Epic vence e Google é forçado a abrir Play Store nos EUA

A decisão judicial que força o Google a aceitar pagamentos de terceiros nos EUA.

Escrito por
Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

A batalha Epic vs Google Play Store teve um capítulo decisivo nesta semana. Após anos de disputas sobre taxas e regras de distribuição de aplicativos no Android, um tribunal dos Estados Unidos determinou que o Google implemente mudanças significativas em sua plataforma. A decisão abre caminho para que desenvolvedores possam oferecer alternativas de pagamento fora do sistema oficial da Play Store, alterando profundamente a dinâmica do mercado de aplicativos.

A medida representa uma vitória importante para a Epic Games, que há anos questiona as práticas da loja de aplicativos. Segundo a ordem judicial, a Play Store nos EUA precisará permitir que desenvolvedores integrem sistemas de pagamento de terceiros e informem os usuários sobre opções mais baratas disponíveis fora do aplicativo. Embora a decisão seja limitada aos Estados Unidos, ela acende o debate sobre possíveis repercussões globais, inclusive no Brasil.

Neste artigo, analisamos detalhadamente o que muda na Google Play Store, o histórico da batalha judicial entre Epic Games e Google, e as possíveis implicações dessa decisão para desenvolvedores, usuários e o mercado brasileiro.

O que muda exatamente na Google Play Store?

Com a decisão judicial, algumas regras históricas da Play Store foram alteradas, trazendo mudanças que podem afetar tanto desenvolvedores quanto usuários.

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Liberdade para pagamentos externos

Até agora, desenvolvedores eram obrigados a usar exclusivamente o Google Play Billing, o sistema de pagamentos do Google, que cobra até 30% de comissão sobre transações. Com a nova determinação, será permitido integrar pagamentos de terceiros, como PayPal, Stripe ou pagamentos diretos com cartão de crédito. Isso significa mais liberdade para desenvolvedores e potencialmente preços menores para os usuários.

Fim da “regra da mordaça”

Uma outra mudança crucial é a possibilidade de que os desenvolvedores comuniquem ativamente os usuários sobre promoções, descontos ou preços mais baixos disponíveis fora do aplicativo. Até então, Google proibía que qualquer app direcionasse os usuários para alternativas externas, limitando a transparência e a competição.

Links para downloads externos

Além dos pagamentos, os desenvolvedores agora poderão adicionar links que direcionem os usuários para fora da Play Store, seja para concluir transações ou até mesmo para baixar apps de fontes alternativas. Isso cria uma abertura histórica para um modelo mais competitivo de distribuição de software no Android.

O histórico da batalha: por que a Epic processou o Google?

A disputa entre Epic Games e Google tem raízes profundas e ganhou destaque internacional em 2020.

O estopim em 2020

O conflito começou quando a Epic Games implementou seu próprio sistema de pagamento dentro do Fortnite, contornando a taxa de 30% cobrada pelo Google e pela Apple. Como resultado, o jogo foi removido das lojas de aplicativos, gerando grande repercussão e iniciando a guerra judicial.

A alegação de monopólio

A Epic alegou que o Google mantinha um monopólio ilegal tanto na distribuição de apps para Android quanto no processamento de pagamentos, prejudicando a concorrência e limitando a liberdade dos desenvolvedores. A argumentação foi de que essas práticas impunham custos excessivos e restringiam a inovação no ecossistema.

O veredito do júri

Em dezembro de 2023, o júri decidiu a favor da Epic, reconhecendo algumas práticas anticompetitivas do Google. As liminares subsequentes culminaram na recente decisão que obriga a abertura da Play Store para pagamentos de terceiros e comunicação direta com os usuários sobre preços externos.

A grande questão: e o Brasil com isso?

Embora a decisão seja um marco nos EUA, é natural perguntar: o que muda para os usuários e desenvolvedores brasileiros?

Impacto direto hoje

No momento, a decisão não se aplica ao Brasil. As regras da Play Store em território nacional permanecem inalteradas, e o Google Play Billing continua sendo obrigatório para a maioria das transações dentro do app.

O efeito dominó: precedente internacional

Decisões como esta, somadas ao Digital Markets Act (DMA) da União Europeia, que já forçou mudanças semelhantes na Apple, aumentam a pressão sobre as Big Techs em escala global. Reguladores de outros países podem usar esse precedente para questionar práticas monopolistas em suas jurisdições.

Movimentação no Brasil

No Brasil, órgãos como o CADE vêm investigando práticas das lojas de aplicativos. Embora ainda não haja mudanças concretas, a vitória da Epic Games nos EUA pode servir de argumento para que autoridades brasileiras ampliem o debate sobre a concorrência e a liberdade de pagamentos no Android.

Conclusão: um ecossistema Android mais aberto ou mais confuso?

A vitória da Epic Games representa um marco para quem defende um Android mais aberto e competitivo. Desenvolvedores ganham liberdade para oferecer pagamentos alternativos, enquanto usuários podem se beneficiar de preços mais competitivos e maior transparência.

No entanto, o Google provavelmente recorrerá da decisão, e a batalha judicial ainda pode se estender nos próximos anos. A ordem atual tem validade definida até 2027, o que dá tempo para ajustes estratégicos e regulatórios.

Essa mudança também levanta uma questão para o Brasil e outros mercados: será que as Big Techs devem ser obrigadas a abrir suas lojas de aplicativos para promover maior concorrência e liberdade de escolha?

O que você acha dessa mudança? Acredita que o Google e a Apple deveriam ser obrigados a abrir suas lojas de aplicativos no Brasil também? Deixe sua opinião nos comentários!

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