntu Touch)

Um Debian “puro” para tablets escolares com a interface do Ubuntu Touch!

Escrito por
Emanuel Negromonte
Emanuel Negromonte é Jornalista, Mestre em Tecnologia da Informação e atualmente cursa a segunda graduação em Engenharia de Software. Com 14 anos de experiência escrevendo sobre...

O Debian Edu, a versão do Debian focada em ambientes escolares, anunciou um novo e empolgante projeto: o desenvolvimento de um sistema operacional completo para tablet. E a escolha da tecnologia é o que mais chama atenção — a equipe usará a interface Lomiri (LOE), famosa por ser o coração do Ubuntu Touch. A proposta é simples de entender e ambiciosa na execução: oferecer uma experiência móvel “pura Debian” para uso educacional, com um horizonte de desenvolvimento de cerca de dois anos e meta alinhada ao ciclo do Debian 14 (a próxima etapa que sucede o Trixie).

Lomiri (Ubuntu Touch) sobre Debian puro

Ao contrário do Ubuntu Touch — que herda sua base do Ubuntu —, a iniciativa do Debian Edu mira um sistema construído sobre uma base Debian “pura”. Isso tem implicações importantes para escolas e redes públicas: padronização de repositórios, política estável de atualizações e integração natural com o ecossistema de código aberto que a comunidade Debian já mantém há décadas. Em termos práticos, a Lomiri entrega uma interface convergente, otimizada para toque, que se adapta do telefone ao tablet com o mesmo conjunto de componentes. Para um laboratório escolar ou para o uso 1:1 em sala de aula, isso significa menos fricção na hora de treinar professores e estudantes — as mesmas metáforas de interface, os mesmos aplicativos essenciais, e menos tempo perdido acertando “detalhes” entre plataformas.

O desafio do Qt6 e o chamado por desenvolvedores

Tecnicamente, o grande trabalho está em migrar o ambiente Lomiri do Qt5 para o Qt6. Parece “apenas” um pulo de versão, mas quem já fez porte de stack gráfico sabe: é um processo que exige refatoração cuidadosa de componentes (QML, C++/CMake, integração Wayland/XDG Portal), validação em dispositivos de referência e atenção com o ecossistema de aplicativos. O plano inclui consolidar o shell em hardware rodando Linux não modificado (mainline) — uma estratégia que privilegia abertura e manutenção a longo prazo. O resultado desejado? Chegar ao marco do Debian 14 com um conjunto coeso: shell estável, apps-chave portados, integração com serviços como Nextcloud e melhor interoperabilidade com apps Wayland que não sejam Lomiri.

É aqui que entra o convite: o projeto está ativamente buscando desenvolvedores — tempo integral, parcial ou até atuação como freelancer — com experiência em C/C++, QML, Qt6 e manutenção Debian. Em educação, prazos e previsibilidade contam; por isso o cronograma é franco: aproximadamente dois anos de desenvolvimento para entregar algo sólido, auditável e fácil de implantar em escala.

Por que isso importa para escolas?

Pense em um tablet que não depende de serviços proprietários, com atualizações auditáveis e controles de política alinhados aos valores de software livre. Numa rede escolar, isso vira menos custo oculto, menos bloqueio a fornecedores e mais capacidade de adaptação local (do laboratório à sala de aula). Além disso, a convergência do Lomiri simplifica treinamento: o que é aprendido no telefone se transfere ao tablet — e vice-versa. Em um momento em que muitas escolas buscam equilibrar privacidade, orçamento e qualidade de experiência, um Debian “móvel” pensado desde o início para o setor educacional é mais do que um experimento: é um caminho estratégico.

Em resumo: é um esforço novo, de fôlego, que abre uma avenida para o Debian Edu Lomiri virar realidade no tablet — com base Debian, interface moderna e um roadmap transparente até o Debian 14.

Compartilhe este artigo
Nenhum comentário