Europol desmascara megafraude em criptomoedas com uso de inteligência artificial

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Jardeson Márcio
Jardeson Márcio é Jornalista e Mestre em Tecnologia Agroalimentar pela Universidade Federal da Paraíba. Com 8 anos de experiência escrevendo no SempreUpdate, Jardeson é um especialista...

Golpes de criptomoedas com IA não são mais um risco isolado para aventureiros do mercado de criptoativos; eles se transformaram em um ecossistema criminoso global, capaz de drenar bilhões de reais em minutos. Na madrugada de 30 de junho, a Europol anunciou a prisão de cinco suspeitos na Espanha acusados de lavar US$ 540 milhões (cerca de R$ 2,96 bilhões) em um esquema de investimentos fraudulentos que lesou mais de 5 000 vítimas em vários continentes.

Europol desmascara golpe milionário de criptomoedas com uso de inteligência artificial

Neste artigo, você entenderá como a investigação foi conduzida, que papel a inteligência artificial desempenhou na fraude e por que especialistas alertam que a combinação entre IA e criptoativos inaugura uma nova era de ameaças cibernéticas. Também reunimos estratégias práticas para evitar cair em armadilhas cada vez mais sofisticadas.

Por que importa: criptoativos movimentam trilhões de dólares por ano e a IA reduziu drasticamente os custos de escalar golpes, tornando-os mais convincentes e difíceis de rastrear.

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O desmantelamento da rede: detalhes da operação

Prisões e valores envolvidos

A operação, batizada de “Crypto Pitfall”, contou com mais de 200 agentes espanhóis, apoio da Homeland Security Investigations (EUA) e de forças da França e Estônia. Os mandados levaram à captura de três suspeitos nas Ilhas Canárias e dois em Madri, além da apreensão de servidores, carteiras frias e documentação que revelava uma teia de empresas “fantasma” em Hong Kong usadas para circular os recursos ilícitos.

Modus operandi: como a fraude funcionava

  1. Promessas de rendimento fixo: Anúncios em redes sociais ofereciam lucros de até 20 % ao mês em “fundos de arbitragens de cripto”.
  2. Plataformas falsas: Os golpistas hospedavam painéis que simulavam trades em tempo real, mas apenas exibiam números gerados por IA para “provar” ganhos.
  3. Rotas de lavagem: Assim que novos depósitos chegavam, os valores eram convertidos em stablecoins, enviados a mixers e depois reconvertidos em fiat em contas de laranjas na Ásia e na Europa.

Colaboração internacional no combate ao crime

O êxito se deve a um centro de comando conjunto em Haia, onde analistas de blockchain da Europol rastrearam mais de 200 endereços associados ao grupo. O modelo colaborativo agilizou 30 ordens de bloqueio simultâneas em exchanges globais, impedindo que os criminosos esvaziassem os saldos assim que as prisões começaram.

Inteligência artificial e os golpes criptomoedas IA

Como a IA potencializa as fraudes

De acordo com o European Serious Organised Crime Threat Assessment 2025, a IA “automatiza e expande operações criminosas, tornando-as mais difíceis de detectar”.

  • Geração de texto e voz multilinguagem: chatbots ajustam argumentos de venda em segundos.
  • Deepfakes: celebridades “aparecem” recomendando o investimento, reduzindo a suspeita inicial.
  • Análise de perfis: modelos de machine learning selecionam alvos com maior propensão a investir, elevando a taxa de conversão dos golpes.

Exemplos recentes: deepfakes e anúncios enganosos

Em abril de 2025, a polícia espanhola prendeu seis pessoas por um golpe de € 19 milhões (cerca de R$ 111 milhões) que utilizava deepfakes de CEOs famosos para atrair investidores — um caso citado como precedente no relatório da Europol. Esse “spin‑off” revelou templates reutilizáveis de anúncios: bastava trocar a foto e o idioma para relançar a fraude em outro país.

O alerta da Europol e a escala do problema

A diretora‑executiva Catherine De Bolle classificou a IA como “o catalisador que mudou o DNA do crime organizado”, apontando que cada etapa — do recrutamento à lavagem — já pode ser parcialmente automatizada.

Perdas globais e a luta contra os cibercriminosos

O panorama das fraudes online nos EUA e no mundo

Nos Estados Unidos, perdas com fraudes on‑line alcançaram US$ 12,5 bilhões (cerca de R$ 68,48 bilhões) apenas em 2024, segundo a Federal Trade Commission (FTC) — recorde histórico e salto de 25 % em relação ao ano anterior. Especialistas estimam que mais da metade esteja ligada a investimentos, e o uso de IA deve tornar a curva ainda mais inclinada.

Esforços de recuperação de fundos: desafios e sucessos

Embora a pressão regulatória tenha aumentado, autoridades admitem que rastrear tokens através de mixersbridges permanece complexo. Em março, o Departamento de Justiça dos EUA recuperou US$ 225 milhões (cerca de R$ 1,23 bilhão) vinculados a fraudes cripto — cifra expressiva, mas ainda ínfima diante do volume perdido globalmente.

Como se proteger de golpes criptomoedas IA

Dicas essenciais para investidores

  1. Desconfie de retornos garantidos: volatilidade é inerente ao mercado; promessas fixas indicam fraude.
  2. Verifique licenças e registros: corretoras sérias publicam número de registro em órgãos como CVM ou SEC.
  3. Use autenticação de dois fatores em todas as contas.
  4. Carteira fria para grandes valores: mantendo chaves privadas fora da internet, você reduz o risco de roubo.
  5. Pesquise feedback real: procure avaliações em fóruns independentes antes de transferir qualquer quantia.

A importância da verificação e educação

Educação financeira contínua ainda é o antídoto mais eficaz. Participe de comunidades respeitadas, acompanhe alertas da FTC, da Europol e de órgãos locais, e mantenha software de segurança atualizado. Lembre‑se: a IA pode falsificar rostos e vozes, mas não consegue produzir histórico regulatório verdadeiro.

Conclusão: um futuro desafiador e vigilante

A megafraude derrubada pela Europol marca um ponto de inflexão. Se por um lado ela comprova a eficiência de ações coordenadas, por outro expõe como golpes criptomoedas IA evoluem rápido. O ambiente digital oferece resposta igualmente ágil: ferramentas de análise de blockchain, detecção de deepfake e regulamentação pró‑transparência já estão em curso.

Chamada à ação: mantenha‑se informado, questione promessas fáceis e priorize boas práticas de segurança. Seu senso crítico é a primeira barreira contra a próxima geração de fraudes.

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